quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Que Brasil é Esse?! — Reginaldo A. Garça*

Qual a lógica de votar nesse presidente que esteve à frente de nosso país a longuíssimos e dolorosos quase quatro anos?

Essa é uma questão que não consigo entender com base nas informações que tenho até então, e fatalmente acredito que tais contradições tão profundas não incomodem tão somente a minha pessoa.

Com isso, é muito difícil eu compreender a aceitação do “bolsonarismo” por pessoas que se definem religiosas de qualquer credo, sobretudo, aquelas que se dizem cristãs.

Eu tenho enormes dificuldades em aceitar uma pessoa que se diga artista, ou que trabalhe com cultura, e se apresente como eleitor desse ser embrutecido!

É completamente contraditório para mim ouvir um ser, que se coloca como patriota, aceitar o discurso tão mascarado e vazio desse presidente que corrompe e perverte o que temos de mais valioso, que é o nosso povo.

Não consigo entender como é ser negro e votar em um candidato racista como o tal Jair.

Assim como não me faz o menor sentido uma mulher votar em um misógino.

Nunca entenderei um indivíduo da chamada classe C, D, ..., F... votar em uma pessoa orgulhosamente elitista.

Inexplicável como uma pessoa que se reconhece inserida no universo LGBTQIAP+, e que defenda a ideologia de gênero, se permita ser associada ao nome dessa figura homofóbica. 

E por fim me incomodam de forma contundente todas aquelas pessoas que tiveram entre as inúmeras vítimas da Covid-19 entes queridos, sejam estes na família, sejam nos ciclos de amizades, ou mesmo alguém a quem tenham admiração por empatia.

É inadmissível aceitar quem naturalize todo o desprezo, toda a psicopatia latente e a completa indiferença, largamente revelada pela criatura que até então continua como presidente desta nação.

Um presidente que não só demonstrou completo desrespeito por quem morreu não só por causa da pandemia, mas também pelo seu total descaso em buscar minimizar os efeitos da Covid-19.

Que Brasil é esse onde ainda há quem fique do lado desse genocida da era covid?!

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*Reginaldo A. Garça é fotógrafo, cineasta e produtor cultural.

sábado, 24 de setembro de 2022

Manifesto dos Artistas no Ceará pela Democracia

Artistas reunidos no estado do Ceará resolvemos fazer um movimento em favor da Democracia e da Paz no Brasil. Defendemos o estado democrático de direito e apoiamos as candidaturas de esquerda representadas nesses eleições pelos candidatos da Federação Brasil Esperança (PT-PCdoB-PV) e coligados. No dia 24 de setembro de 2022, realizamos ato show lítero-musical para lançar a campanha de apoio à Democracia e à Paz na defesa do Estado Democrático de Direito.

Assine o abaixo-assinado em apoio ao nosso manifesto clicando neste ABAIXO-ASSINADO 

MANIFESTO DA ARTE LUTA, AMOR, DEMOCRACIA


Somos arte
Arte por toda parte
Queremos arte
Arte por toda parte
Arte é vida

Assim vivemos
Assim queremos viver
Viver com arte
Arte em toda parte.

Eis os encantos da arte
nos mais humanos cantos
nas cidades, nos campos,
serra, sertão, litoral
companheiras vozes
em solidário coral.
ave arte
grávida de poesia
ave arte sedenta
de justiça e de democracia!

Direito à Vida
Direito à Cidade
O povo no poder
Poder viver
Viver com arte
Arte em toda parte.

Ave arte
para denunciar a iniquidade
o fel dos senhores da guerra
a fera opressão feudal
que no campo ora impera
com exércitos mercenários
Ave arte que alimenta fé no social
a resistência, a persistência
revolucionária poesia
em defesa da democracia

Arte dos campos
Arte dos territórios
Arte dos quilombos
Arte dos terreiros
Arte dos tambores
Arte dos cocares
Arte dos coletivos
Arte da vida
Arte em toda parte

Ave arte
para denunciar a sanha capitalista
a brincar de deusa,
para nos testar a fé
e pôr em provação
a nossa capacidade
de ser mais irmão
mal sabem esses satânicos
pastores do caos

A nossa maior força
é nossa fé social
cujo evangelho rima
poesia e democracia!

Arte trans
Arte cis
Arte Lê
Arte Gê
Arte Bê
Arte Tê
Arte Queer
Arte I
Arte A
Arte mais diversidade
Arte pan
Arte em toda parte

Ave arte
a tatuar no espírito a liberdade
com o essencial pigmento coragem
para combater os boçais
e dia a dia vencer o breu cruel do desamor
Ave arte de amar verdadeiro amor,

Arte dança
Arte encena
Arte pinta
Arte talha
Arte toca
Arte canta
Arte fala
Arte insólita
Arte liberdade
Arte em toda parte
Nós artistas não somos heróis ou heroínas
tampouco somos vaidade.
somos é da estirpe de Belchior
somos como você
gente do povo somos
e somos multidão

cantores‐cantoras,atorizes-atores,

pintoras-pintores, artesãs-artesãos,
músicos-musicistas, bailarinas-bailarinos,
bordadeiras-bordadeiros
indígenas, crianças, curumins, erês,
somos das ruas, homens anjos,
pretos velhos, mães de santo,
mulheres asas gruas
somos condor
somos surdos-surdas, cegos-cegas,
somos cadeirantes - somos PcDs
e ensinamos a ouvir, a enxergar e a dançar
vem se somar ao nosso ato audaz
nossa poesia é de paz...

PAZ fruto-flor
da imprescindível
justiça social.

Somos Arte!
Arte semeia
Arte cultiva
Arte floresce
Arte frutifica
Arte alimenta
Arte fortalece
Arte liberta

Arte produz senso crítico
Arte combate
Arte conquista democracia
Democracia com arte
Arte em toda parte!

Movimento dos Artistas pela Democracia.

Fortaleza 24 de Setembro de 2022

 

Kelsen Bravos
Jean Eduardo Paiva
Linda Dias
Ítalo Castelar
Marcos Melo Maracatu
Sílvia Carla
Jô Gentil
Cláudia Perotti
Messias Batalha
Gomes Brasil
Evaldo Lima
Rubens Mello
Washington Arraes
Bloco Chico Chico da Matilde

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Que lunático o quê, terráqueo?! - Reginaldo A. Garça*

Crédito das fotos para Reginaldo A. Garça
 Eclipse lunar

Recentemente uma pessoa próxima me chamou de “lunático”. O engraçado é que foi com a intenção de me xingar de maluco ou algo assim...

Quando ouvi a palavra em questão ser proferida, fui imediatamente invadido por uma sensação inédita, tanto que eu não sabia se iniciava uma discussão mais acalorada, ou se ria do xingamento. Quem pensa em ofender alguém chamando-o de “lunático”?!

Ora! Se foi uma tentativa de me ofender, embora ainda querendo manter certo respeito, para evitar ser taxada de preconceituosa de alguma forma, a pessoa foi até inteligente. O caso é que eu repliquei a palavra mentalmente algumas vezes e depois a verbalizei pausadamente: Lu-ná-ti-co...

Isso deve ter causado algo nela, pois a pessoa ficou calada me olhando, e nesse momento ela devia estar pensando: "Eu o acertei e realmente é um 'lunático' e está se dando conta disso agora, ou vai retrucar com algo bem mais agressivo pra cima de mim."

Comecei, então, a repetir a palavra "lunático". E não parava de pronunciar a palavra “lunático” em voz alta, e cada vez que eu proclamava "lunático", tanto mais ela ficava confusa a ponto de essa confusão ficar mais e mais evidente em seu rosto! 

Deixei a pessoa sozinha, evidentemente sem ela entender muito bem o que havia acontecido comigo. Já em casa, fui rever todas as fotos que fiz da lua, (e aqui devo dizer que não foram poucas). Cada vez que eu as via, me dava conta, aos risos, de como algumas pessoas não sabem xingar.... 

 

O caso é que, depois de rever as fotos da lua, nas mais variadas situações em que ela se apresenta para nós, me voltou a questão de como alguém pode querer xingar o outro de "lunático".

De repente me dei conta de que gramática nunca foi o meu forte, então fui rever o conceito da palavra “lunático” e o Google me disse tratar-se de um “substantivo masculino, Indivíduo que é excêntrico ou maluco" e que, segundo sua etimologia (origem da palavra lunático), provém do "latim lunaticus”.

Essa informação mexeu comigo de forma muito mais profunda, pois a ideia de “xingar” alguém de “lunático” não era algo tão somente ligado a uma inaptidão da pessoa que tinha acabado de me “xingar” de “lunático”. Havia um consenso normativo que induzia as pessoas a fazerem dessa palavra um xingamento.

E aí eu pensei um pouco mais sobre o ocorrido desde o princípio da conversa, e cada vez mais me dava conta de que, diante da atual circunstância, ser chamado de “lunático”, para mim, estava longe de ser um “xingamento”.

Pelo contrário, diante dos fatos atuais vividos aqui no planeta Terra (que eu espero ainda seja redondo e levemente achatado nos polos), concluo que para mim xingamento mesmo, bem ofensivo e traumático, é ser chamado de “terráqueo”.

Então, eu me dei conta de que não havia terminado a discussão. Daí liguei para o meu camarada e, assim que ele atendeu, gritei em seu ouvido, em alto e bom som:

Terráqueooooooooooo!...

Pois eu sou desses, eu reajo!!! 

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*Reginaldo A. GarçaFotógrafo, cinegrafista, produtor cultural, educador e cronista, colaborador aqui do Evoé!

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Poética - Kelsen Bravos



Kelsen Bravos
Por um poema
que transmude o doer
do poema calo
         que não soa
                            sua
                                      dor
         no talo do canavial.

Por um poema
que transmude o doer
do poema fábrica
         que ávida
                            apita
                                      grita
         justas queixas.
Por um poema
que transmude o doer
do poema estiva
         que só
                            carrega
                                      descarrega
                  sal.
Por um poema
que transmude este doer
do poema sozinho
         que subverteu
                            a ordem
                                      o descaminho.


Um poema-amor, enfim,
Que reponha até no poema-fome
O fazer-prazer do trabalho
Expressão do poema-homem.

Sim! Um poema-chão-semente
que rebente
dos calos da dor
do perdido ser
feito poema-rio
                   alegrando o mar.


domingo, 8 de maio de 2022

Sina (acontecença)



Com filmagem de Luísa Moura Bravos, interpretação em Libras de Neto Oliveira (que me impressiona cada vez que vejo. Dediquei umas vezes toda minha atenção a ela. Impressionante sim), com trilha sonora de Ianni Macário que adensou a emoção do texto com muita arte, ao violão! Com a ilustração de André Dias que valoriza muito a mensagem, e a movimentação da edição imposta no vídeo por Richelly Barbosa, que lhe amplia a expressão. Quanta beleza essa trupe impôs ao Sina (acontecença)! (KB)

 

domingo, 12 de dezembro de 2021

Leitura e Pensamento Crítico - Kelsen Bravos

A convite da gestora do Instituto Manoel Viana, Lúcia Galdino, gravei um vídeo sobre o tema: Apresentação de Acervo Literário na Linha da Formação do Pensamento Crítico. A gravação foi ao ar no dia 11 de dezembro de 2021, para os participantes do PROJETO: CONTANDO HISTÓRIA E ENCANTANDO VIDAS, apoiado pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, através do Fundo Estadual da Cultura, com recursos provenientes da Lei Federal n° 14.017,de 29 de junho de 2020.

  

https://youtu.be/R8VF0Grbwhs

sábado, 4 de dezembro de 2021

Kelsen Bravos ConVida Elisabete Pacheco



O Kelsen Bravos ConVida constitui um espaço de interação com a temática Literatura, Leitura, Educação e Sociedade. Trata-se de um programa de "entrevista" via live. Nesta edição, em 13/10/2021, recebemos Elisabete Pacheco com o tema: Da arte de narrar e escrever histórias.

Projeto Ao Pé da Letra apresenta: Os tempos do aprender - texto de Marco Severo

 

O projeto Ao pé da Letra traz “Os tempos do Aprender”, texto de Marco Severo, narrado por Kelsen Bravos com tradução para Libras de Alana Oliveira, aquarelas de André Dias, trilha sonora de Levi Miranda editada por Ianni Macário e edição do vídeo de Richelly Barbosa.

FORMAÇÃO DE MEDIADORES DE LEITURA - KELSEN BRAVOS

quinta-feira, 22 de abril de 2021

A EdUECE celebra o Dia Mundial do Livro com a Festa do Livro e da Rosa

A Editora da Universidade Estadual do Ceará (EdUECE) retoma o evento, iniciado no estado há 18 anos, por iniciativa de Cleudene Aragão, e realiza nos dias 22 e 23 de abril, pelo seu canal no YouTube, a 11ª edição da Festa do Livro e da Rosa. Confira toda a programação do evento e a palestra de abertura com José Castilho Marques Neto.


A Editora da Universidade Estadual do Ceará (EdUECE) incorpora à celebração do Dia Mundial do Livro a luta pela democrtização do acesso ao livro. Como destaca sua diretora, Professora Cleudene de Oliveira Aragão: “em tempos em que os livros correm o risco de ser considerados bens de luxo e sofrerem nova taxação, a EdUECE celebra o Dia Mundial do Livro reivindicado-lhes o papel como bem de primeira necessidade e defendendo o direito fundamental de toda a Nação Brasileira ter acesso aos livros e à leitura”.


PROGRAMAÇÃO
22 de abril (quinta-feira):

9h30 – Abertura
10h – Palestra: A edição universitária como política pública, com o professor José Castilho Marques Neto (FCL-Unesp/Araraquara)

18h30 – Apresentação cultural: Performance poética com o Prof. Eleildo Alves (Uece).
19h – Mesa-redonda: A trajetória da EdUECE na difusão do conhecimento, com os professores da Uece, Luiz Cruz, Liduina Farias e Erasmo Ruiz.

23 de abril (Sexta-feira):

17h – Palestra: Editoras universitárias e a difusão do conhecimento em tempos de crise, com a presidente da ABEU, professora Rita Virgínia Argollo.

18h30 – Apresentação cultural: Apresentação musical com o violonista José Filho (Curso de Música – Uece)
19h – Mesa: A novíssima criação literária de mulheres e a edição independente, com Mika Andrade (Olho de Lilith) e Anna K. Lima (Aliás Editora).
 

Toda palavra sentida


 

terça-feira, 14 de julho de 2020

A Literatura de Natalício Barroso no Blog Literatura com Túlio Monteiro

Natalício Barroso
Li com prazer as novidades trazidas a público por Túlio Monteiro sobre o poeta, jornalista e romancista Natalício Barroso, a quem conheço de longas datas e sei do elevado critério por ele dedicado à pesquisa e à escrita literária.

No começo de 2019 ou nos meses finais de 2018, Natalício Barroso me comunicou o desejo de apresentar a uma renomada editora os originais de um romance o qual se dedicou a escrever por quase uma década. Falava com a consciência de experiente autoridade literária. Sabia ele que concluíra uma importante obra. Fiz os contatos que pude. Suponho não ter havido acordo entre autor e editoras.

Certeza tenho agora que sim seu trabalho foi acolhido por importante editora de Portugal e tem sido um sucesso. Daí minha felicidade ao ler no Blog Literatura com Túlio Monteiro esta notícia acompanhada de um panorama das publicações de Barroso, com breve resenha de cada livro.

Mais uma vez o memorialista, ensaísta e crítico literário Túlio Monteiro nos presenteia e honra o seu compromisso com a produção da literatura no Ceará. Para ler mais siga o link O GERENTE DA PRINCESA DOS MÓVEIS, excerto do 9º capítulo do livro “O Bibliotecário dos deuses”, de Natalício Barroso.

Confira também Natalício Barroso na Chiado Books.




sexta-feira, 10 de julho de 2020

UMA BREVE DIGRESSÃO SOBRE A CRÔNICA: DE HOMERO A AIRTON MONTE – POR TÚLIO MONTEIRO

Camaradas leitores do Evoé!

Sugiro a leitura do ensaio de Túlio Monteiro sobre crônica, com destaque para a lavra de Airton Monte. Boa leitura!



UMA BREVE DIGRESSÃO SOBRE A CRÔNICA: DE HOMERO A AIRTON MONTE (In memorian)


“Vive Airton Monte as aventuras de seu imaginário. E as muitas alegrias da vida que sabe celebrar como poucos. É um artistas na melhor acepção do termo. E um boêmio que sabe o sentido das travessias humanas e bem assim, os seus emblemáticos ritos de iniciação e de passagem” (Dimas Macedo).

Definitivamente foi Homero o grande causador – e que bom que tenha sido ele – do surgimento da crônica. Os arrebatadores 15.693 versos divididos em 24 cantos de sua imortal Ilíada são o exemplo primeiro, porque não definir aqui, da crônica-reportagem de guerra, que tem n’Os Sertões, de Euclides da Cunha, seu mais relevante representante em língua portuguesa. Sei que alguns críticos literários afirmam ser o livro Os Sertões o marco inaugural do romance-reportagem no Brasil, no entanto, sob minha ótica, prefiro enxergar a obra maior de Euclides como uma crônica de guerra extremamente rica e realista, que também pode ser apreciada sob o prisma da crônica histórica. Entretanto, o que de fato importa – seja na heroica luta de Aquiles para resgatar Helena das mãos raptoras de Páris, ou no bravo combate de Antônio Conselheiro contra os republicanos brasileiros – é que a Literatura de fina casta foi a grande beneficiada, uma vez que o gênero crônica varou a inexorabilidade do tempo para, atualmente, apresentar-se na forma de narrativas leves, intimistas e repletas de lirismo.
(leia mais...)