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sábado, 7 de dezembro de 2019

Se for assim, eu só sei que vou à luta - por Kelsen Bravos*

a Vinícius de Moraes, Manuel Bandeira, Aldir Blanc, João Bosco,
Ariano Suassuna, Zé Dantas, Gonzagão e Gonzaguinha



“Há mais coisas no céu e terra, Horácio,
do que foram sonhadas na tua filosofia”
(There are more things in heaven and earth, Horatio,
Than are dreamt of in your philosophy)
William Shakespeare, Hamlet


O bom de estar num bate papo com amigos é a falta de compromisso com qualquer coisa a lembrar a mínima formalidade acadêmica. Dispensa-se justificar qualquer argumento com um arrazoado conceitual de uma determinada teoria de base para demonstrar resultados empíricos sobre o tema de responsa em pauta.

Aliás, tema de responsa em um papo com amigos caracteriza-se pela gratuidade. Surge assim de repente da telha de quem nem se sabe quem o propôs. Daí ganha volume e explode em acaloradas afirmações as mais estapafúrdias.

São as mais estapafúrdias afirmações, eu lhes asseguro, todas elas dotadas dos mais densos sentidos, mas seria um rotundo despropósito levá-los a sério num bate papo, pois transformaria uma descontraída conversa em muito grave conflito entre emoção e razão.

Foi, pois, numa dessas conversas estapafúrdias que surgiu o tema para esta nossa hebdomadária crônica. “O homem quando nasce já está predestinado a morrer” e ainda foi-lhe acrescida, em tom pomposo, “entre o céu e a terra existe muito mais coisas que nossa vã filosofia”. Teríamos aqui uma citação de Hamlet, uma peça que permanece viva há mais de quatrocentos anos?!

Fico a imaginar agora o tremendo fracasso que seria Shakespeare se em suas peças fosse explicar com um arrazoado a podridão do poder. Imaginem se ele deixasse prevalecer a formalidade racional do personagem Horácio (que exclama como formidavelmente estranha a presença do fantasma do rei Hamlet) e não a passionalidade do príncipe Hamlet (que diz “se é estranho, então, dê-lhe boas vindas” [pois] “há mais mistérios entre céu e terra, Horácio, do que foram sonhadas na tua filosofia”).

Se em vez disso, fosse Shakespeare tergiversar sobre os mistérios do pós-morte, para justificar a vingança do príncipe Hamlet pela morte de seu pai e punir os corruptos, sua obra prima seria um fracasso, como está correndo risco de sê-lo agora, por enfadonho, este meu texto.

Isto posto, explicitamos como pressuposto único, tácito e universal, para um bate papo com amigos, não duvidar da verdade alheia. Não se deve questionar, por exemplo, - como verdade absoluta! - que o resultado quebrado da soma de dois mais dois seja de fato a origem da teoria terraplanar olaviana. E pronto!

E como esta crônica quer ser um bate papo com amigos, vou me furtar de falar de “O homem quando nasce já está predestinado a morrer”, primeiro porque não há morte. Vide o exemplo de William Shakespeare, o Bardo de Avon está vivo até hoje! Segundo, porque, se há morte, não se sabe nem quando, nem onde, nem como ela se dará, é, pois, também, como tudo no mundo, uma estranha incerteza. E, sendo, estranha, nos resta dar-lhe boas vindas!

Incertezas, é claro, devem ocupar o precioso espaço e tempo em nossas conversas com amigos. Ou vocês acham que o Ariano Suassuna, um mestre na arte de prosear, desprezaria o “eu num sei, eu só sei que foi assim” para explicar o inexplicável, o aquilo que é incerto para as filosofias, para a racionalização estraga-prazer?!

Uma roda de conversas entre amigos, um bate papo, um “diz-que-disse macio que brota dos coqueirais”, como nos cantou o Poetinha, é uma paratopia, uma espécie de Pasárgada, um lugar, ao mesmo tempo, sagrado e profano que para que se institua bastam pelo menos dois iguais se reúnam, como tantos outros iguais, para contar mentiras a fim de suportar a barra da realidade, essa contumaz estraga prazeres.

Ultimamente alguns amigos estão bem criativos nas mentiras que inventam para a gente suportar a barra da vida. Vejam só vocês que pérolas:

O presidente da Fundação Palmares, uma organização social de defesa da política afirmativa da negritude, declara que a escravidão foi benéfica, que Zumbi dos Palmares foi um atraso. Eita que mentira, que lorota boa!

O presidente do país, que diz “margens flácidas” ao cantar Hino Nacional, declara que peixes não se contaminam com óleo tóxico vazado no mar porque são inteligentes e fogem. O seu ministro do meio ambiente concorda e exemplifica. E tem mais, o presidente acusa Leonardo DiCaprio, um ator hollywoodiano, de ser o responsável pelos incêndios na floresta amazônica. Mas são umas lorotas e tanto!

O presidente da Funarte declara que os Beatles eram comunistas, que Althusser escrevia as letras da canção dos “comunistas de Liverpool". Quanta criatividade! Fantástico!!!

Todos eles acreditam que a Terra é plana.

O quê?! Não são mentiras?! Oh, Tupã, se a invasão da realidade ao espaço sacroprofano da conversa com amigos significa um rotundo despropósito contra a catarse das emoções reprimidas pela dura lida da vida, o que se dirá de a delirante catarse fascista ter virado a realidade?

Para tentar sanar a nação de tão surreal situação, vou seguir é o exemplo de Gonzaguinha, e ir com a juventude que não foge da luta a troco de nada, vou é junto do bloco da mocidade que sabe que é negro o coro da gente, e que, apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro, que não está na saudade e por isso luta e constrói a manhã desejada. Evoé!

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*Kelsen Bravos - professor, escritor, cronista, compositor, poeta, editor do Evoé!
 

sábado, 30 de novembro de 2019

Que lacanagem... - por Kelsen Bravos*

a Freud, Sartre, Lacan, Agepê
aos cantor e compositores da música General da Banda:
  Blecaute, Tancredo Silva, José Alcides e Sátiro de Melo 


Sensação de queda abissal, ou afogamento, ou perseguição, ou mesmo a de - quando se deixa de fumar - perder a respiração por causa da fumaça do cigarro... quem nunca acordou em sobressalto pela madrugada por causa de uma sufocante sensação de angústia? São tantas as formas de o nosso inconsciente nos proporcionar relaxamento. Uma delas é esta de tensionar o sono a ponto de nos acordar movido por estresse e depois, ao tomar ciência da situação, sermos envolvidos por profundo alívio que nos pacifica e nos aninha no sono dos justos.

A ciência afirma que ao dormir toda vez se sonha. O sono e o sonho são objetos das mais diversas análises. Do ponto de vista místico, a literatura cabalística sobre o significado dos sonhos é sem fim. Do ponto de vista científico, na psicanálise, por exemplo, Freud dedica capital importância aos sonhos e conclui que ele realiza desejos. Sartre diz que o homem dorme e sonha para satisfazer os seus desejos e acorda para realizar os seus sonhos. Lacan diz que só acordamos para continuar sonhando.

Acontece que muito pouco lembramos do que sonhamos; mas, a julgar verdadeira a afirmação sartreana, estamos todos, quando em vigília, a realizar o que sonhamos e isso nos dá prazer, alívio e paz de espírito. É, portanto, necessário, imprescindível, dormir, e bem. Mas a considerar Lacan, os devaneios, a fantasia, a angústia da vigília, consciente ou não, é também um sonhar. Então, o desejo de dormir, mais do que a necessidade, é um fator bastante considerável e carregado de sentidos.

Existe, entretanto, quem, embora sinta-se dominado pelo desejo de dormir, não consiga fazê-lo. É o caso daquele ser sombrio para quem o sono e o sonhar há muito não acontecem. Talvez por isso se atole numa ideia fixa, por ter cristalizadas as emoções mais pavorosas, em razão de não aliviá-las nem em sonho, porque não dorme. Acordado, vive seus pesadelos e não relaxa nunca. Vê em todos os desconhecidos uma ameaça, desconfia até dos amigos mais próximos. Vivencia a sufocante angústia acordado, desde o levantar ao amanhecer até a hora de deitar para (tentar) dormir.

Na hora de dormir, confere a arma sob o travesseiro, a outra na mesa de cabeceira e a da cintura. Longe delas não consegue nem deitar. Com elas, pelo menos tenta cochilar; é, porém, em vão. A acidez do estômago, o refluxo, a dor no fígado, o inchaço no pâncreas, a próstata inflamada, a incontinência urinária, a latejante e dolorosa hemorroida não o deixam em paz. Tal situação vem sendo agravada desde a colocação da faixa auriverde tiracolar que transformou um mito em comandante-em-chefe de uma republiqueta.

Vive transtornado por não conseguir dormir. Sonolento nele, só o raciocínio, a inteligência. O resto de si é uma insônia só. Que procure um especialista, recomendam os mais chegados, mas ele não confia em ninguém, vê traição na proposta.

Após incontáveis tentativas, a Menina de Cabelos Longos conseguiu convencê-lo a se tratar - assim chama a sua mulher, inspirado pela música de Agepê, não só por suas religiosas madeixas mas também porque sua presença o faz desejar comer, beber, dormir e não pagar; pois sim, ela o venceu pelo cansaço e fê-lo se consultar com um especialista ligado ao seu líder espiritual, pastor Mequetrefe, e ressaltou que foi indicado pelo Asqueirós, o sabe-tudo, seu homem de confiança.

O tal profissional dizia-se especialista em Lacan; mas era de araque, fazia mesmo era lacanagem. Com o conhecimento que tinha, seria bem capaz de ser convidado a assumir algum ministério do governo. Talvez o da Conversa para Boi Dormir.

Logo na primeira sessão, o especialista levou o paciente a concluir que o seu gostar da música Menina dos Cabelos Longos, de Agepê, não tinha nada a ver com a esposa, mas com o recalque contra nordestinos, nortistas e com a necessidade vital de usar armas.

O fato se deu pela insistência do paciente em deixar claro que só aceitou conversar com ele por causa da Menina de Cabelos Longos e também porque se negou a deitar num divã, preferiu ir para sua alcova, porque lá estavam suas armas fiéis.

Conversa vai, conversa vem, ele pediu que cantasse pelo menos um trecho da música e dela só lembrou de “eu sei que no nordeste tem cabra da peste /e no norte tem faca de corte e calor/ mas vou levar cheio de bala/ um trezoitão [pá-pá-pá-pá] na mala e um ventilador. [Porra!]”.

Daí, revelou a realidade, não era por causa da Menina de Cabelos Longos que gostava da música, mas pelo trezoitão na mala. Em epifânico êxtase, gritou aliviado que era isso aí, era isso mesmo [porra!], era pelo trezoitão, pá-pá-pá-pá! Você é bom mesmo, vai acabar ganhando um ministério [Porra]!

Naquele dia conseguiu mais do que um cochilo, chegou a dormir e sonhar; mas o sono acabou em angústia, viu-se sufocado por alguma coisa que lhe prendia o pescoço e gritava repetidas vezes a palavra “calma” com a letra L bem pronunciada e um som de R no final: “callllmar”...

Ao revelar o sonho de angústia para o especialista em lacanagem, este fez cara de estou entendendo e pronunciou calllmar bem interrogativo. Pediu que repetisse várias vezes tentando imitar a voz do sonho:

Calllma, calama, calama, calamar, CALAMAR! CALAMAR! CALAMAR! CALAMAR!... repetiu a ponto de perder o sentido de tudo ao redor, como em transe hipnótico.

No alto da sua sapiência lacanagemética, o terapeuta perguntou qual era o seu maior medo. E afirmava, você tem um medo colossal. Qual é o seu maior medo? Responda para si mesmo! Admita para si mesmo! Quem estava sufocando você no sonho?

O paciente começou a se contorcer em surto, tentava livrar o pescoço de um aperto, e também tentava livrar a cintura, as pernas, um braço, se contorcia, a coisa que o envolvia parecia ter vários braços. Entrava em desespero ao tentar sem êxito alcançar os trezoitões. Já quase sem ar, num fio de voz, conseguiu falar: calamar, calamar, calamar…

Lula! - exclamou o terapeuta. É uma lula-colossal! Calamar é sinônimo de lula-colossal. Ao ouvir o nome Lula, o paciente adotou posição fetal, foi-se encolhendo, dobrando-se sobre si mesmo até travar, e cair num soluçante choro aliviador. O terapeuta o envolveu e lentamente o trouxe do transe. Estava completamente extenuado e feliz, porque aliviado.

Dormiu profundamente naquela noite. Na sessão seguinte, estava bem tranquilo. Sonhara com a lula-colossal sendo dominada por Moros - o deus da sorte, do destino e da morte, um demônio (daemon), segundo a mitologia grega. Moros me salvou, porra! - exultou em pleno alívio.

Feliz da vida começou a cantarolar a música General da Banda: "Chegou o general da banda, êh-êh... mourão, mourão, vara madura que não cai/mourão, mourão, mourão, cutuca por baixo que ele vai..."

Mas o especialista em lacanagem ao ouvir a música lhe revelou algo muito mais grave, disse-lhe que o nome científico de lula-colossal é Mesonychoteuthis hamiltoni.

A revelação lhe trouxe acidez do estômago, refluxo, dor no fígado, inchaço no pâncreas, próstata inflamada, incontinência urinária e intestinal, seguida de latejante e dolorosa hemorroida, por fim o colocou num surto irreversível, depois de gritar: HAMILTONI?! Porrrrrr...

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*Kelsen Bravos - professor, escritor, cronista, compositor, poeta, editor do Evoé!

sábado, 23 de novembro de 2019

Pela matriarcal Nação Brasileira - por Kelsen Bravos*



a Luiz Carlos da Vila,
Rildo Hora, Sérgio Cabral (o pai),
à Estação Primeira de Mangueira

A um amigo online num grupo do whatsapp, de chofre, solicitei um mote para minha crônica semanal. Ele me respondeu que lhe pegara de calça curta. Excelente tema, exclamei. Um outro propôs “mais vale milicianos na mão do que uma embaixada nos EUA”. Recuperado, o primeiro emplacou “a valorização da família”. Um terceiro mandou juntar tudo e, sendo o meu coração um condomínio onde sempre cabe mais um, acolhi a todas as propostas.

Agora estou cá nesse engodo e o meu juízo não para de pensar na narrativa dos espetáculos de abertura e de encerramento da Olimpíada do Rio de Janeiro em 2016. Nunca me identifiquei tanto com um discurso. Pareceu-me ver sorrir o tão sonhado dia de graça em que felizes poesias estão a brindar porque o mal foi cortado pela raiz, tal qual nos diz o samba “Por um dia de Graça”, do Luiz Carlos da Vila.

Já na cerimônia de abertura, propôs e praticou a tolerância entre os povos, o respeito a imigrantes. Foi a primeira das Olimpíadas a acolher atletas refugiados. Eles representaram uma nação plural, ecumênica. Fez-se “a porta aberta ao irmão de qualquer chão, de qualquer raça”. O discurso trouxe também a sustentabilidade ambiental com treze mil sementes de duzentas e sete árvores nativas plantadas em tótens ecológicos por todos os integrantes dos 207 países participantes. De cada palma de mão, um palmo de chão recebeu sementes de felicidade que hão de formar a Floresta dos Atletas. O plantio definitivo, porém, por involuções políticas, só começou três anos depois. Antes tarde do que nunca.

Se a abertura afirmou a diversidade cultural brasileira, o encerramento, embora com sofridas restrições do governo golpista à proposta original, foi uma festa da raça brasileira, uma quizomba multicultural. Talvez tenha sido a última realização da Política Cultural desenvolvida no Brasil de 2002 a 2016, quando foi golpeada. Uma festa linda que fez desfilar a diversidade das expressões de todas as regiões da Nação Brasileira. Inesquecível e sem fim, pois sua narrativa ficou em aberto, para sua proposta permanecer eterna.

Em vez de terminar, todos os presentes deram continuidade à festa ao se misturarem a todos os artistas num congraçamento universal. Todo mundo, em estado de graça, caiu na quizomba, em louvação, a sambar. Foi sim um dia de graça. Aquele encerramento não acabou! Ficou aberto feito o fraterno desejo sem fim de meu sorório coração em acolher com irmandade e igualdade, com respeito às diferenças, à diversidade, ao multiculturalismo, à sustentabilidade ambiental, enfim, com o melhor jeito brasileiro de ser.

Na transmissão pelas tevês, a câmera ao subir e abrir o plano para o infinito fez o mundo inteiro ver “o não chorar e o não sofrer se alastrando”, e ouvir ecoar o emocionado canto de todos na harmonia da festa, e entendeu a necessidade de um áureo tempo de Justiça ao raiar a Liberdade. Até hoje, tem gente, feito eu, a festejar. A Nação Brasileira mostrou ao mundo ser possível a Utopia que sonhamos.

Mas, pegos de calças curtas, já vivíamos num país sequestrado pelo mais vil dos golpes que deu força à ascensão do velho novo fascismo. Fascismo sustentado pela falsa moral dos que falam em vão o nome de Deus e se apoiam na força das quadrilhas milicianas, que assassinam no campo e nas cidades, que estão nos mais escusos negócios seja contra a agricultura familiar e pela ascensão da cultura do agroveneno, seja no tráfico de drogas, de minerais, de madeiras, de influências para encobrir o malfeito dos cúmplices e cometer impunemente crimes de lesa-pátria.

Em nome da valorização da família, promovem o discurso preconceituoso, punitivo, excludente, racista como pilares de sustentação da célula social matriz. O núcleo familiar é machista e de expressão misógina. No lugar da Educação, a vazia disciplina, sinônimo da cega obediência, que mata a criatividade e sangra a diversidade. Impõem a arma e a intolerância como política de segurança, saciam a fome da besta da morte, para eliminar a diversidade, o diferente, a igualdade. Usam a pedagogia do medo e se auto proclamam missionários e agentes de Deus a quem todos devem cega obediência e temor.

Ao líder chamam de mito para lhe conferir poderes acima dos mortais. Um mito que está a matar o melhor do Brasil: a Nação Brasileira e toda a beleza de sua diversidade cultural. O poder no planalto central e no sudeste tem sim a expressão de um mito. Mas tão louca e sombria quanto a expressão das pinturas de Goya em que Saturno (Cronos) - por temor que eles lhe tirem o poder - devora os próprios filhos.

Tão louco quanto a imagem do mito Saturno a devorar os próprios filhos é o desmonte dos direitos sociais fundamentais, da cultura, do trabalho, da sanidade do Estado Democrático de Direito, ora em curso no país.

Mais louca do que a alegoria pintada por Goya é a imagem real dos helicópteros do vil Witzel a matar a infância das crianças cariocas, numa tática de terrorismo de estado importada de Israel (que a usa contra as crianças e a cultura palestina), para impor às gerações o medo e assim conquistar a rendição e cristalizar o respeito à cultura opressora. Uma estratégia fascista que há muito desvirtua Israel e está colocada em prática aqui contra a Nação Brasileira.

Aqui, pois, no Brasil o mito tem sua mossad (a temida polícia secreta de Israel). Um poder também secreto, porém, criminoso, miliciano, a quem preserva a todo custo, pois vale muito mais do que uma embaixada nos EUA, porque é quem mata os filhos da pátria que lhe ameaçam o poder.

Tamanha é a insensatez de tudo isso, que às vezes sinto ameaçada a minha crença na humanidade; mas nas minhas discussões com Tupã, me ilumino ao perceber que para separar o joio do trigo precisamos deixar que ambos cresçam e se fortaleçam, pois a separação precoce mataria os dois.

É por isso que mantenho bem vivo em meu espírito o discurso do encerramento da Olimpíada no Brasil e torço para as crianças, feito no samba "Os meninos da Mangueira", de Rildo Hora e Sérgio Cabral (o pai), recebam de presente de Natal, em vez de arminhas, um pandeiro e uma cuíca e corram para organizar uma linda bateria, e que a velha guarda se una aos meninos e que todos, unidos, possamos transformar o passado, o futuro e o presente numa quizomba e que a Nação Brasileira seja definitivamente uma sociedade matriacal, e, como canta Estação Primeira de Mangueira, tenha a cara de Cariri, a sua liberdade tenha a força do Dragão de Aracati e que prevaleçam as vozes das Dandaras, Marias, Mahins, Marielles, Malês. Evoé! 

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*Kelsen Bravos - professor, escritor, cronista, compositor, poeta, editor do Evoé!

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Odeio mentir - por Kelsen Bravos*



A arte existe porque a vida não basta.
Ferreira Gullar

Além da leitura, um de meus prazeres é escrever. Gosto de crônicas. Para mim é o que seria, para muitos, ver o time do peito vencer um clássico na final do campeonato, ou a escola de samba ganhar mais um carnaval, ou conquistar bonito o festival de quadrilha junina. Algo assim quase tão bom quanto beijar sob luar à erma praia e, depois do silêncio de depois, jogar-se com a amada no mar, já no tudo de novo outra vez…

Nesses tensos dias cheios de construção do nada, sinto a imprescindível necessidade de escrever crônicas, porque pressupõe a leitura atenta do contexto, obriga-me a refletir sobre o estado de coisas e a dialogar com o tempo presente para construir sentidos e, quem sabe, legar um registro ficcional importante para ajudar a interpretar a realidade e, assim, evitar a repetição da iniquidade tão perversa desses dias cheios de nada a legar…

Por estar tão caótico o contexto, resolvi pedir sugestão de temas para facilitar minha necessidade de escrever. Integro vários grupos em mídias de relacionamento. Um dos quais com pessoas de quem fiquei amigo há décadas e que bem recente nos reencontramos. Quando nos conhecemos, éramos muito jovens, passamos poucas e boas juntos. As dificuldades, que não foram poucas, nos uniram. Superamos todas elas e aprendemos muito com isso.

Quase quarenta anos depois, já com um pé no clube dos sessentões, senhores profissionalmente bem sucedidos, alguns com solar brilho no olhar ao exibir a netalhada... Pois lhes digo que o reencontro trouxe aquela juventude de volta, alguns reeditam a mesma imaturidade ao se provocarem e se debaterem numa discussão com argumentos que - num sei não viu? - causam risos até neles mesmos, até porque é isto sim o que querem: voltar a ser meninos.

A mesa do bar em que nos encontramos é um portal que nos transporta para eutopia de nossa velha juventude. Na evolução de lá para cá, histórias mil cada um tem para contar. Todas elas importantes. Acontecimentos felizes outros não. Dramáticos, trágicos, feios e cheios de beleza, tudo assim junto e misturado, porque falamos de vida e vida de verdade não é novela.

Sou professor e trabalho pela emancipação social por meio da Cultura, notadamente, pela arte, a arte literária, a leitura e a escrita e sei que cada pessoa tem sua trajetória e a trajetória de cada ser é milenar a se considerar toda a ascendência, a ancestralidade de cada uma. A essa história milenar que trazemos no DNA chamamos dignidade. Eu tenho uma tremenda consideração por essas trajetórias. Ferir uma sequer significa desrespeitar a dignidade de todos. Adoro gente! Amo essa diversidade de veredas e amplos caminhos unidos que compõem a história da humanidade.

As trajetórias de meus amigos são diversas, os pensamentos também, há polarizações ideológicas. A maioria defende a satisfação de interesses mais imediatos. Têm uma visão pragmática um tanto quanto deturpada, pois, uma vez satisfeito o imediatismo, não importam as consequências subjacentes. Outros defendem a evolução e o aprimoramento das garantias de um estado de bem-estar social.

Gosto de lhes ouvir os argumentos; gosto mais ainda das histórias bem despretensiosas. Daí resolvi dentre os muito grupos a que integro nas redes sociais eleger o desses meus bons amigos de quem tanto gosto para me sugerirem motes para escrever a bendita crônica semanal. Esta é a terceira, à primeira um amigo sugeriu “cuspiu no prato”. A segunda o mesmo amigo mandou o tema “peixe inteligente”. Para esta, ele resolveu não propor para dar vez aos demais.

Acontece que ninguém sugeriu um mote sequer. Acessei o grupo e perguntei. Um deles me disse ter até medo ou receio (sim receio e não medo) de propor. Fiquei intrigado. Que será que será que aconteceu nas crônicas anteriores?! Tentei entabular uma conversa esclarecedora, mas recebi a reticente resposta de que eu precisaria ler nas entrelinhas, decifrar metáforas… Estaria meu bom amigo a me aplicar um “je ne sais quoi” verissimoniano?! Não cri e descartei tal possibilidade.

Propus pensarmos para que serve a arte e por que ela é tão odiamada. Ele respondeu que não sabia dizer; mas ela é imprescindível. Falei que minhas crônicas são apenas alegorias, que a arte imita a vida, que são ficcionais, que existe um contrato tácito entre autor e leitor de aceitarmos um mundo paralelo para entender o real. Por fim citei Gullar para o meu bom amigo: “a arte existe porque a vida não basta”. E, parodiando o poeta maranhense, falei que não escrevo para temer (ou recear), mas para livrar do temor (ou do receio).

Depois dessa conversa com o meu bom amigo, ficou-me renitente a questão da ficção e da realidade nesse contexto de pós-verdade em que qualquer história manipulada por interesses políticos, por mais absurda que seja, acaba considerada real, verdadeira, porque nem mais contestada é. Estamos imersos no reino do consumismo, onde impera o descartável e, no que deveria ser o campo das ideias, foge-se da verticalização das coisas. Os argumentos têm profundidade pireslesca. A leveza do pensar foi corrompida. O pior sentido da leveza do pensamento, o senso crítico zero, é soberano. Daí quanto mais rápida e fútil a comunicação, mais ela é cegamente viralizada. Qualquer imbecil vira “influencer”, sobretudo, se contar com uma legião de robôs. Então o tal “influencer”, segundo o apólogo de Trilussa, cresce em importância quanto mais são os zeros a segui-lo - e a viralizá-lo.

Nesse contexto absurdo, abcego e abmudo, o tal contrato discursivo entre autor e leitor sobre o mundo do faz de conta se liquefaz e evapora. Tudo no universo da pós-verdade é incontestável. Cochilei com essa frase retinindo em meu juízo. Acordei em sobressalto delirante, o fim do compromisso com a verdade trará o caos. A fusão entre ficção e realidade transformará em verdadeira a história do Coringa - agora com muita fidelidade difundida no cinema - haverá a supremacia anarquista, a pós-verdade vai parir o pós-caos, as peças da Dragonauta vão virar cantigas de ninar.

Para espairecer fui à vendinha do bairro, o Mercadinho Seu Luís. Lá histórias reais e divertidas lorotas são contadas à moda antiga. Peixe, pesa aí essas bananas para mim. Já que peso, Peixe. - respondeu com desânimo. Todos lá se tratam assim, peixe pra lá, peixe pra cá. Acho que por influência do filho policial do dono da venda. Eu prefiro chamar as pessoas pelo nome.

O Seu Luís, meu bom vizinho, é um figura simpática. Ninguém, porém, é perfeito. Eleitor do gozo Bozo, está depressivo. Sua antes sortida venda está de mal a pior. Os credores cada vez mais agressivos. Ele me olhou profundamente e me disse que hoje em dia ninguém respeita mais ninguém, que a situação não está boa, fez uma pausa longa: "do jeito que o senhor me avisou na época da eleição". Tive vontade de dizer: Peixe, procura o Sebrae; mas, penalizado, só consegui lhe falar que vai melhorar…

Odeio mentir.
 
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*Kelsen Bravos
- professor, escritor, cronista, compositor, poeta, editor do Evoé! 

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA III: QUEM TEM MEDO DE VIRGÍNIA WOOLF?! - Túlio Monteiro*

O efeito da morte sobre aqueles que continuam
vivos é sempre estranho, e muitas vezes terrível,
pela destruição de desejos inocentes.
(Virgínia Woolf)

Ah, essas malditas pedras!

Nasci pelo janeiro de 1882, em Kensington, bairro de Londres situado em zona limítrofe com o Hyde Park, lugar habitado em minha contemporaneidade pelos terríveis atos criminosos de Jack, o estripador. Cresci com as hostis histórias de mulheres sendo desencarnadas por um maníaco nunca descoberto.

Preciso confessar, no entanto, que vim ao mundo em berço esplêndido. Nunca me faltando qualquer coisa que fosse do ponto de vista material ou cultural. Filha de Sir Leslie Stephen e Julia Prinsep Jackson, fui criada e educada em uma família austera, já que meu pai era um editor de renome, bem como foi escritor, historiador, ensaísta e biógrafo. A ele devo minha rígida educação, fato que me levou já aos nove anos a publicar o Hyde Park Gate News, um pequeno jornal de tiragem caseira destinado a divertir literatos do porte de Thomas Hardy, Alfred Tennyson e Henry James, sendo este último um dos fundadores do Realismo literário e amigo pessoal de Gustave Flaubert.

Pena que, desde cedo, eu já apresentava crises depressivas. Talvez por conta de meus meios-irmãos por parte de pai em seu primeiro casamento terem me tocado intimamente quando eu ainda era uma criança. Vis lembranças de irmãos que vi morrerem antes de mim. Seleta vingança. Ao Inferno com eles. Decerto que as crises de insônia e desespero de meu pai, bem como seus casos de autodúvida e estresses diários contribuíram para meu fracasso social. Isso é fato! Mas, voltemos à pena!

Impressionada pela literalidade e pelo trabalho de editor do monumental Dictionary of National Biography, obra-prima de meu pai e também por sua vasta biblioteca particular, desde cedo manifestei a expressão de tornar-me escritora. Porém, a arrebatadora morte de minha mãe logo aos meus 13 anos de idade e os insistentes assédios de meus irmãos levaram-me em 1885 ao meu primeiro colapso nervoso. Médicos apostos no número 22 do Hyde Park Gate. Ao meu pai e aos meus consultores nunca revelei os motivos de minhas crises nervosas. Para quê? Se de nada resolveriam meus incontáveis apelos em plena era vitoriana onde as mulheres eram meros abrigos de filhos a serem nascidos e procriados?! O silêncio seria meu abrigo até nos íntimos escritos. E casei-me! Sim! Como filha do recém-nomeado Cavaleiro da Mais Honorável Ordem do Banho, período em que escrevi a perder de vista ensaios para o jornal The Guardian, conheci Leonard Woolf, amigo íntimo de meu irmão legítimo Thoby Stephen. Foi por assim dizer uma válvula de escape para uma criatura de trinta anos e já dada como de certa idade em tempos de começo do século 20. Emancipação! Felicidade plena e a fundação, em 1917, da Editora Hogarth Press, que revelou escritores do porte de T.S. Eliot, um tal Prêmio Nobel de Literatura em 1948.

Filhos? Não os tive! A bem da verdade, meu sobrinho Quentin Bell, foi um seleto ouvinte de minha trajetória sexual. Forçada que fui por meus irmãos a libertinagens mil, tornei-me um tanto arredia aos carinhos masculinos. O que transformou meu casamento com Leonard em um grande erro e fracasso, levando-me a dar-lhe liberdade para aventuras extraconjugais em detrimento de aparências e nada mais.

E foi assim minha cara e minha cruz onde assinalo que, apesar de não termos um “casamento com sexo”, no sentido estrito, eu e Leonard Woolf fizemos esforços e desafiamos as evidências para forjar uma relação verdadeiramente humana. Mas sem nenhuma paixão. Se havia uma paixão, entre os dois, era o culto à boa literatura e à boa conversa com os amigos, como o economista (bissexual) John Maynard Keynes. Eu, por minha vez, embora admirasse homens talentosos, tinha mais intimidade com mulheres, como Vita Sackville-West e Ethel Smyth. Aqui me confesso homossexual assumida! Lampejos de uma alma aturdida e sacrificada pelos beijos e carícias de meus malditos irmãos por parte de pai.

Era 1941! Enquanto Leonard se ocupava na luta contra os nazistas, eu preparava os frutos de minhas inserções pelo mundo do Fluxo da Consciência de Édouard Dujardin e Willian James, técnica literária em que se procura transcrever o complexo processo de pensamento de um personagem, com o raciocínio lógico entremeado por impressões pessoais momentâneas e exibindo os processos de associação de ideias, onde a característica não-linear deste processo de pensamento leva frequentemente a rupturas na sintaxe e na pontuação.

Mas as crises sexuais e existenciais nunca me deram trégua. E apesar de conviver e muito bem com a sociedade britânica de então, meus fantasmas me assombravam soberbamente. Não me largavam os malditos! Invadindo-me as têmporas para lá de cansadas. Atormentando-me noite e dia entre corpos femininos e masculinos. Crivo das cores. Abordagem maior de um ser humano coberto de erros e pecados. Seria eu a única a pecar em desvelo de um santo corpo? Nunca irei saber!

É manhã de 28 de março de 1941!

Nossa casa em Londres, no Hyde Park, foi destruída pelos bombardeios de Hitler e nada mais me resta de sobriedade. Temo por mim e corro à pena para mais um desabafo a Leonard, meu fiel companheiro de vida e descasos. Teimo em escrever-lhe mais uma missiva, mas ao mesmo tempo sinto-me livre após anos de torturas íntimas; E escrevo:

Querido Leonard,

Tenho certeza de que enlouquecerei novamente. Sinto que não podemos passar por outro daqueles tempos terríveis. E, desta vez, não vou me recuperar. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Por isso estou fazendo o que me parece ser a melhor coisa a fazer. Você tem me dado a maior felicidade possível. Você tem sido, em todos os aspectos, tudo o que alguém poderia ser. Não acho que duas pessoas poderiam ter sido mais felizes, até a chegada dessa terrível doença. Não consigo mais lutar. Sei que estou estragando a sua vida, que sem mim você poderia trabalhar. E você vai, eu sei. Veja que nem sequer consigo escrever isso apropriadamente. Não consigo ler. O que quero dizer é que devo toda a felicidade da minha vida a você. Você tem sido inteiramente paciente comigo e incrivelmente bom. Quero dizer que – todo mundo sabe disso. Se alguém pudesse me salvar teria sido você. Tudo se foi para mim, menos a certeza da sua bondade. Não posso continuar a estragar a sua vida. Não creio que duas pessoas poderiam ter sido mais felizes do que nós.
V.

Após isso, o desenlace final me aguarda. Visto o casaco em desalinho e caminho rumo às margens do Rio Ouse, tão perto que fica de minha casa. Quanto ao meu corpo? Só depois de três semanas foi encontrado por um grupo de escoteiros perto da Ponte Southease. Já era abril e cinzas virei.

Enfim as benditas/malditas pedras surtiram efeito!

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*Túlio Monteiro - é poeta, contista, crítico literário, articulista do Evoé! Leia mais em Literatura com Túlio Monteiro.



segunda-feira, 10 de setembro de 2018

MONÓLOGO DE UMA MORTE ANUNCIADA II: Florbela Espanca - Túlio Monteiro*

Dorme, dorme, alma sonhadora,
Irmã gémea da minha!
Tua alma, assim como a minha,
Rasgando as nuvens pairava
Por cima dos outros,
À procura de mundos novos,
Mais belos, mais perfeitos, mais felizes.

Criatura estranha, espírito irrequieto,
Cheio de ansiedade,
Assim como eu criavas mundos novos,
Lindos como os teus sonhos,
E vivias neles, vivias sonhando como eu.
Dorme, dorme, alma sonhadora,
Irmã gémea da minha!
Já que em vida não tinhas descanso,
Se existe a paz na sepultura:
A paz seja contigo!

(À Memória de Florbela Espanca, do espólio de Fernando Pessoa)

Hoje é meu aniversário!

Trinta e seis anos completos de tormentas e espasmos psicóticos que teimam em não me deixar em paz um momento sequer desta minha existência terrena iniciada no Alentejo, desde que rompi do ventre de minha mãe Antônia.

Sempre fui tanto singular, dizia meu pai José Maria, o antiquário por profissão e divulgador do Vistascópio de Edison nas terras portuguesas por amor à sétima arte. O que dizer e não dizer de uma filha fecundada de maneira tão ímpar quanto eu, uma vez que Mariana, minha estéril mãe e verdadeira esposa de meu pai, permitiu o enlace conjugal do mesmo com mama Antônia?! Mas que bela caricatura sou eu: filha de uma vistosa e bela criada de servir que também trouxe à luz Apeles, meu amado irmão, dois e poucos anos mais novo que eu. Fazer o quê se as correntes escravocratas ainda imperavam no meu Portugal de fins do século dezenove, e amas de leite eram criaturas presentes em quase todos os lares?

Fui capturada cedo pelo mundo das Belas Letras. Enquanto ainda frequentava a escola primária de Vila Viçosa do Alentejo, já arriscava meus primeiros versos, sendo que em 1907, aos 13 anos, redigi “Mamã”, meu primeiro conto dedicado a Antônia, minha mãe de parto que viria a falecer no ano seguinte vitimada por uma sequência de incansáveis ataques de nevrose. Maldita herança materna!

A morte de mamãe foi o gatilho à minha mudança para a cidade de Évora, onde fui uma das primeiras mulheres a cursar por completo escola Liceal. Foi requisitando livros do Liceu de Évora que conheci alguns monstros sagrados na Literatura Mundial, a exemplo de Dumas, Balzac, Garrett, Camilo Castelo Branco e Guerra Junqueiro.

Os joviais anos escolares passaram rápidos até que em 1913 decidi por casar-me com Alberto Moutinho, meu colega de Liceu. Não tínhamos posse, o que nos levou a morarmos precariamente na Vila de Redondo, passando a residir, a partir de quinze, na casa de meu pai em Évora mesmo.

Em 1916, já trabalhando como jornalista para O Século de Lisboa, para A Voz Pública e Notícias de Évora, retornamos à Vila de Redondo, onde organizei uma detalhada coletânea de meus escritos, publicando-os sob o título de Trocando Olhares. Não foi um sucesso de público, o que me levou a uma crise de neurose, mal que me acompanharia por toda a existência.

Com a chegada de 1917, concluí o Curso Complementar de Letras e matriculei-me na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, de onde fui uma das únicas catorze mulheres a lograr aprovação. Felicidade, enfim!

Entretanto, veio o famígero ano de dezoito, a Primeira Grande Guerra e meu aborto involuntário, o que me agrediu de maneira profunda os ovários e pulmões. Neurose e a culpa jogada sobre os ombros de Alberto. Estava se findando o meu casamento e a alma de poeta carecia de novos amores, novas aventuras por corpos nunca dantes desnudados.

Dezenove e vinte foram anos de uma certa paz interior. No primeiro, publiquei duzentos exemplares de meus sonetos no Livro de Mágoas. Desapareceu rápido das prateleiras, vindo a se tornar obra rara. Já no segundo, e ainda casada por aparências com Alberto, conheci o Antônio José Marques Guimarães, alferes da Artilharia da Guarda Republicana. Paixão arrebatadora, mas impossível de ser vivida plenamente, o que me levou, após mais de seis meses de traição a separar-me oficialmente de Alberto, permitindo-me com isso casar-me com Antônio Guimarães, passando a residir na cidade do Porto e, no ano seguinte, em Lisboa, onde Guimarães se tornou chefe do gabinete do Ministro do Exército.

Tudo parecia divino, não fossem as incessantes tentativas de gravidez sem sucesso e a ascensão meteórica de meu marido, o que me resignava a ser uma mera coadjuvante em um mundo plenamente machista e cheio de preconceitos. Confesso-lhes: fui até onde minha alma de poeta aguentou! Esforcei-me, os Céus sabem quanto, para manter viva a chama do amor que havia de mim para com Antônio. Até publiquei, em janeiro de vinte e três, meu segundo livro de sonetos, o Livro Sóror da Saudade. Novas e excelentes vendas o que me acalantou o regaço de poeta nada pudica em relação aos males do coração e desejos febris por ser amada.

Não me perguntem como, mas desde de vinte e um que já caíra de amores pelo médico Mário Pereira Lage. Ao contrário do rompante entre mim e Antônio, fui mais regrada e secreta no tocante a esse novo amor. Foram quatro os anos em que nos relacionamos amiúde em encontros joviais para uma mulher de trinta e qualquer coisa.

Veio 1925 e com ele a definitiva separação de Antônio. Casei-me, pois, com Mário em Matosinhos, região do Porto, onde passamos a residir. Mário e sua abastada condição me davam asas a uma livre produção literária. Tinha ao meu dispor penas e papeis, o que me levou a colaborar, a partir de vinte e sete, no Civilização e Figueirinhas do Porto e no D. Nuno de Vila Viçosa. Tudo parecia tão bem naquele primeiro semestre. Até que “Ela” se apresentou novamente fria e tenebrosa ante meus olhos: em junho, nas proximidades da freguesia de Belém, meu único irmão o aeronauta Apeles Espanca sofreu um fatídico acidente aéreo. Devastação total de Minh´alma de sonhar-te! Crises nervosas, neuroses, pensamentos pessimistas me invadiram a mente. À pena corri e escrevi quase que de uma vez só a série de contos póstumos As Máscaras do Destino. Mais um ser amado tinha-se ido!

Sem filhos, sem disposição aos textos e sem a compreensão de meu marido tentei por cabo à minha vida em 1928, Exaurida, nada mais me dava prazer a não ser o fazer de minha autobiografia iniciada em trinta e interrompida bruscamente por mais duas infames tentativas de partir para sempre.

Contudo, ainda reuni forças para colaborar jornal feminino e feminista Portugal Feminino, no Primeiro de Janeiro do Porto e Revista Civilização, Tentativas insanas de me reencontrar naqueles outubro e novembro de um trinta demoníaco. Nada resolvia! Nem os carinhos parcos de um Mário já deveras distante me calavam alto o coração quando, no início de dezembro, o fatal diagnóstico de um severo edema pulmonar me arrebatou de vez a vontade de viver.

Era manhã do dia oito de dezembro, dia de meu trigésimo sexto aniversário, quando o maldito Veronal enfim fez efeito...
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*Túlio Monteiro - é poeta, contista, crítico literário, publica todas as segundas aqui no Evoé!  Leia mais em Literatura com Túlio Monteiro.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

IGNÓBEIS - Túlio Monteiro*

Eis que mais uma vez as asas negras dos militares ameaçam se abrir sobre esse Brasil sempre cabisbaixo. Inadmissível um general da reserva – resquício-mor do terrível 1964 e seus anos de chumbo – vir a público brandir sua espada de lâmina cega e dizer que se um ex-presidente civil não fosse preso haveria uma intervenção militar no nosso Torrão-natal. 

Pois ele foi preso, general. E o senhor voltou para seu ostracismo de três estrelas de onde, espero, nunca mais apareça na mídia sensacionalista que abarca todas as partes desse País-continente ainda chamado Brasil. Sim! Ainda se chama Brasil, pois pelo andar da carruagem bem que nosso desamado e desalmado Poder Legislativo poderia lançar mão de seus podres poderes para mudar o nome de nossa Pátria já que rasgaram a Constituição Federal há muito tempo.

Sinto-me descontente com a vida que o povo brasileiro anda levando, parecendo mais os conformados judeus condenados por Hitler aos campos de exterminação. Levantam todos os dias e partem para seus trabalhos – quase sempre de baixas remunerações – para batalharem o pão de cada dia. Se perambulo por entre essas caras amarradas e amargas vejo-as e sinto seus cheiros buscando soluções para o impossível de se resolver. Percebo o povo brasileiro como cordeiros entregues ao abatedouro, de cabeças baixas a procurar nas pontas de seus sapatos soluções para o inadiável: o afundamento total de um Titanic chamado Brasil.

Porém, como já se refere um dito popular: cada povo tem o Governo que merece. E os IGNÓBEIS votantes de nossa Pátria Amada – em sua maioria – nem sequer se recordam os nomes dos candidatos nos quais votaram. Você por acaso é um deles? Risos. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas em um grupo que discutisse as eleições presidenciais de três anos e meio passados duvido que você não gaguejasse para responder quais os nomes e números dos que sacramentastes no sufrágio de 2014.

Para esculhambar ainda mais um pouco, estamos em um ano de Copa do Mundo, quando a “Pátria de Chuteiras” – antonomásia miserável cunhada por Nélson Rodrigues – vai mais uma vez disputar o certame futebolístico mais cobiçado do planeta. E olhem que fomos os primeiros a nos classificar para tal evento. Seria de dar crises de riso se fôssemos os primeiros a voltar, lascando com a indústria de produtos verdes-e-amarelos que surge do nada a cada quatro anos.


E por falar em futebol e fedor de ditadura, nunca é demais lembrar que o presidente brasileiro Emílio Garrastazu Médici – interventor militar que comandou com mão-de-ferro o País entre 1969/1974 – no ano de 1970 valeu-se escancaradamente do tricampeonato conquistado pela seleção nacional de futebol de Zagallo e companhia para afirmar que o Brasil era um País que estava indo para a frente. Balelas que deram pão e circo à população desse Brasil até hoje tão carente de ídolos e mártires.

Eu disse mártires? Será que a mídia, o poder que transpira dos corredores do Planalto Central, o povo brasileiro e afins estão criando o início da história de nosso primeiro mártir do século 21? Nome que veio substituir Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Uma espécie de herói combalido que se entregou às garras afiadas da Lei mesmo contra a vontade de boa parte dos nativos brasileiros?! Pode ser que sim, pode ser que não.l

O fato é que no final das contas esse possível mártir que em tribunal nenhum do Mundo seria condenado sem as devidas provas concretas e palpáveis sairá um dia da prisão ainda mais forte – um Mandela de pele branca. Sei que serei questionado sobre essa breve e contraditória crônica, mas para que servem as crônicas, as poesias, os romances e textos mil senão para serem questionados? Dou mais uma vez o rosto a tapas desta vez com convicção. Pois a insatisfação com os rumos que minha Terra Natal está tomando me é cortante como faca reluzente, bem diferente das espadas enferrujadas que ficam dependuradas nas paredes de generais caquéticos que nada mais sabem e fazem das suas vidas a não ser vestirem suas fardas, fardões e camisolas de dormir, ainda honrando um 7 de setembro que nunca me enganou ter existido nos moldes dos livros de História que me acompanharam a infância e adolescência.

Torna-se preciso, pois, que algo seja feito. Se me perguntassem “O quê?” Eu diria: – entreguem a Deus. Mas como também tenho rusgas com o Comandante Maior da Humanidade, ficaria muito feio eu dizer algo da boca para fora sobre outro “cara” no qual também não acredito piamente. Mas isso é assunto para outra crônica que virá por aí, me importando agora alinhavar, cozer, costurar o arremate dessa que escrevo agora para o abecedário do blog Evoé!

A população brasileira está em choque. Nunca se teve tantas informações vindas de todos os lados sobre os acontecimentos que rodam o Mundo. Para escrachar mais a coisa, ainda existe aquilo que se delimitou chamar no “internetez” de fakes, que nada mais são que notícias falsas implantadas até mesmo nos melhores meios de informação. Isso intriga! Isso assusta! Pois estamos, acredite, à beira de uma comoção social que fatalmente levará a uma guerra civil, caso algo não seja feito de forma pacifista para apaziguar a ânsia de soluções dos nossos compatriotas.

Termino essa crônica triste por conta de todos os desabafos e talvez desatinos que possa porventura ter cometido. Mas esses escritos semanais dos quais já sei que tenho seguidores(as) fiéis são minhas válvulas de escape para todos os problemas que deveras enfrento atualmente. Lutemos contra poderes que não nos permitem pensar e agir livremente. Isso é Fato!

Um forte abraço e até a próxima!

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*Túlio Monteiro - escritor, crítico literário, pública todas as segundas aqui no Evoé! O texto "Ignóbeis" foi escrito no dia 08.04.2018. Leia também Literatura com Túlio Monteiro.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

HERCÚLEO - Túlio Monteiro*

(Em honra ao meu pai, já que hoje faz um mês de sua partida deste para o plano espiritual)


“Hercúleo, meu caro poeta Túlio Monteiro. É assim que defino o trabalho de um cronista”. Dessa forma me definiu um dia em uma de nossas noitadas de carraspanas homéricas o saudoso médico e escritor Airton Monte, o homem do Solar dos Montes.

Estava certo o bardo de tantas musas. Escrever não é nada fácil ainda mais para ele que manteve durante anos, no jornal O Povo, sua coluna diária de crônicas quase sempre espetaculares.

Encontro-me, pois, sobre o teclado de meu velho computador a tentar expulsar de meus dedos as palavras certas para explicar ao meu modo como é difícil a escrita de uma crônica que, pressintamos, vá ser do agrado de todos os possíveis leitores. Digo isso, porque em minha última escrita no abecedário criado por Kelsen Bravos, a letra “G” provocou reações as mais variadas possíveis que me conduziram – dependendo da opinião – do Céu aos Infernos de Dante em um piscar d´olhos.

Cada cronista tem lá suas arrumações para escrever uma crônica! Falando apenas por mim, as “preparo” durante um ou dois dias. Já medindo palavras e escolhendo o assunto que deve versar – no caso do abecedário kelseniano – em torno da letra da semana. O que me leva, de certa forma, a já tê-la quase pronta quando sento para pô-la à luz. Preciso, também, de silêncio praticamente absoluto além de nenhuma perturbação durante os “plec-plecs” do teclado.

Uma vez tendo o mote se instalado em meu cérebro, o correr da pena fica bem mais fácil e a danada vai sendo parida até ficar pronta em seu primeiro formato. Ocorrido isso, vem aquilo que chamo de varredura das arestas ou limpeza das sobras que por ventura venham a ficar no texto a ser oferecido a ledoras e ledores fiéis.

Posso ser questionado nos comentários do blog "Evoé!" sobre onde está o trabalho de Hércules nessa simplicidade acima narrada. Posso e adoraria ser sabatinado nesse âmbito uma vez que escrever é dar a cara a tapas e/ou afagos. É escrever sabendo que você pode ser julgado um bom escritor ou não.

E é ai, prezados, que entra o trabalho HERCÚLEO de se escrever. É tentar manter a uma certa linha de qualidade, um certo ritmo de escrita, uma certa homogeneidade no burilar excepcional que é pôr no Mundo algo só seu, algo que ninguém, por mais que tente, poderá tirar de você: O dom de ser escritor e estar na ativa.

Lembro que aprendi muito com as crônicas de Airton Monte. Um verdadeiro bruxo que tinha assuntos mil para discorrer diariamente em seu espaço jornalístico. Não posso negar que ele foi uma das minhas fontes inspiradoras, em tempos que eu ainda rascunhava meus alfarrábios. Foi ele o primeiro a me cumprimentar quando em certa noite de quinta-feira de setembro de 1999 recebi minha maior láurea, tornando-me o vencedor do 2º Prêmio Ideal Clube de Literatura com a crônica “Dois dedos de prosa com Graciliano Ramos”.

Mas não descambemos para os lados do saudosismo, pois o tempo nunca volta e os relógios com seus ponteiros desgraçados vão nos avisando que nossas vidas estão sendo-nos tiradas aos poucos ao som de seus “tic-tacs” irritantemente certeiros.

Sim! Sinto-me Hércules ao lhes escrever. Sinto-me Davi com sua funda na mão ao redigir um texto de qualidade e que vai ser lido com prazer, como com prazer foi lida a crônica de 26 de março último, intitulada “GRANDE amor”, que atingiu em cheio os românticos de plantão a exemplo de Lady D, para quem a devotei.

Isso de ser escritor é coisa para doidos mesmos, mas doidos com coerência, alinhavo e tessitura das palavras surgidas dessa Última Flor do Lácio que é a nossa magnífica língua portuguesa, tão cheia de opções aos que a ela recorrem nas horas incansáveis da escrita, seja ela a qual profissão for necessária.

Pois que venham mais letras nesse abecedário, para nos desafiar a conduzir com o máximo prazer meus escritos semanais destinados a vocês que ora me leem. Já que sem público não há espetáculo! Sem espectadores não há programas e sem leitores de nada adiantam os escritos de um eterno poeta em busca do texto perfeito que nunca virá. Nunca chegará.
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*Túlio Monteiro - escritor, crítico literário, publica todas as segundas aqui no Evoé! O texto "Hercúleo" foi escrito no dia 01.04.2018. Leia também Literatura com Túlio Monteiro.

sexta-feira, 23 de março de 2018

Fraternidade por amoroso exemplo - Kelsen Bravos*

O presente tem nos exigido crescer em paciência, em tolerância, em convivência. Certa feita um irmãozinho bem querido, daqueles ante os quais não se pode exprimir uma ideia sem ponderação, colocou em provação a minha paciência pela forma como questionou o termo tolerância, usado por mim, na abertura de uma reunião para um grupo com quem trabalharíamos em equipe.
 
Tolerância! Que tolerância que nada! O tolerante se acha superior ao outro. Ser "tolerante com" é uma concessão feita ao outro ou a um grupo, a um gênero, a uma cultura! Só concede quem acha estar em situação de conceder, e quem está em condição de conceder, no mínimo, se acha acima do bem e do mal, pelo menos em relação a quem ele dá a graça de receber sua... tolerância. Falou em um quase surto logorreico, num tom de provocação eivado de ironia e irritação. Mais irritado ficava quanto mais constatava em mim atitude compreensiva, abertura e acolhimento da profunda reflexão posta em pauta por ele. 
 
Ora, temos sim um em relação ao outro em determinados assuntos ou contextos um acúmulo de conhecimento a nos possibilitar entender de forma mais ampla um fato e avaliar a situação de modo a compreender o, digamos, erro alheio e com ele ter tolerância e cumprir o ato solidário de lhe favorecer auxílio para conscientização necessária à avaliação e mudar, por si só, para melhor, é claro. Assim interpreto as observações sobre minhas ideias e comportamentos. Afinal quem me critica ou puxa a orelha está a demonstrar o mínimo de consideração por mim. Serei sempre grato a esses gestos. Gratidão, aliás, aprendida por amoroso exemplo.
 
De fato, o meu irmãozinho querido questionava a banalização do termo, o esvaziamento dele e a sua apropriação pelo discurso dominante de tal modo que lhe incrustava um obtuso conceito de indulgência demonstrado pela comiseração de uma classe em relação a outra, de uma casta em relação a outra. Concordo, pois tolerância ou é uma expressão fraterna ou não é indulgência fruto de paciência e geradora de convivência harmônica entre iguais, a despeito de diferentes pontos de vista.


A mais amorosa expressão de tolerância recebi, e ainda a recebo, de meu melhor e maior amigo. Eu era uma criança, um pré-adolescente. Sempre no almoço em casa, puxava com meu pai assunto das leituras e estudos mais recentes. Um dia ele falou algo do qual discordei e demonstrei com fartos argumentos, devidamente referenciados na literatura especializada do tema, o tamanho da "bobagem" falada por ele. Um silêncio denso se fez até ele interromper dizendo-se feliz em ser aprendiz do próprio filho, afinal fora para isso o tanto que dedicara para nos dar condições de estudo e ampla leitura de mundo. Sorriu e me deu aconchegante abraço do qual sinto o forte calor, embora tenha ocorrido há mais de quatro décadas .
 
Desde então, filho e pai, nos falamos como irmãos. Com o passar tempo, por causa da cada vez mais nítida compreensão de sermos todos filhos de Deus, uma reflexão me assoma em quase certeza: somos de fato, todos e todas, irmãos e irmãs, cuja situação existencial coloca uns como tutores de outros, a fim de fazermos evoluir a relação para a plena fraternidade ou sororidade, pois todos e todas somos camaradas, somos iguais e devemos ter respeitadas as nossas diferenças às quais devemos dedicar paciência e tolerância em uma convivência entre irmãos e irmãs. Evoé!
 
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*Kelsen Bravos - professor, escritor, compositor, produtor cultural e editor do Evoé!

quarta-feira, 14 de março de 2018

NOTÍCIA: Café com Poesia no CEJA José Walter - 2108 apresenta a eterna poesia de Belchior

O CEJA José Walter realiza mais um Café com Poesia, na edição deste 14 de março de 2018, faz homenagem ao grande rapaz latino-americano Belchior. Uma iniciativa da responsabilidade do Grupo de Linguagens e Códigos com apoio do Núcleo Gestor/Saps e todos os professores, funcionários e alunos da escola em mais um evento da "Arte na Educação como meta para nossa ESCOLA DIFERENTE".

A programação traz nomes emblemáticos da cena cultural. Palestras, saraus, bate-papos, um evento, sem dúvida, de alto nível, digno do homenageado e do público. Merece ser replicado em todos os lugares. Confira:

 PROGRAMAÇÃO

Manhã - 9 h

Palestra:

TEMA: Diálogos poético em A Palo Seco
Profa. Kelly Medeiros (Mestra e doutoranda em Literatura Brasileira - UFC)

Participação Musical
João Barbosa (músico, cantor, menestrel)

Café Especial (Espaço de Convivência)
Momento de divulgação de livros e cds dos autores


Tarde - 15 h

Palestra:

TEMA: O poeta Italiano Dante Alighieri e a Divina Comédia Humana na obra de Belchior

Sarau literomusical com Ricardo Kélmer - jornalista, escritor e agitador cultural
Autor e organizador do livro Para Belchior com amor

Participação Musical
Alexassandro Santos (músico, artesão e poeta)

Café Especial (Espaço de Convivência)
Momento de divulgação do livros e autógrafo dos autores
Noite - 19 h

Palestra:

TEMA: Um depoimento apaixonado pelo coração selvagem do ídolo Belchior

Cleudene Aragão - doutora em linguística, professora da UECE, gestora cultural e escritora.
Autor e organizador do livro Para Belchior com amor

Participação Musical
Antônio Carlos Lima (funcionário administrativo e nosso Tom Jobim)

Café Especial (Espaço de Convivência)
Momento de divulgação do livros e autógrafo dos autores presentes



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