tag:blogger.com,1999:blog-89452071917901014192024-03-14T03:46:24.547-03:00Evoé! - Literatura, Livro, Leitura, Cultura Digital, BibliotecasEvoé! - Literatura, Livro, Leitura, Bibliotecas e Cultura Digital - Clubes de Leitura - Bibliodiversidade -
Copyright desde 2007 by Kelsen BravosKelsen Bravoshttp://www.blogger.com/profile/16142298521319631536noreply@blogger.comBlogger1196125tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-16371709152627880102022-10-05T15:53:00.001-03:002022-10-05T15:53:47.386-03:00Que Brasil é Esse?! — Reginaldo A. Garça*<div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Qual a lógica de votar nesse presidente que esteve à frente de nosso país a longuíssimos e dolorosos quase quatro anos?</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Essa é uma questão que não consigo entender com base nas informações que tenho até então, e fatalmente acredito que tais contradições tão profundas não incomodem tão somente a minha pessoa.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Com isso, é muito difícil eu compreender a aceitação do “bolsonarismo” por pessoas que se definem religiosas de qualquer credo, sobretudo, aquelas que se dizem cristãs.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Eu tenho enormes dificuldades em aceitar uma pessoa que se diga artista, ou que trabalhe com cultura, e se apresente como eleitor desse ser embrutecido!</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">É completamente contraditório para mim ouvir um ser, que se coloca como patriota, aceitar o discurso tão mascarado e vazio desse presidente que corrompe e perverte o que temos de mais valioso, que é o nosso povo.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Não consigo entender como é ser negro e votar em um candidato racista como o tal Jair.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Assim como não me faz o menor sentido uma mulher votar em um misógino.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Nunca entenderei um indivíduo da chamada classe C, D, ..., F... votar em uma pessoa orgulhosamente elitista.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Inexplicável como uma pessoa que se reconhece inserida no</span><span style="font-family: verdana;"> universo LGBTQIAP+, e que defenda a ideologia de gênero, se permita ser associada ao nome dessa figura homofóbica. </span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">E por fim me incomodam de forma contundente todas aquelas pessoas que tiveram entre as inúmeras vítimas da Covid-19 entes queridos, sejam estes na família, sejam nos ciclos de amizades, ou mesmo alguém a quem tenham admiração por empatia.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">É inadmissível aceitar quem naturalize t</span><span style="font-family: verdana;">odo o desprezo, toda a psicopatia latente e a completa indiferença, largamente revelada pela criatura que até então continua como presidente desta nação.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Um presidente que não só demonstrou completo desrespeito por</span><span style="font-family: verdana;"> quem morreu não só por causa da pandemia, mas também pelo seu total descaso em buscar minimizar os efeitos da Covid-19.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Que Brasil é esse onde ainda há quem fique do lado desse genocida da era covid?!</span></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">____________________</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">*Reginaldo A. Garça é fotógrafo, cineasta e produtor cultural.</span></div><div><div class="mail-message expanded" id="m#msg-f:1745866541865967222" style="color: white; font-size: 12.8px;"><div class="mail-message-footer spacer collapsible" style="font-family: sans-serif; height: 0px;"></div></div></div>Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-57817055486493450842022-09-24T17:12:00.005-03:002022-09-24T18:35:12.172-03:00Manifesto dos Artistas no Ceará pela Democracia<p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEielV5_3iAQuxiJB7ZrF0hZyoVEQ99m8lOa08Eoqi5XJlz8f53bOBQvf-RXLVOOJVQcUYBPdqW-8oA4rdqTILW01-dNaCO1g4n7yd__esT5iVKa8CX207lq7EB4M30XD2VgyeNu9MLIDBkwIWk48oml46BrEAz_GiVyIe83vUH9wP0I1xsA-OG_9r9haQ/s1080/IMG-20220923-WA0230.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEielV5_3iAQuxiJB7ZrF0hZyoVEQ99m8lOa08Eoqi5XJlz8f53bOBQvf-RXLVOOJVQcUYBPdqW-8oA4rdqTILW01-dNaCO1g4n7yd__esT5iVKa8CX207lq7EB4M30XD2VgyeNu9MLIDBkwIWk48oml46BrEAz_GiVyIe83vUH9wP0I1xsA-OG_9r9haQ/s320/IMG-20220923-WA0230.jpg" width="320" /></a></span></div><p></p><p><span style="font-family: verdana;"><i>Artistas reunidos no estado do Ceará resolvemos fazer um movimento em favor da Democracia e da Paz no Brasil. Defendemos o estado democrático de direito e apoiamos as candidaturas de esquerda representadas nesses eleições pelos candidatos da Federação Brasil Esperança (PT-PCdoB-PV) e coligados. No dia 24 de setembro de 2022, realizamos ato show lítero-musical para lançar a campanha de apoio à Democracia e à Paz na defesa do Estado Democrático de Direito.</i></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><i>Assine o abaixo-assinado em apoio ao nosso manifesto clicando neste <u><a href="http://peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR127219">ABAIXO-ASSINADO</a> </u></i> <br /><br /></span><span style="font-family: verdana;">MANIFESTO DA ARTE LUTA, AMOR, DEMOCRACIA</span></p><p><span style="font-family: verdana;"><br /><span style="font-size: small;">Somos arte<br />Arte por toda parte<br />Queremos arte<br />Arte por toda parte<br />Arte é vida<br /><br />Assim vivemos<br />Assim queremos viver<br />Viver com arte<br />Arte em toda parte.<br /><br />Eis os encantos da arte <br />nos mais humanos cantos<br />nas cidades, nos campos,<br />serra, sertão, litoral<br />companheiras vozes<br />em solidário coral. <br />ave arte<br />grávida de poesia <br />ave arte sedenta<br />de justiça e de democracia!<br /><br />Direito à Vida<br />Direito à Cidade<br />O povo no poder<br />Poder viver<br />Viver com arte<br />Arte em toda parte.<br /><br />Ave arte <br />para denunciar a iniquidade<br />o fel dos senhores da guerra <br />a fera opressão feudal<br />que no campo ora impera<br />com exércitos mercenários<br />Ave arte que alimenta fé no social<br />a resistência, a persistência<br />revolucionária poesia<br />em defesa da democracia<br /><br /> Arte dos campos<br />Arte dos territórios <br />Arte dos quilombos<br />Arte dos terreiros <br />Arte dos tambores<br />Arte dos cocares<br />Arte dos coletivos<br />Arte da vida<br />Arte em toda parte<br /><br />Ave arte <br />para denunciar a sanha capitalista<br />a brincar de deusa,<br />para nos testar a fé<br />e pôr em provação<br />a nossa capacidade<br />de ser mais irmão<br />mal sabem esses satânicos<br />pastores do caos<br /><br />A nossa maior força<br />é nossa fé social<br />cujo evangelho rima<br />poesia e democracia!<br /><br />Arte trans<br />Arte cis<br />Arte Lê<br />Arte Gê<br />Arte Bê<br />Arte Tê<br />Arte Queer<br />Arte I<br />Arte A<br />Arte mais diversidade<br />Arte pan<br />Arte em toda parte<br /><br />Ave arte<br />a tatuar no espírito a liberdade<br />com o essencial pigmento coragem<br />para combater os boçais<br />e dia a dia vencer o breu cruel do desamor<br />Ave arte de amar verdadeiro amor,<br /><br />Arte dança <br />Arte encena<br />Arte pinta<br />Arte talha<br />Arte toca<br />Arte canta<br />Arte fala<br />Arte insólita <br />Arte liberdade<br />Arte em toda parte<br />Nós artistas não somos heróis ou heroínas<br />tampouco somos vaidade.<br />somos é da estirpe de Belchior<br />somos como você<br />gente do povo somos<br />e somos multidão<br /><br />cantores‐cantoras,atorizes-atores,</span></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;">pintoras-pintores, artesãs-artesãos,<br />músicos-musicistas, bailarinas-bailarinos,<br />bordadeiras-bordadeiros<br />indígenas, crianças, curumins, erês,<br />somos das ruas, homens anjos,<br />pretos velhos, mães de santo,<br />mulheres asas gruas<br />somos condor<br />somos surdos-surdas, cegos-cegas,<br />somos cadeirantes - somos PcDs<br />e ensinamos a ouvir, a enxergar e a dançar<br />vem se somar ao nosso ato audaz<br />nossa poesia é de paz...<br /><br />PAZ fruto-flor<br />da imprescindível<br />justiça social.<br /><br />Somos Arte!<br />Arte semeia<br />Arte cultiva<br />Arte floresce<br />Arte frutifica<br />Arte alimenta<br />Arte fortalece<br />Arte liberta<br /><br />Arte produz senso crítico <br />Arte combate<br />Arte conquista democracia<br />Democracia com arte<br />Arte em toda parte!<br /><br />Movimento dos Artistas pela Democracia.<br /><br />Fortaleza 24 de Setembro de 2022<br /><br /> </span></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;">Kelsen Bravos<br />Jean Eduardo Paiva<br />Linda Dias<br />Ítalo Castelar<br />Marcos Melo Maracatu<br />Sílvia Carla<br />Jô Gentil<br />Cláudia Perotti<br />Messias Batalha<br />Gomes Brasil<br />Evaldo Lima<br />Rubens Mello<br />Washington Arraes<br />Bloco Chico Chico da Matilde</span></span></p>Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-18759215147322828722022-06-01T19:36:00.320-03:002022-06-05T18:31:39.032-03:00Que lunático o quê, terráqueo?! - Reginaldo A. Garça*<p></p><div style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: x-small;">Crédito das fotos para Reginaldo A. Garça</span><br /></span></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlLtag2zlZbcX3Q0S_jrmxEimBXCpckmoiwjK9dVRnvVOLNuMSqZCy2z4gznOwXkPh_oj-mujeMpftRFFCtkIFJFawv0d6hYbNvB_RvBSfgo7omp-9ys8NY3St8tMVwr95BkfH8GXDcytoo68-8Az8V3RI414ZjomxR7cpG5XUF29UARA1OpU4HpT4PQ/s3249/LUAeclipseReginaldoGar%C3%A7a.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2088" data-original-width="3249" height="258" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlLtag2zlZbcX3Q0S_jrmxEimBXCpckmoiwjK9dVRnvVOLNuMSqZCy2z4gznOwXkPh_oj-mujeMpftRFFCtkIFJFawv0d6hYbNvB_RvBSfgo7omp-9ys8NY3St8tMVwr95BkfH8GXDcytoo68-8Az8V3RI414ZjomxR7cpG5XUF29UARA1OpU4HpT4PQ/w400-h258/LUAeclipseReginaldoGar%C3%A7a.jpg" width="400" /></a></span></td></tr><tr align="justify"><td class="tr-caption"><span style="font-family: verdana;"> <span style="font-size: small;">Eclipse lunar</span> </span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span>Recentemente uma pessoa próxima me chamou de “lunático”. O engraçado é que foi com a intenção de me xingar de maluco ou algo assim... </span></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span>Quando ouvi a palavra em questão ser proferida, fui imediatamente invadido por uma sensação inédita, tanto que eu não sabia se iniciava uma discussão mais acalorada, ou se ria do xingamento. Quem pensa em ofender alguém chamando-o de “lunático”?!</span></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span>Ora! Se foi uma tentativa de me ofender, embora ainda querendo manter certo respeito, para evitar ser taxada de preconceituosa de alguma forma, a pessoa foi até inteligente. O caso é que eu repliquei a palavra mentalmente algumas vezes e depois a verbalizei pausadamente: Lu-ná-ti-co...</span></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span>Isso deve ter causado algo nela, pois a pessoa ficou calada me olhando, e nesse momento ela devia estar pensando: "Eu o acertei e realmente é um 'lunático' e está se dando conta disso agora, ou vai retrucar com algo bem mais agressivo pra cima de mim."</span></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span>Comecei, então, a repetir a palavra "lunático". E não parava de pronunciar a palavra “lunático” em voz alta, e cada vez que eu proclamava "lunático", tanto mais ela ficava confusa a ponto de essa confusão ficar mais e mais evidente em seu rosto! </span></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span>Deixei a pessoa sozinha, evidentemente sem ela entender muito bem o que havia acontecido comigo. Já em casa, fui rever todas as fotos que fiz da lua, (e aqui devo dizer que não foram poucas). Cada vez que eu as via, me dava conta, aos risos, de como algumas pessoas não sabem xingar.... </span></span></span></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span> </span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdXp0SweNvOctYMIzd31lltlzHV2_eVgajFsHg1eWEVDGc9oFk_yLPLiKH99yykDmR4ei83WX_bFs3M3jCPmOgWzpZ_mjrVrN36JNPgK9_Jht1Rf_jsbDJKUUddT6jtd5pcBIXI2YF3DSKUNgxfJqHwXfHe3dgflFrben5KKKbXhKbMQ_E3-nLzhpBBw/s240/LuaSorrindo_reginaldogar%C3%A7a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="160" data-original-width="240" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdXp0SweNvOctYMIzd31lltlzHV2_eVgajFsHg1eWEVDGc9oFk_yLPLiKH99yykDmR4ei83WX_bFs3M3jCPmOgWzpZ_mjrVrN36JNPgK9_Jht1Rf_jsbDJKUUddT6jtd5pcBIXI2YF3DSKUNgxfJqHwXfHe3dgflFrben5KKKbXhKbMQ_E3-nLzhpBBw/w418-h278/LuaSorrindo_reginaldogar%C3%A7a.jpg" width="418" /></a></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span>O caso é que, depois de rever as fotos da lua, nas mais variadas situações em que ela se apresenta para nós, me voltou a questão de como alguém pode querer xingar o outro de "lunático".</span></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span> </span></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span>De repente me dei conta de que gramática nunca foi o meu forte, então fui rever o conceito da palavra “lunático” e o Google me disse tratar-se de um “substantivo masculino, Indivíduo que é excêntrico ou maluco" e que, segundo sua etimologia (origem da palavra lunático), provém do "latim lunaticus”.</span></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span> </span></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span>Essa informação mexeu comigo de forma muito mais profunda, pois a ideia de “xingar” alguém de “lunático” não era algo tão somente ligado a uma inaptidão da pessoa que tinha acabado de me “xingar” de “lunático”. Havia um consenso normativo que induzia as pessoas a fazerem dessa palavra um xingamento.</span></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span>E aí eu pensei um pouco mais sobre o ocorrido desde o princípio da conversa, e cada vez mais me dava conta de que, diante da atual circunstância, ser chamado de “lunático”, para mim, estava longe de ser um “xingamento”.</span></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span>Pelo contrário, diante dos fatos atuais vividos aqui no planeta Terra (que eu espero ainda seja redondo e levemente achatado nos polos), concluo que para mim xingamento mesmo, bem ofensivo e traumático, é ser chamado de “terráqueo”.</span></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span>Então, eu me dei conta de que não havia terminado a discussão. Daí liguei para o meu camarada e, assim que ele atendeu, gritei em seu ouvido, em alto e bom som:</span></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span>Terráqueooooooooooo!... </span></span></span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span><span>Pois eu sou desses, eu reajo!!! </span></span></span></span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><span>___________________ <br /></span></span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><span> </span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><span>*<b>Reginaldo A. Garça</b> - </span></span><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;">Fotógrafo, cinegrafista, produtor cultural, educador e cronista, colaborador aqui do Evoé!</span></span></p>Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-66140518956215446042022-05-16T19:07:00.004-03:002022-05-16T19:07:54.628-03:00Poética - Kelsen Bravos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><br />
<div align="right" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: right;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><br />
Kelsen Bravos<o:p></o:p></span></b></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Por um poema<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">que transmude o doer<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">do poema calo<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>que não soa<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 3;"> </span>sua<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 4;"> </span>dor<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>no talo do canavial.<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"></span>Por um poema<o:p></o:p></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">que transmude o doer<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">do poema fábrica<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>que ávida<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 3;"> </span>apita<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 4;"> </span>grita<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>justas queixas.<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Por um poema<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">que transmude o doer<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">do poema estiva<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>que só<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 3;"> </span>carrega<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 4;"> </span>descarrega<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>sal.<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Por um poema<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">que transmude este doer<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">do poema sozinho<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>que subverteu<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 3;"> </span>a ordem<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 4;"> </span>o descaminho.<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Um poema-amor, enfim,<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Que reponha até no poema-fome<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">O fazer-prazer do trabalho<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Expressão do poema-homem.<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">Sim! Um poema-chão-semente<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">que rebente<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">dos calos da dor<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">do perdido ser<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;">feito poema-rio<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><span style="mso-tab-count: 2;"> </span>alegrando o mar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div></div>Kelsen Bravoshttp://www.blogger.com/profile/16142298521319631536noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-50262744143582733322022-05-08T21:11:00.006-03:002022-05-08T21:15:10.063-03:00Sina (acontecença)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;">Com filmagem de Luísa Moura Bravos, </span><span style="font-family: inherit;">interpretação em Libras de Neto Oliveira (que me impressiona cada vez que vejo. Dediquei umas vezes toda minha atenção a ela. Impressionante sim),</span><span style="font-family: inherit;"> com trilha sonora de Ianni Macário que adensou a emoção do texto com muita arte, ao violão! Com a ilustração de André Dias que valoriza muito a mensagem, e a movimentação da edição imposta no vídeo por Richelly Barbosa, que lhe amplia a expressão. Quanta beleza essa trupe impôs ao <b>Sina (acontecença)</b>! (KB)</span></div></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div> </div><div style="text-align: center;"><iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="300" src="https://www.youtube.com/embed/YlGkYd1MngA" title="YouTube video player" width="480"></iframe></div>Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-36673037176367870572021-12-12T21:15:00.001-03:002021-12-12T21:22:36.028-03:00Leitura e Pensamento Crítico - Kelsen Bravos<p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p><span style="font-family: verdana;">A convite da gestora do Instituto Manoel Viana, Lúcia Galdino, gravei um vídeo sobre o tema: <b>Apresentação de Acervo Literário na Linha da Formação do Pensamento Crítico</b>. A gravação foi ao ar no dia 11 de dezembro de 2021, para os participantes do <span class="style-scope yt-formatted-string" dir="auto">PROJETO: CONTANDO HISTÓRIA E ENCANTANDO VIDAS, apoiado pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, através do Fundo Estadual da Cultura, com recursos provenientes da Lei Federal n° 14.017,de 29 de junho de 2020.</span></span> </p><p></p><p style="text-align: center;"> <iframe frameborder="0" height="270" src="https://youtube.com/embed/R8VF0Grbwhs" style="background-image: url(https://i.ytimg.com/vi/R8VF0Grbwhs/hqdefault.jpg);" width="480"></iframe> </p><p style="text-align: center;">https://youtu.be/R8VF0Grbwhs</p>Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-40268478090320021062021-12-04T21:41:00.002-03:002021-12-04T21:41:27.530-03:00Kelsen Bravos ConVida Elisabete Pacheco<p></p><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><br /><br />O<b> Kelsen Bravos ConVida</b> constitui um espaço de interação com a temática Literatura, Leitura, Educação e Sociedade. Trata-se de um programa de "entrevista" via live. Nesta edição, em 13/10/2021, recebemos Elisabete Pacheco com o tema: Da arte de narrar e escrever histórias.</span></span><p><iframe frameborder="0" height="270" src="https://youtube.com/embed/cSDGz6ImrGs" width="480"></iframe></p>Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-1300714821114254602021-12-04T20:28:00.001-03:002021-12-04T20:28:26.904-03:00Projeto Ao Pé da Letra apresenta: Os tempos do aprender - texto de Marco Severo<p></p><p></p><p></p><p><iframe frameborder="0" height="270" src="https://youtube.com/embed/dbPIQVA3Fv8" width="480"></iframe> </p><span style="font-size: small;"></span><p style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;">O projeto Ao pé da Letra traz “Os tempos do Aprender”, texto de Marco Severo, narrado por Kelsen Bravos com tradução para Libras de Alana Oliveira, aquarelas de André Dias, trilha sonora de Levi Miranda editada por Ianni Macário e edição do vídeo de Richelly Barbosa.</span></span></p>Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-49626533397746603672021-12-04T20:13:00.002-03:002021-12-04T20:13:52.020-03:00FORMAÇÃO DE MEDIADORES DE LEITURA - KELSEN BRAVOS<iframe frameborder="0" height="270" src="https://youtube.com/embed/_BkO4o9r8As" width="480"></iframe>Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-7283891445426829702021-04-22T11:59:00.004-03:002021-04-22T11:59:44.823-03:00A EdUECE celebra o Dia Mundial do Livro com a Festa do Livro e da RosaA Editora da Universidade Estadual do Ceará (EdUECE) retoma o evento, iniciado no estado há 18 anos, por iniciativa de Cleudene Aragão, e realiza nos dias 22 e 23 de abril, pelo seu canal no YouTube, a 11ª edição da Festa do Livro e da Rosa. Confira toda a programação do evento e a palestra de abertura com José Castilho Marques Neto.<div><br /><div style="text-align: center;"><iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/5n1BAydA39Y" title="YouTube video player" width="480"></iframe></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A Editora da Universidade Estadual do Ceará (EdUECE) incorpora à celebração do Dia Mundial do Livro a luta pela democrtização do acesso ao livro. Como destaca sua diretora, Professora Cleudene de Oliveira Aragão: “em tempos em que os livros correm o risco de ser considerados bens de luxo e sofrerem nova taxação, a EdUECE celebra o Dia Mundial do Livro reivindicado-lhes o papel como bem de primeira necessidade e defendendo o direito fundamental de toda a Nação Brasileira ter acesso aos livros e à leitura”.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>PROGRAMAÇÃO</b></div><div style="text-align: justify;">22 de abril (quinta-feira):</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">9h30 – Abertura</div><div style="text-align: justify;">10h – Palestra: A edição universitária como política pública, com o professor José Castilho Marques Neto (FCL-Unesp/Araraquara)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">18h30 – Apresentação cultural: Performance poética com o Prof. Eleildo Alves (Uece).</div><div style="text-align: justify;">19h – Mesa-redonda: A trajetória da EdUECE na difusão do conhecimento, com os professores da Uece, Luiz Cruz, Liduina Farias e Erasmo Ruiz.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">23 de abril (Sexta-feira):</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">17h – Palestra: Editoras universitárias e a difusão do conhecimento em tempos de crise, com a presidente da ABEU, professora Rita Virgínia Argollo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">18h30 – Apresentação cultural: Apresentação musical com o violonista José Filho (Curso de Música – Uece)</div><div style="text-align: justify;">19h – Mesa: A novíssima criação literária de mulheres e a edição independente, com Mika Andrade (Olho de Lilith) e Anna K. Lima (Aliás Editora).</div></div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"><div>FONTE: <a href="http://www.uece.br/noticias/no-dia-mundial-do-livro-eduece-retoma-festa-do-livro-e-da-rosa-no-ceara/" target="_blank">UECE - EdUECE</a></div><div><br /></div></div>Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-69821057201378237462021-04-22T10:42:00.003-03:002021-04-22T10:42:43.057-03:00Toda palavra sentida<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/M6wNTHg4s0M" width="320" youtube-src-id="M6wNTHg4s0M"></iframe></div><br /> <p></p>Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-79239835044167345402020-07-14T11:16:00.000-03:002020-07-14T11:16:59.592-03:00A Literatura de Natalício Barroso no Blog Literatura com Túlio Monteiro<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-pzqBbZcO11I/Xw0As6fu-HI/AAAAAAAABpQ/ESCQQe8JsNkS9ztnr-Rse6ZtPH6YimVHwCLcBGAsYHQ/s1600/nataliciobarroso1.jpg" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="400" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-pzqBbZcO11I/Xw0As6fu-HI/AAAAAAAABpQ/ESCQQe8JsNkS9ztnr-Rse6ZtPH6YimVHwCLcBGAsYHQ/s320/nataliciobarroso1.jpg" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Natalício Barroso</td></tr>
</tbody></table><div>
Li com prazer as novidades trazidas a público por Túlio Monteiro
sobre o poeta, jornalista e romancista Natalício Barroso, a quem conheço
de longas datas e sei do elevado critério por ele dedicado à pesquisa e
à escrita literária.</div><div><br /></div><div>No começo de 2019 ou nos meses finais
de 2018, Natalício Barroso me comunicou o desejo de apresentar a uma
renomada editora os originais de um romance o qual se dedicou a escrever por quase uma década. Falava com a consciência de experiente autoridade
literária. Sabia ele que concluíra uma importante obra. Fiz os contatos
que pude. Suponho não ter havido acordo entre autor e editoras.</div><div><br /></div><div>Certeza tenho agora que sim
seu trabalho foi acolhido por importante editora de Portugal e tem sido um sucesso. Daí minha felicidade ao ler no <b>Blog Literatura com Túlio Monteiro</b>
esta notícia acompanhada de um panorama das publicações de Barroso, com
breve resenha de cada livro.</div><div><br /></div><div>Mais uma vez o memorialista, ensaísta e
crítico literário Túlio Monteiro nos presenteia e honra o seu
compromisso com a produção da literatura no Ceará. Para ler mais siga o
link <a href="https://tuliomonteiroblog.wordpress.com/2020/05/13/o-gerente-um-conto-de-natalicio-barroso/" target="_blank">O GERENTE DA PRINCESA DOS MÓVEIS, excerto do 9º capítulo do livro “O Bibliotecário dos deuses”, de Natalício Barroso</a>.</div><br />Confira também Natalício Barroso na <a href=" https://chiadoeditora.com/autores/natalicio-barroso" target="_blank">Chiado Books.</a><br /><br /><br /><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-75480360387011056152020-07-10T23:57:00.000-03:002020-07-10T23:57:53.644-03:00UMA BREVE DIGRESSÃO SOBRE A CRÔNICA: DE HOMERO A AIRTON MONTE – POR TÚLIO MONTEIROCamaradas leitores do Evoé!<br /><br />Sugiro a leitura do ensaio de Túlio Monteiro sobre crônica, com destaque para a lavra de Airton Monte. Boa leitura!<br /><br />
<br /><br /><h2>
<i><b>UMA BREVE DIGRESSÃO SOBRE A CRÔNICA: DE HOMERO A AIRTON MONTE (In memorian)</b></i></h2>
<i><br />“Vive Airton Monte as aventuras de seu imaginário. E as muitas alegrias da vida que sabe celebrar como poucos. É um artistas na melhor acepção do termo. E um boêmio que sabe o sentido das travessias humanas e bem assim, os seus emblemáticos ritos de iniciação e de passagem” (Dimas Macedo).<br /><br />Definitivamente foi Homero o grande causador – e que bom que tenha sido ele – do surgimento da crônica. Os arrebatadores 15.693 versos divididos em 24 cantos de sua imortal Ilíada são o exemplo primeiro, porque não definir aqui, da crônica-reportagem de guerra, que tem n’Os Sertões, de Euclides da Cunha, seu mais relevante representante em língua portuguesa. Sei que alguns críticos literários afirmam ser o livro Os Sertões o marco inaugural do romance-reportagem no Brasil, no entanto, sob minha ótica, prefiro enxergar a obra maior de Euclides como uma crônica de guerra extremamente rica e realista, que também pode ser apreciada sob o prisma da crônica histórica. Entretanto, o que de fato importa – seja na heroica luta de Aquiles para resgatar Helena das mãos raptoras de Páris, ou no bravo combate de Antônio Conselheiro contra os republicanos brasileiros – é que a Literatura de fina casta foi a grande beneficiada, uma vez que o gênero crônica varou a inexorabilidade do tempo para, atualmente, apresentar-se na forma de narrativas leves, intimistas e repletas de lirismo.</i><a href="https://tuliomonteiroblog.wordpress.com/2020/07/07/uma-breve-digressao-sobre-a-cronica-de-homero-a-airton-monte-por-tulio-monteiro/" target="_blank"> (leia mais...)</a><br />Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-28436150288600738032020-05-22T02:57:00.002-03:002020-05-23T14:11:33.443-03:00NO DIA INTERNACIONAL DA BIODIVERSIDADE, O KELSEN BRAVOS CONVIDA RECEBE LINDA DIAS E ÍTALO CASTELAR<h3 style="text-align: center;">
Our solutions are in nature<br />(Nossas soluções estão na Natureza)</h3>
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-uhF1EUxJFb4/XsdoaB7atiI/AAAAAAAABmw/j31Ty-Dd1OUZPNLL0nsu2O7TtOK3-PeBQCLcBGAsYHQ/s1600/Kelsen_BravosConVida_Linda-Italo2.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Crédito da foto de Ítalo e Linda: Leomar de Souza" border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="200" src="https://1.bp.blogspot.com/-uhF1EUxJFb4/XsdoaB7atiI/AAAAAAAABmw/j31Ty-Dd1OUZPNLL0nsu2O7TtOK3-PeBQCLcBGAsYHQ/w200-h200/Kelsen_BravosConVida_Linda-Italo2.png" width="200" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">O 22 de Maio foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Diversidade Biológica. A data celebra a conservação da biodiversidade e afirma a importância de toda a humanidade em defendê-la. Segundo o ex-Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, o Dia Internacional serve para lembrar a importância de biodiversidade do planeta e pretende chamar a atenção para as devastadoras perdas que estamos sofrendo em um momento em que espécies insubstituíveis se extinguem em um ritmo sem precedentes. A preservação da preciosa biodiversidade de nosso planeta é essencial para o desenvolvimento e a segurança. Não são apenas os animais e culturas das zonas agrícolas, mas também os muitos milhares de plantas e animais que existem nas florestas, nos oceanos e em outros ecossistemas que precisam ser protegidos para preservar o equilíbrio ambiental fundamental do planeta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<h4>
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">Nossas soluções estão na Natureza</span></h4>
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">Para 2020, o tema é <i>Our solutions are in nature</i> (Nossas soluções estão na Natureza) a partir do qual a Conferência de Biodiversidade da ONU definiu o objetivo de promover a sensibilização e esclarecer a importância da biodiversidade, bem como de outras questões globais relacionadas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<h4>
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">conVida</span></h4>
<div>
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">O <b>Kelsen Bravos conVida</b> é um espaço de interação com a ampla temática <b>Literatura, Leitura, Educação e Sociedade</b>. A cada edição recebe, para um papo com o anfitrião e a audiência, <i>conVidados</i> para falar sobre seu trabalho, seus projetos e a vida.</span></div>
</div>
<h4 style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">conVidados</span></h4>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">Ítalo Castelar, escritor, compositor e músico, e Linda Dias, artista visual, ilustradora, percussionista e escritora, ambos arte-educadores, há mais de uma década buscam conscientizar para os cuidados com o meio ambiente. Por meio da Arte sensibilizam crianças e adultos. Tudo começou com o projeto <b>Reciclando o Futuro</b>, que reunia oficinas de reciclagem e arte, uma semeadura que fez brotar espetáculo homônimo, e depois rebentou em um jardim de livros que há de virar floresta e depois um bioma de conscientização. Vamos falar, mais que nunca, de Arte e de Vida neste conVida do dia 22/05/2020 a partir das 15 horas no Instagram @kelsen_bravos! (KB)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">_________</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;"><b>Expediente</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">Kelsen Bravos conVida</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">Linda Dias e Ítalo Castelar </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana, sans-serif;">(Foto de Linda e Ítalo: Leomar de Souza)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">Dia 22/05/2020</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">15 horas</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">Instagram</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">@kelsen-bravos</span></div>
Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-89545398093076151702019-12-07T01:45:00.001-03:002019-12-09T21:45:32.215-03:00Se for assim, eu só sei que vou à luta - por Kelsen Bravos*<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">a Vinícius de Moraes, Manuel Bandeira, Aldir Blanc, João Bosco,<br />Ariano Suassuna, Zé Dantas, Gonzagão e Gonzaguinha</span><br /><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br /><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br /><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">“Há mais coisas no céu e terra, Horácio,</span><br /><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">do que foram sonhadas na tua filosofia”</span><br /><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">(<i>There are more things in heaven and earth, Horatio,</i></span><br /><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>Than are dreamt of in your philosophy</i>)</span><br /><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">William Shakespeare, Hamlet</span></span></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">O bom de estar num bate papo com amigos é a falta de compromisso com qualquer coisa a lembrar a mínima formalidade acadêmica. Dispensa-se justificar qualquer argumento com um arrazoado conceitual de uma determinada teoria de base para demonstrar resultados empíricos sobre o tema de responsa em pauta. </span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Aliás, tema de responsa em um papo com amigos caracteriza-se pela gratuidade. Surge assim de repente da telha de quem nem se sabe quem o propôs. Daí ganha volume e explode em acaloradas afirmações as mais estapafúrdias.</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">São as mais estapafúrdias afirmações, eu lhes asseguro, todas elas dotadas dos mais densos sentidos, mas seria um rotundo despropósito levá-los a sério num bate papo, pois transformaria uma descontraída conversa em muito grave conflito entre emoção e razão.</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Foi, pois, numa dessas conversas estapafúrdias que surgiu o tema para esta nossa hebdomadária crônica. “O homem quando nasce já está predestinado a morrer” e ainda foi-lhe acrescida, em tom pomposo, “entre o céu e a terra existe muito mais coisas que nossa vã filosofia”. Teríamos aqui uma citação de Hamlet, uma peça que permanece viva há mais de quatrocentos anos?!</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Fico a imaginar agora o tremendo fracasso que seria Shakespeare se em suas peças fosse explicar com um arrazoado a podridão do poder. Imaginem se ele deixasse prevalecer a formalidade racional do personagem Horácio (que exclama como formidavelmente estranha a presença do fantasma do rei Hamlet) e não a passionalidade do príncipe Hamlet (que diz “se é estranho, então, dê-lhe boas vindas” [pois] “há mais mistérios entre céu e terra, Horácio, do que foram sonhadas na tua filosofia”).</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Se em vez disso, fosse Shakespeare tergiversar sobre os mistérios do pós-morte, para justificar a vingança do príncipe Hamlet pela morte de seu pai e punir os corruptos, sua obra prima seria um fracasso, como está correndo risco de sê-lo agora, por enfadonho, este meu texto.</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Isto posto, explicitamos como pressuposto único, tácito e universal, para um bate papo com amigos, não duvidar da verdade alheia. Não se deve questionar, por exemplo, - como verdade absoluta! - que o resultado quebrado da soma de dois mais dois seja de fato a origem da teoria terraplanar olaviana. E pronto! </span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">E como esta crônica quer ser um bate papo com amigos, vou me furtar de falar de “O homem quando nasce já está predestinado a morrer”, primeiro porque não há morte. Vide o exemplo de William Shakespeare, o Bardo de Avon está vivo até hoje! Segundo, porque, se há morte, não se sabe nem quando, nem onde, nem como ela se dará, é, pois, também, como tudo no mundo, uma estranha incerteza. E, sendo, estranha, nos resta dar-lhe boas vindas!</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Incertezas, é claro, devem ocupar o precioso espaço e tempo em nossas conversas com amigos. Ou vocês acham que o Ariano Suassuna, um mestre na arte de prosear, desprezaria o “eu num sei, eu só sei que foi assim” para explicar o inexplicável, o aquilo que é incerto para as filosofias, para a racionalização estraga-prazer?!</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Uma roda de conversas entre amigos, um bate papo, um “diz-que-disse macio que brota dos coqueirais”, como nos cantou o Poetinha, é uma paratopia, uma espécie de Pasárgada, um lugar, ao mesmo tempo, sagrado e profano que para que se institua bastam pelo menos dois iguais se reúnam, como tantos outros iguais, para contar mentiras a fim de suportar a barra da realidade, essa contumaz estraga prazeres.</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Ultimamente alguns amigos estão bem criativos nas mentiras que inventam para a gente suportar a barra da vida. Vejam só vocês que pérolas: </span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">O presidente da Fundação Palmares, uma organização social de defesa da política afirmativa da negritude, declara que a escravidão foi benéfica, que Zumbi dos Palmares foi um atraso. Eita que mentira, que lorota boa!</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">O presidente do país, que diz “margens flácidas” ao cantar Hino Nacional, declara que peixes não se contaminam com óleo tóxico vazado no mar porque são inteligentes e fogem. O seu ministro do meio ambiente concorda e exemplifica. E tem mais, o presidente acusa Leonardo DiCaprio, um ator hollywoodiano, de ser o responsável pelos incêndios na floresta amazônica. Mas são umas lorotas e tanto!</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">O presidente da Funarte declara que os Beatles eram comunistas, que Althusser escrevia as letras da canção dos “comunistas de Liverpool". Quanta criatividade! Fantástico!!!</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Todos eles acreditam que a Terra é plana.</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">O quê?! Não são mentiras?! Oh, Tupã, se a invasão da realidade ao espaço sacroprofano da conversa com amigos significa um rotundo despropósito contra a catarse das emoções reprimidas pela dura lida da vida, o que se dirá de a delirante catarse fascista ter virado a realidade? </span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Para tentar sanar a nação de tão surreal situação, vou seguir é o exemplo de Gonzaguinha, e ir com a juventude que não foge da luta a troco de nada, vou é junto do bloco da mocidade que sabe que é negro o coro da gente, e que, apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro, que não está na saudade e por isso luta e constrói a manhã desejada. Evoé!</span></span><br />
<br />
______________ <span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /> <b>*Kelsen Bravos</b> - professor, escritor, cronista, compositor, poeta, editor do Evoé!</span></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></span></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-75450689980797614702019-11-30T03:27:00.000-03:002019-12-01T10:16:13.607-03:00Que lacanagem... - por Kelsen Bravos*<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">a Freud, Sartre, Lacan, Agepê</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">aos cantor e compositores da música General da Banda:</span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"> </span></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> Blecaute</span></span>, Tancredo Silva, José Alcides e Sátiro de Melo</span> </span></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Sensação de queda abissal, ou afogamento, ou perseguição, ou mesmo a de - quando se deixa de fumar - perder a respiração por causa da fumaça do cigarro... quem nunca acordou em sobressalto pela madrugada por causa de uma sufocante sensação de angústia? São tantas as formas de o nosso inconsciente nos proporcionar relaxamento. Uma delas é esta de tensionar o sono a ponto de nos acordar movido por estresse e depois, ao tomar ciência da situação, sermos envolvidos por profundo alívio que nos pacifica e nos aninha no sono dos justos.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">A ciência afirma que ao dormir toda vez se sonha. O sono e o sonho são objetos das mais diversas análises. Do ponto de vista místico, a literatura cabalística sobre o significado dos sonhos é sem fim. Do ponto de vista científico, na psicanálise, por exemplo, Freud dedica capital importância aos sonhos e conclui que ele realiza desejos. Sartre diz que o homem dorme e sonha para satisfazer os seus desejos e acorda para realizar os seus sonhos. Lacan diz que só acordamos para continuar sonhando.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Acontece que muito pouco lembramos do que sonhamos; mas, a julgar verdadeira a afirmação sartreana, estamos todos, quando em vigília, a realizar o que sonhamos e isso nos dá prazer, alívio e paz de espírito. É, portanto, necessário, imprescindível, dormir, e bem. Mas a considerar Lacan, os devaneios, a fantasia, a angústia da vigília, consciente ou não, é também um sonhar. Então, o desejo de dormir, mais do que a necessidade, é um fator bastante considerável e carregado de sentidos.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Existe, entretanto, quem, embora sinta-se dominado pelo desejo de dormir, não consiga fazê-lo. É o caso daquele ser sombrio para quem o sono e o sonhar há muito não acontecem. Talvez por isso se atole numa ideia fixa, por ter cristalizadas as emoções mais pavorosas, em razão de não aliviá-las nem em sonho, porque não dorme. Acordado, vive seus pesadelos e não relaxa nunca. Vê em todos os desconhecidos uma ameaça, desconfia até dos amigos mais próximos. Vivencia a sufocante angústia acordado, desde o levantar ao amanhecer até a hora de deitar para (tentar) dormir.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Na hora de dormir, confere a arma sob o travesseiro, a outra na mesa de cabeceira e a da cintura. Longe delas não consegue nem deitar. Com elas, pelo menos tenta cochilar; é, porém, em vão. A acidez do estômago, o refluxo, a dor no fígado, o inchaço no pâncreas, a próstata inflamada, a incontinência urinária, a latejante e dolorosa hemorroida não o deixam em paz. Tal situação vem sendo agravada desde a colocação da faixa auriverde tiracolar que transformou um mito em comandante-em-chefe de uma republiqueta.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Vive transtornado por não conseguir dormir. Sonolento nele, só o raciocínio, a inteligência. O resto de si é uma insônia só. Que procure um especialista, recomendam os mais chegados, mas ele não confia em ninguém, vê traição na proposta.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Após incontáveis tentativas, a Menina de Cabelos Longos conseguiu convencê-lo a se tratar - a</span></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">ssim chama a sua mulher, </span></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">inspirado pela música de Agepê,</span></span></span></span> não só por suas religiosas madeixas mas também porque sua presença o faz desejar comer, beber, dormir e não pagar; pois sim, ela o venceu pelo cansaço e fê-lo se consultar com um especialista ligado ao seu líder espiritual, pastor Mequetrefe, e ressaltou que foi indicado pelo Asqueirós, o sabe-tudo, seu homem de confiança.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">O tal profissional dizia-se especialista em Lacan; mas era de araque, fazia mesmo era lacanagem. Com o conhecimento que tinha, seria bem capaz de ser convidado a assumir algum ministério do governo. Talvez o da Conversa para Boi Dormir.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Logo na primeira sessão, o especialista levou o paciente a concluir que o seu gostar da música </span></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Menina dos Cabelos Longos, </span></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">de Agepê, não tinha nada a ver com a esposa, mas com o recalque contra nordestinos, nortistas e com a necessidade vital de usar armas.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">O fato se deu pela insistência do paciente em deixar claro que só aceitou conversar com ele por causa da Menina de Cabelos Longos e também porque se negou a deitar num divã, preferiu ir para sua alcova, porque lá estavam suas armas fiéis.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Conversa vai, conversa vem, ele pediu que cantasse pelo menos um trecho da música e dela só lembrou de “eu sei que no nordeste tem cabra da peste /e no norte tem faca de corte e calor/ mas vou levar cheio de bala/ um trezoitão [pá-pá-pá-pá] na mala e um ventilador. [Porra!]”.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Daí, revelou a realidade, não era por causa da Menina de Cabelos Longos que gostava da música, mas pelo trezoitão na mala. Em epifânico êxtase, gritou aliviado que era isso aí, era isso mesmo [porra!], era pelo trezoitão, pá-pá-pá-pá! Você é bom mesmo, vai acabar ganhando um ministério [Porra]!</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Naquele dia conseguiu mais do que um cochilo, chegou a dormir e sonhar; mas o sono acabou em angústia, viu-se sufocado por alguma coisa que lhe prendia o pescoço e gritava repetidas vezes a palavra “calma” com a letra L bem pronunciada e um som de R no final: “callllmar”...</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Ao revelar o sonho de angústia para o especialista em lacanagem, este fez cara de estou entendendo e pronunciou calllmar bem interrogativo. Pediu que repetisse várias vezes tentando imitar a voz do sonho:</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Calllma, calama, calama, calamar, CALAMAR! CALAMAR! CALAMAR! CALAMAR!... repetiu a ponto de perder o sentido de tudo ao redor, como em transe hipnótico. </span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">No alto da sua sapiência lacanagemética, o terapeuta perguntou qual era o seu maior medo. E afirmava, você tem um medo colossal. Qual é o seu maior medo? Responda para si mesmo! Admita para si mesmo! Quem estava sufocando você no sonho?</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">O paciente começou a se contorcer em surto, tentava livrar o pescoço de um aperto, e também tentava livrar a cintura, as pernas, um braço, se contorcia, a coisa que o envolvia parecia ter vários braços. Entrava em desespero ao tentar sem êxito alcançar os trezoitões. Já quase sem ar, num fio de voz, conseguiu falar: calamar, calamar, calamar…</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Lula! - exclamou o terapeuta. É uma lula-colossal! Calamar é sinônimo de lula-colossal. Ao ouvir o nome Lula, o paciente adotou posição fetal, foi-se encolhendo, dobrando-se sobre si mesmo até travar, e cair num soluçante choro aliviador. O terapeuta o envolveu e lentamente o trouxe do transe. Estava completamente extenuado e feliz, porque aliviado.</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Dormiu profundamente naquela noite. Na sessão seguinte, estava bem tranquilo. Sonhara com a lula-colossal sendo dominada por Moros - o deus da sorte, do destino e da morte, um demônio (<i>daemon</i>), segundo a mitologia grega. Moros me salvou, porra! - exultou em pleno alívio.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Feliz da vida começou a cantarolar a música General da Banda: "Chegou o general da banda, êh-êh... mourão, mourão, vara madura que não cai/mourão, mourão, mourão, cutuca por baixo que ele vai..."</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Mas o especialista em lacanagem ao ouvir a música lhe revelou algo muito mais grave, disse-lhe que o nome científico de lula-colossal é <i>Mesonychoteuthis hamiltoni</i>.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">A revelação lhe trouxe </span></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">acidez do estômago, refluxo, dor no fígado, inchaço no pâncreas, próstata inflamada, incontinência urinária e intestinal, seguida de latejante e dolorosa
hemorroida,</span></span> por fim o colocou num surto irreversível, depois de gritar: HAMILTONI?! Porrrrrr... <br /><br />______________</span><span style="font-size: small;"><b> </b></span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>*Kelsen Bravos</b> - professor, escritor, cronista, compositor, poeta, editor do Evoé!</span></span></div>
Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-52786123267579250292019-11-23T00:58:00.005-03:002023-11-06T17:31:45.814-03:00Pela matriarcal Nação Brasileira - por Kelsen Bravos*<div style="margin-left: 40px;"><span style="font-family: verdana;"></span><br /></div><div style="margin-left: 40px; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">
</span></div><div style="margin-left: 40px; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
</div></div><div style="margin-left: 40px; text-align: right;"><div><div>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: x-small;"><span face=""verdana" , sans-serif">a Luiz Carlos da Vila,<br />Rildo Hora, Sérgio Cabral (o pai),<br />à Estação Primeira de Mangueira</span></span></span></div></div></div><div style="margin-left: 40px; text-align: justify;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">A um amigo online num grupo do whatsapp, de chofre, solicitei um mote para minha crônica semanal. Ele me respondeu que lhe pegara de calça curta. Excelente tema, exclamei. Um outro propôs “mais vale milicianos na mão do que uma embaixada nos EUA”. Recuperado, o primeiro emplacou “a valorização da família”. Um terceiro mandou juntar tudo e, sendo o meu coração um condomínio onde sempre cabe mais um, acolhi a todas as propostas.</span></span><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">Agora estou cá nesse engodo e o meu juízo não para de pensar na narrativa dos espetáculos de abertura e de encerramento da Olimpíada do Rio de Janeiro em 2016. Nunca me identifiquei tanto com um discurso. Pareceu-me ver sorrir o tão sonhado dia de graça em que felizes poesias estão a brindar porque o mal foi cortado pela raiz, tal qual nos diz o samba “Por um dia de Graça”, do Luiz Carlos da Vila.</span></span><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">Já na cerimônia de abertura, propôs e praticou a tolerância entre os povos, o respeito a imigrantes. Foi a primeira das Olimpíadas a acolher atletas refugiados. Eles representaram uma nação plural, ecumênica. Fez-se “a porta aberta ao irmão de qualquer chão, de qualquer raça”. </span></span><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">O discurso trouxe também a sustentabilidade ambiental com treze mil sementes de duzentas e sete árvores nativas plantadas em tótens ecológicos por todos os integrantes dos 207 países participantes. De cada palma de mão, um palmo de chão recebeu sementes de felicidade que hão de formar a Floresta dos Atletas. O plantio definitivo, porém, por involuções políticas, só começou três anos depois. Antes tarde do que nunca.</span></span><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">Se a abertura afirmou a diversidade cultural brasileira, o encerramento, embora com sofridas restrições do governo golpista à proposta original, foi uma festa da raça brasileira, uma quizomba multicultural. Talvez tenha sido a última realização da Política Cultural desenvolvida no Brasil de 2002 a 2016, quando foi golpeada. Uma festa linda que fez desfilar a diversidade das expressões de todas as regiões da Nação Brasileira. Inesquecível e sem fim, pois sua narrativa ficou em aberto, para sua proposta permanecer eterna.</span></span><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">Em vez de terminar, todos os presentes deram continuidade à festa ao se misturarem a todos os artistas num congraçamento universal. Todo mundo, em estado de graça, caiu na quizomba, em louvação, a sambar. Foi sim um dia de graça. Aquele encerramento não acabou! Ficou aberto feito o fraterno desejo sem fim de meu sorório coração em acolher com irmandade e igualdade, com respeito às diferenças, à diversidade, ao multiculturalismo, à sustentabilidade ambiental, enfim, com o melhor jeito brasileiro de ser.</span></span><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">Na transmissão pelas tevês, a câmera ao subir e abrir o plano para o infinito fez o mundo inteiro ver “o não chorar e o não sofrer se alastrando”, e ouvir ecoar o emocionado canto de todos na harmonia da festa, e entendeu a necessidade de um áureo tempo de Justiça ao raiar a Liberdade. Até hoje, tem gente, feito eu, a festejar. A Nação Brasileira mostrou ao mundo ser possível a Utopia que sonhamos.</span></span><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">Mas, pegos de calças curtas, já vivíamos num país sequestrado pelo mais vil dos golpes que deu força à ascensão do velho novo fascismo. Fascismo sustentado pela falsa moral dos que falam em vão o nome de Deus e se apoiam na força das quadrilhas milicianas, que assassinam no campo e nas cidades, que estão nos mais escusos negócios seja contra a agricultura familiar e pela ascensão da cultura do agroveneno, seja no tráfico de drogas, de minerais, de madeiras, de influências para encobrir o malfeito dos cúmplices e cometer impunemente crimes de lesa-pátria.</span></span><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">Em nome da valorização da família, promovem o discurso preconceituoso, punitivo, excludente, racista como pilares de sustentação da célula social matriz. O núcleo familiar é machista e de expressão misógina. </span></span><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">No lugar da Educação, a vazia disciplina, sinônimo da cega obediência, que mata a criatividade e sangra a diversidade. Impõem a arma e a intolerância como política de segurança, saciam a fome da besta da morte, para eliminar a diversidade, o diferente, a igualdade. Usam a pedagogia do medo e se auto proclamam missionários e agentes de Deus a quem todos devem cega obediência e temor. </span></span><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">Ao líder chamam de mito para lhe conferir poderes acima dos mortais. Um mito que está a matar o melhor do Brasil: a Nação Brasileira e toda a beleza de sua diversidade cultural. O poder no planalto central e no sudeste tem sim a expressão de um mito. Mas tão louca e sombria quanto a expressão das pinturas de Goya em que Saturno (Cronos) - por temor que eles lhe tirem o poder - devora os próprios filhos. </span></span><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">Tão louco quanto a imagem do mito Saturno a devorar os próprios filhos é o desmonte dos direitos sociais fundamentais, da cultura, do trabalho, da sanidade do Estado Democrático de Direito, ora em curso no país.</span></span><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">Mais louca do que a alegoria pintada por Goya é a imagem real dos helicópteros do vil Witzel a matar a infância das crianças cariocas, numa tática de terrorismo de estado importada de Israel (que a usa contra as crianças e a cultura palestina), para impor às gerações o medo e assim conquistar a rendição e cristalizar o respeito à cultura opressora. Uma estratégia fascista que há muito desvirtua Israel e está colocada em prática aqui contra a Nação Brasileira.</span></span><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">Aqui, pois, no Brasil o mito tem sua mossad (a temida polícia secreta de Israel). Um poder também secreto, porém, criminoso, miliciano, a quem preserva a todo custo, pois vale muito mais do que uma embaixada nos EUA, porque é quem mata os filhos da pátria que lhe ameaçam o poder.</span></span><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">Tamanha é a insensatez de tudo isso, que às vezes sinto ameaçada a minha crença na humanidade; mas nas minhas discussões com Tupã, me ilumino ao perceber que para separar o joio do trigo precisamos deixar que ambos cresçam e se fortaleçam, pois a separação precoce mataria os dois.</span></span><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: small;"><span face=""verdana" , sans-serif">É por isso que mantenho bem vivo em meu espírito o discurso do encerramento da Olimpíada no Brasil e torço para as crianças, feito no samba "Os meninos da Mangueira", de Rildo Hora e Sérgio Cabral (o pai), recebam de presente de Natal, em vez de arminhas, um pandeiro e uma cuíca e corram para organizar uma linda bateria, e que a velha guarda se una aos meninos e que todos, unidos, possamos transformar o passado, o futuro e o presente numa quizomba e que a Nação Brasileira seja definitivamente uma sociedade matriacal, e, como canta Estação Primeira de Mangueira, tenha a cara de Cariri, a sua liberdade tenha a força do Dragão de Aracati e que prevaleçam as vozes das Dandaras, Marias, Mahins, Marielles, Malês. Evoé!</span></span><span style="font-size: x-small;"><span face=""verdana" , sans-serif"> </span></span><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: x-small;"><span face=""verdana" , sans-serif"> ____________</span></span><span style="font-size: small;"><br /><b>*Kelsen Bravos</b> - professor, escritor, cronista, compositor, poeta, editor do Evoé!</span></span></div>
<span style="font-family: verdana;"></span></div><span style="font-family: verdana;">
</span>Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-7739188939223704842019-11-15T15:51:00.001-03:002020-01-28T08:58:05.138-03:00Odeio mentir - por Kelsen Bravos*<span style="font-size: x-small;"><i><br /></i></span>
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A arte existe porque a vida não basta.</span></span></i></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><i>Ferreira Gullar</i></span> </span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Além da leitura, um de meus prazeres é escrever. Gosto de crônicas. Para mim é o que seria, para muitos, ver o time do peito vencer um clássico na final do campeonato, ou a escola de samba ganhar mais um carnaval, ou conquistar bonito o festival de quadrilha junina. Algo assim quase tão bom quanto beijar sob luar à erma praia e, depois do silêncio de depois, jogar-se com a amada no mar, já no tudo de novo outra vez…</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Nesses tensos dias cheios de construção do nada, sinto a imprescindível necessidade de escrever crônicas, porque pressupõe a leitura atenta do contexto, obriga-me a refletir sobre o estado de coisas e a dialogar com o tempo presente para construir sentidos e, quem sabe, legar um registro ficcional importante para ajudar a interpretar a realidade e, assim, evitar a repetição da iniquidade tão perversa desses dias cheios de nada a legar…</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Por estar tão caótico o contexto, resolvi pedir sugestão de temas para facilitar minha necessidade de escrever. Integro vários grupos em mídias de relacionamento. Um dos quais com pessoas de quem fiquei amigo há décadas e que bem recente nos reencontramos. Quando nos conhecemos, éramos muito jovens, passamos poucas e boas juntos. As dificuldades, que não foram poucas, nos uniram. Superamos todas elas e aprendemos muito com isso.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quase quarenta anos depois, já com um pé no clube dos sessentões, senhores profissionalmente bem sucedidos, alguns com solar brilho no olhar ao exibir a netalhada... Pois lhes digo que o reencontro trouxe aquela juventude de volta, alguns reeditam a mesma imaturidade ao se provocarem e se debaterem numa discussão com argumentos que - num sei não viu? - causam risos até neles mesmos, até porque é isto sim o que querem: voltar a ser meninos.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A mesa do bar em que nos encontramos é um portal que nos transporta para eutopia de nossa velha juventude. Na evolução de lá para cá, histórias mil cada um tem para contar. Todas elas importantes. Acontecimentos felizes outros não. Dramáticos, trágicos, feios e cheios de beleza, tudo assim junto e misturado, porque falamos de vida e vida de verdade não é novela.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Sou professor e trabalho pela emancipação social por meio da Cultura, notadamente, pela arte, a arte literária, a leitura e a escrita e sei que cada pessoa tem sua trajetória e a trajetória de cada ser é milenar a se considerar toda a ascendência, a ancestralidade de cada uma. A essa história milenar que trazemos no DNA chamamos dignidade. Eu tenho uma tremenda consideração por essas trajetórias. Ferir uma sequer significa desrespeitar a dignidade de todos. Adoro gente! Amo essa diversidade de veredas e amplos caminhos unidos que compõem a história da humanidade.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">As trajetórias de meus amigos são diversas, os pensamentos também, há polarizações ideológicas. A maioria defende a satisfação de interesses mais imediatos. Têm uma visão pragmática um tanto quanto deturpada, pois, uma vez satisfeito o imediatismo, não importam as consequências subjacentes. Outros defendem a evolução e o aprimoramento das garantias de um estado de bem-estar social. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Gosto de lhes ouvir os argumentos; gosto mais ainda das histórias bem despretensiosas. Daí resolvi dentre os muito grupos a que integro nas redes sociais eleger o desses meus bons amigos de quem tanto gosto para me sugerirem motes para escrever a bendita crônica semanal. Esta é a terceira, à primeira um amigo sugeriu “<a href="https://kelsenbravos.blogspot.com/2019/11/cuspiu-no-prato-e-na-propria-existencia.html" target="_blank">cuspiu no prato</a>”. A segunda o mesmo amigo mandou o tema “<a href="https://kelsenbravos.blogspot.com/2019/11/peixe-inteligente-e-mae-ailoveiou-trump.html" target="_blank">peixe inteligente</a>”. Para esta, ele resolveu não propor para dar vez aos demais. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Acontece que ninguém sugeriu um mote sequer. Acessei o grupo e perguntei. Um deles me disse ter até medo ou receio (sim receio e não medo) de propor. Fiquei intrigado. Que será que será que aconteceu nas crônicas anteriores?! Tentei entabular uma conversa esclarecedora, mas recebi a reticente resposta de que eu precisaria ler nas entrelinhas, decifrar metáforas… Estaria meu bom amigo a me aplicar um “je ne sais quoi” verissimoniano?! Não cri e descartei tal possibilidade.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Propus pensarmos para que serve a arte e por que ela é tão odiamada. Ele respondeu que não sabia dizer; mas ela é imprescindível. Falei que minhas crônicas são apenas alegorias, que a arte imita a vida, que são ficcionais, que existe um contrato tácito entre autor e leitor de aceitarmos um mundo paralelo para entender o real. Por fim citei Gullar para o meu bom amigo: “a arte existe porque a vida não basta”. E, parodiando o poeta maranhense, falei que não escrevo para temer (ou recear), mas para livrar do temor (ou do receio).</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Depois dessa conversa com o meu bom amigo, ficou-me renitente a questão da ficção e da realidade nesse contexto de pós-verdade em que qualquer história manipulada por interesses políticos, por mais absurda que seja, acaba considerada real, verdadeira, porque nem mais contestada é. Estamos imersos no reino do consumismo, onde impera o descartável e, no que deveria ser o campo das ideias, foge-se da verticalização das coisas. Os argumentos têm profundidade pireslesca. A leveza do pensar foi corrompida. O pior sentido da leveza do pensamento, o senso crítico zero, é soberano. Daí quanto mais rápida e fútil a comunicação, mais ela é cegamente viralizada. Qualquer imbecil vira “influencer”, sobretudo, se contar com uma legião de robôs. Então o tal “influencer”, segundo o apólogo de Trilussa, cresce em importância quanto mais são os zeros a segui-lo - e a viralizá-lo.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Nesse contexto absurdo, abcego e abmudo, o tal contrato discursivo entre autor e leitor sobre o mundo do faz de conta se liquefaz e evapora. Tudo no universo da pós-verdade é incontestável. Cochilei com essa frase retinindo em meu juízo. Acordei em sobressalto delirante, o fim do compromisso com a verdade trará o caos. A fusão entre ficção e realidade transformará em verdadeira a história do Coringa - agora com muita fidelidade difundida no cinema - haverá a supremacia anarquista, a pós-verdade vai parir o pós-caos, as peças da Dragonauta vão virar cantigas de ninar.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Para espairecer fui à vendinha do bairro, o Mercadinho Seu Luís. Lá histórias reais e divertidas lorotas são contadas à moda antiga. Peixe, pesa aí essas bananas para mim. Já que peso, Peixe. - respondeu com desânimo. Todos lá se tratam assim, peixe pra lá, peixe pra cá. Acho que por influência do filho policial do dono da venda. Eu prefiro chamar as pessoas pelo nome.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O Seu Luís, meu bom vizinho, é um figura simpática. Ninguém, porém, é perfeito. Eleitor do gozo Bozo, está depressivo. Sua antes sortida venda está de mal a pior. Os credores cada vez mais agressivos. Ele me olhou profundamente e me disse que hoje em dia ninguém respeita mais ninguém, que a situação não está boa, fez uma pausa longa: "do jeito que o senhor me avisou na época da eleição". Tive vontade de dizer: Peixe, procura o Sebrae; mas, penalizado, só consegui lhe falar que vai melhorar…</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Odeio mentir.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> <b><br />____________<br />*Kelsen Bravos</b> - professor, escritor, cronista, compositor, poeta, editor do Evoé!<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"> </span></span> </span></span></div>
Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-84790272220716303032019-11-11T08:50:00.002-03:002019-11-11T08:51:29.123-03:00Peixe inteligente é a mãe! Ailoveioú, Trump! - por Kelsen Bravos*<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><i><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A Zeré e Ibraim, autores de "Tragédia no Fundo do Mar " (Assassinato do Camarão)</span></span></i></span><br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></span></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Sig não queria crer no que ouvia, pensou estar com súbita disacusia, quando recebeu a notícia de que a autoridade máxima daquele paiseco havia declarado achar peixes uma espécie capaz de, a cada situação inusitada de risco, elaborar estratégia de preservação por meio de raciocínio lógico dedutivo. Declaração - diga-se! - para minimizar os impactos mortais da contaminação dos mares da republiqueta, devido a um “misterioso” vazamento de toneladas de petróleo!</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Superada a surpresa, Sig investiga o absurdo daquele ato de fala. Depois de apurada análise, conclui tratar-se de manifesto recalque por rejeição materna, ou seja: peixe inteligente é a mãe! É que Freud tudo explica! Ainda mais no caso em questão, a que se deve acrescentar como causa fundante o fato de aquela figura ter tido um pai durão, autoritário e ambicioso. Durão também no sentido econômico do termo, autoritário no sentido de não reconhecer a autoridade de outrem (e se for do gênero feminino… aí é que não dá a menor trela mesmo), ambicioso no sentido de sede de poder, de querer sentir-se superior, devido à muito baixa autoestima. O caso é grave e vem do berço!</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Em criança, já era insaciável, consumia tudo com voracidade de famélico cardume de piranhas. É que, ainda bebê, o pai, por ciúmes da mãe, não o deixava mamar. Se insistia no desejo, levava um safanão, porque tinha de ser homem, porra! E engolisse o choro! A mãe - a verdadeira - foi ano a ano progressivamente anulada até sumir sem deixar lembrança a não ser a insaciedade, sempre contida à base de repelão. Desde então mamar por debaixo dos panos virou sua razão de ser.</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Com o sumiço da mãe, apegou-se ao pai. Não era apego, era dependência, que aumentava a cada corretivo que levava, com direito a grito e punição física. Pleno de confusos sentimentos, cresceu oprimido, ameaçado e pobre. Queria a qualquer custo ficar rico, para livrar-se do pai satisfazendo-lhe a ambição. Experimentou várias profissões sem êxito. Quando tentou ser mineiro, sofria a humilhação a cada volta de mãos vazias à casa paterna. Para evitar a frustração do pai e os safanões, passou a trabalhar por debaixo dos panos.</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Era a nulidade em pessoa. Sem competência para nada, apegou-se à vida militar. Durão, ele era só tiro, porrada e bomba. Sentiu-se com poder, mas o vazio existencial persistia. Insaciável, queria mais do que podia. Fez, por isso, carreira incerta. Por debaixo dos panos tantas fez o moço que foi expulso. Virou representante da causa dos soldados de vida vazia e armas na mão. Caiu na política, o mais suscetível lugar do por debaixo dos panos, e sua única conquista antes de ser comandante-em-chefe da republiqueta foi fazer dos filhos também políticos.</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Sim, a despeito de seu recalcado sentimento pela figura feminina, fez filhos machos, fraquejou apenas uma vez quando gerou uma fêmea. Queria ser para os filhos o que fora para si o pai: algoz e mantenedor; o macho provedor do bando. O pai era o seu maior medo e a quem se submetia para sentir-se seguro. Não conseguiu no todo, pois queria ser disciplinador; mas era permissivo. As mães dos filhos, conseguiu fazê-las sumir paulatinamente, porque, por ciúme, ele não as deixava amamentá-los. Se os bebês choravam dava-lhes safanão, mas depois se arrependia. Transformara sua casa numa corruptela de quartel. Muito tiro, porrada e bomba, sem limites. Quando estava condescendente, ordenava: Paga uma completa de dez, porra! Comigo! Abaixo, acima… UM! Abaixo, acima, DOIS!... </span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">A criançada caía na risada com o jeito por debaixo dos panos de ele fazer o apoio de frente. Ele, em vez de ter raiva e puni-los, também se divertia. É que os filhos lhe deram a oportunidade de viver uma infância que não teve, sobretudo, na hora de irem dormir.</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"></span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Mãe ausente, na hora de dormir, o pai crocitava para os filhotes a fábula musical de Zeré e Ibrahim, que dá conta de uma tragédia no fundo do mar desencadeada pelo assassinato de um camarão. As personagens, peixes, crustáceos, moluscos (na versão original não havia molusco, o pai acrescentou porque odeia lulas e polvo), todas elas tinham ações humanas, não necessariamente inteligentes. O siri, o caranguejo e o guaiamum eram os mais queridos da família. </span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">O caranguejo levou preso o tubarão. O siri, vejam só, sequestrou a sardinha para ela confessar. O guaiamum, por quem tinham total empatia, disse que para investigar daria um pau nas piranhas “lá fora” e garantia que elas iam ter de entregar o assassino! O pai ria ao dizer que nem que morram umas trinta mil, elas iam ter de entregar lula, porra!!!</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Os filhos cresceram odiando e temendo os tentáculos de lula e “povo” (assim pronunciavam polvo). Eles e o pai sofriam pesadelos com tentáculos a lhes apertar. Acordavam sem ar. Às vezes, o pesadelo era uma alucinação coletiva. Todos corriam para colocar os capacetes militares para se protegerem - mais que isso! - para virarem o siri, o caranguejo, o guaiamum. Era comum, o amanhecer surpreender pai e filhos entrincheirados no quarto, aninhados, em posição fetal, com a carapaça militar na cabeça. Claro, por debaixo dos panos.</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">O recalque pela falta da mãe e pela negação do pai, o pavor sempre crescente, o fez confundir realidade com fantasia. Vivia o próprio delírio. Achava mesmo peixes inteligentes, pois, quando da fabulosa tragédia no fundo mar, a tainha se mandou, o peixe-espada se entocou, e o peixe-galo bateu asas e voou, então, claro, que os peixes, que são inteligentes, fugiriam da mancha de óleo.</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Em intensa crise delirante, a figura do pai se transformava em enorme lula com poderosos tentáculos a lhe oprimir e tirar o ar. Para se acalmar evocava a figura do mais poderoso dos guaiamuns, o comandante-em-chefe dos Estados Unidos! Detentor da mais poderosa força bélica do mundo! Essa pátria era para ele uma mãe, mamaria nela até se saciar. Submissa - e não respeitosamente, prestava continência militar a ela. Via no presidente dos Estados Unidos a figura do bom pai, perto dele experimentava um estado gozoso, misto de medo e segurança. Por sentir-se confiante, tirava do por debaixo dos panos de si mesmo o gozo em que se transformara.</span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">E foi como um gozo que declarou ao poderoso guaiamum o que sempre teve vontade de dizer ao próprio pai, mas a garganta travava. Em outra língua talvez fosse mais fácil. Pareceria ser por debaixo dos panos. E, no por debaixo dos panos do inglês, pronunciou para a paterna figura do guaiamum o que não conseguia pronunciar em português: “Ailoveiú, Trump!”</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">________________</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">*Kelsen Bravos - professor, escritor, compositor, poeta, editor do Blog Evoé! </span></span></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-34375980102685487432019-11-02T00:30:00.000-03:002019-11-02T11:09:49.701-03:00Cuspiu no prato e na própria existência - por Kelsen Bravos*<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Foi surpreendido com a definitiva viagem em que partiu na primeira estrela da manhã e nem era aquela a sua estrela guia. Demorou para cair na real. Até tomar consciência da nova situação, viveu a ilusão de sua vidinha cotidiana; para ele, vida de rei, tal qual a do poderoso leão alfa da savana africana. Sim, um poderoso rei leão! Era assim que se sentia e vivia tal ilusão, com ares aristocráticos, para amenizar sua dura rotina semanal.<br /><br />Na realidade, seus hábitos eram simples, achava-se um generoso patrão, embora explorasse o trabalhador e de tudo fizesse para instituir de forma consuetudinária o logro da mais-valia, que as leis trabalhistas não o deixavam obter. Leis, aliás, para ele, antiquíssimas e desonestas com quem investia e movia a economia do país, pois quase não lhe deixavam opções contra os direitos dos trabalhadores (para que direito maior do que o de estar empregado?! E ele, a realeza, gerava empregos!). Essas leis trabalhistas lhe sonegavam os lucros! Sentia-se injustiçado! Pior, sentia-se perseguido pelas leis e pelos impostos! Passou a cometer uma série de contravenções fiscais e financeiras para potencializar cada vez mais o seu império. Ouvia a voz da própria consciência em reprovação: você virou um <i>serial lawbreaker</i>! Não tinha mais paz!<br /><br />Daí desenvolveu uma mania de perseguição, um medo de ser lesado, pânico de ser descoberto, indiciado e condenado. O caso descambou de vez quando começou a ver em todos, e, sobretudo, nos plebeus - assim ele denominava os demais cidadãos; pois sim passou a ver em todos um inimigo, uma iminente ameaça capaz de cometer um latrocínio contra ele e os seus. Por tudo isso vivia em surto.<br /><br />Não foi, portanto, à toa que se regozijou com as propostas de um candidato a presidente da república que confessava aos gritos que sim, sonegava mesmo! Que ia acabar com os impostos! Que ia liberar armas para os cidadãos de bem (ou de bens). Que bandido bom é bandido morto. Que vai matar “uns trinta mil e daí, porra?!” Que ia acabar com a mamata dos povos indígenas, dos quilombolas, dos LGBTs, das escolas com ideologia, com a presença de pobre na universidade, com aposentadoria, com a Amazônia. Devastaria a porra das árvores e, onde havia floresta, para salvar o país, incentivaria a mineração, exploraria o nióbio! A identificação foi tanta que se encantou e somou-se ao coro de “mito, mito, mito” em favor do candidato Messias B que, fazendo arminhas com as duas mãos, vociferava “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos!”<br /><br />Fascinado, nem reparou que o nome Messias B significa falso Messias; o lado B do Messias. É o contrário do Messias. Essa marca do mal estava explícita nas bravatas do candidato. Até no lema de campanha, o candidato pronunciava em vão o nome de Deus. De nada adiantava alertá-lo, até porque ao constatar que o guru do Messias B era o mesmo astrólogo que</span></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"> numa entrevista</span></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"> lhe proporcionara a revelação profissional, perdeu de vez o senso crítico. Vivia a repetir que Olavo, o mesmo “gênio” que lhe iluminou o caminho, era o guru do Messias B.<br /><br />Na entrevista, o guru dissera que o melhor negócio do novo milênio seria investir em impressoras 3 D. Ele vislumbrou a oportunidade e com determinação desprezou tudo que até então houvera conquistado e virou empresário da área gráfica. Claro que não tinha capital para investir em impressoras 3 D; mas, decidido, iniciou com uma pequena empresa. Beneficiou-se de todos os programas de incentivo a microempreendedores e a pequenas empresas criados pelo governo de Luís Inácio Lula da Silva. Não só dos incentivos, mas também das circunstâncias favoráveis do mercado criadas pelas excelentes relações internacionais geradas pelo governo petista.<br /><br />De microempreendedor tornou-se um bem sucedido pequeno empresário; mas já se considerava um leão alfa da savana africana, tal qual o mascote do seu time de futebol do coração. Logo logo esqueceu dos compromissos com os programas de incentivo, desprezou tudo quanto era ético e passou a burlar todas as leis, as mesmas que lhe asseguraram o sucesso. Passou a cuspir no prato que comia. Que ingrato! E só para viver uma vida fingida como se fosse real.</span></span> <span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />A vida real e a fingida cada vez mais se misturavam. A sua situação lembrava a dimensão do poema Autopsicografia em que Pessoa diz que o poeta finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente. Aos domingos, pois, a realeza gostava de se fingir plebeu para </span></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">tão completamente</span></span> misturado a eles degustar feito um <i>gourmet</i> a mais popular das paneladas do mercado público. Virou um hábito sagrado. E foi exatamente no ciclo dominical da centésima septuagésima primeira semana após a inesperada e definitiva partida na primeira estrela da manhã, que nem era a sua estrela guia, que aconteceu o fato que o fez começar a tomar consciência de estar na erraticidade.<br /><br />Essa tomada de consciência, esse momento epifânico se deu no mercado público, depois de insistir no pedido da desejada panelada. Era em vão, pois lhe ignoravam. Quando pareceu ser atendido, sentou-se à mesa em frente a um dos <i>habitués</i> dominicais feito ele. Tentou entabular uma conversa, mas o outro não largava o celular, fotografou o prato enviou a foto, seguida de uma mensagem de áudio que não deu para ouvir direito. Achou que a atenção que dera ao outro o distraiu a ponto de agora o prato que era seu estar sendo devorado por um estranho. Que insolência!!!<br /><br />Indignado tentou cuspir no prato alheio. Não conseguiu cuspir. Insistiu em vão. Isso lhe deu um estranhamento. Começou a ouvir vozes em ladainha. O que as vozes diziam, pareceram-lhe vagamente familiar: E agora? <i>Já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode</i>… Tapou os ouvidos em vão; não conseguia se tocar… <i>a luz apagou</i>..., <i>o povo sumiu</i>, olhou para o lado, o mercado sumira, ... <i>sozinho no escuro</i>… tentou gritar, tentou gemer, tentou acordar, mas percebeu que não dormia… fechou os olhos e a imagem de sua amada suplicante apareceu em sua mente. Concentrou-se nela, viu que estava em uma alcova, de camisola, segurava uma cueca sua.<br /><br />Ele meneou a cabeça e abriu os olhos. Estava num quarto estranho em cuja parede um cartaz informava: “Centro Espírita Prazeres do Além: Viúvas, passem momentos de prazer com seus falecidos maridos. Importante trazer uma cueca do defunto”.<br /><br />A ficha caiu, quando viu alguém vestido com sua cueca, a beijar sua amada que sofregamente correspondia… Ao tentar falar, ouviu a ladainha… <i>está sem mulher</i>, <i>está sem discurso</i>, <i>está sem carinho</i>… <i>tudo acabou, tudo fugiu, tudo mofou</i>… <i>E agora</i>... </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Sentiu uma lancinante agonia e foi abduzido dali por um pé de vento que aumentou o vozerio em ladainha … <i>e agora, você?</i> ... <i>que é sem nome, que zomba dos outros</i>… <i>e agora</i>… <br /><br />JOSÉ! Gritou ele, ao lembrar do poema de Drummond que fora obrigado a ler na escola. O tempo ficou estático. Mas José, sem parar de marchar, sempre seguido pelo rei Leão, respondeu que sim era ele… E-eu… eu morri?!... Não há morte… você cuspiu na existência que consumiu… vai ficar a vagar na erraticidade… a não ser que esclareça alguém para não cometer o mesmo erro que você…<br /><br />Dito o que era para ser dito, José seguiu marchando ninguém sabe para onde. E ele, o rei leão, estava de volta ao mercado, chegou bem na hora em que o <i>habitué</i> da panelada gravava mais uma mensagem de áudio: “E aí, Memé, você tá vindo?”... Daí entendeu sua missão para sair da erraticidade e começou a lhe soprar ao ouvido: “Sebrae, procure o Sebrae…”</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">___________<br /><b>*Kelsen Bravos</b> - professor, escritor, cronista, compositor, poeta, editor do Evoé! </span></span></div>
Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-85613135914206332022019-09-24T14:42:00.000-03:002019-09-24T14:45:32.927-03:00Os jovens e a leitura - Kelsen Bravos<div style="text-align: center;">
<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/IOAkcvAETrs" width="480"></iframe></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Comentário do autor sobre o fascículo 6, "Jovem e Leitura", do curso Formação de Mediadores da Leitura (2018-2019), veiculado pela FDR/UANE com apoio da Secretaria de Cultura de Fortaleza-SecultFor e chancelado pela Universidade Federal do Ceará. Kelsen Bravos integra o Grupo de Pesquisa LEER - Literatura: Estudo, Ensino e (Re)leitura do Mundo, liderado pela pós-doutora, na área de Conhecimento e Inclusão Social, Cleudene Aragão.</span></div>
Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-4579139051310757222019-05-14T01:46:00.000-03:002019-05-14T01:46:17.651-03:00Radicalidade na Coleção Mais Paic Mais Literatura - Kelsen Bravos<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/UFPyUz__XLw" width="480"></iframe><br />
<span style="background-color: #fb5e53; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 16px;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
O Canal Evoé! trata de Literatura, Livro, Leitura, Bibliotecas e Cultura Digital. Publica resenhas de livros, informações sobre eventos, políticas públicas, mediação de leitura, pesquisas e artigos acadêmicos e bate papo com autores, gestores e demais gentes do Livro, Leitura, Literatura, Bibliotecas e Cultura Digital. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Visite o nosso Canal no Youtube e confira todos os vídeos sobre a coleção Mais Paic Mais Literatura. É só clicar em <a href="https://www.youtube.com/playlist?list=PLGCu2IztBfGV1k9l1700LTL9F87gRA78N">Evoé! - Livro, Leitura, Literatura, Bibliotecas</a>.</span><br />
<br />
É isso. Evoé!Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-19372206352401830692019-05-03T15:00:00.000-03:002019-05-04T20:21:15.892-03:00Coleção Mais Paic Mais Literatura - Só um dedo de Prosa - Efigênia Alves e Suzana Paz<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/SoxDL77oSVQ" width="480"></iframe><br />
<span style="background-color: #fb5e53; font-family: "georgia" , "utopia" , "palatino linotype" , "palatino" , serif; font-size: 16px;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Damos continuidade à série de vídeos sobre as duas Coleções Mais Paic Mais Literatura, falamos hoje sobre o título "Só um dedo de prosa", escrito por Efigênia Alves e ilustrado por Suzana Paz. </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /><br />O Canal Evoé! trata de Literatura, Livro, Leitura, Bibliotecas e Cultura Digital. Publica resenhas de livros, informações sobre eventos, políticas públicas, mediação de leitura, pesquisas e artigos acadêmicos e bate papo com autores, gestores e demais gentes do Livro, Leitura, Literatura, Bibliotecas e Cultura Digital.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Visite o nosso Canal no Youtube e confira todos os vídeos sobre a coleção Mais Paic Mais Literatura. É só clicar em <a href="https://www.youtube.com/playlist?list=PLGCu2IztBfGV1k9l1700LTL9F87gRA78N">Evoé! - Livro, Leitura, Literatura, Bibliotecas</a>.</span><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É isso. Evoé!</span>Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-83037192740347995062019-04-30T18:31:00.000-03:002019-05-01T01:45:36.209-03:00Coleção Mais Paic, Mais Literatura - Krenac e o Neto de José<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O tema geral dos livros O neto de José e Krenac - o ET em Contatos Culturais em Fortaleza é o patrimônio cultural material e imaterial, respectivamente escritos por Samanta Lena Souza e Célia Perdigão. Ambas as narrativas foram ilustradas por Beto Skeff. Os livros integram a Coleção Mais Paic Mais Literatura, composta de crônicas, contos, novelas, romances, cordéis e poesias, escritos e ilustrados por autores do Ceará, traz aventuras desafiadoras, existenciais, em cenários da cultura e da história local. Sua temática constitui estímulo a mais para se ler e dialogar nos Clubes de Leitura dos sextos aos nonos anos do ensino fundamental.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O NETO DE JOSÉ</span></b><br />
<br />
<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/6AR8a4ZJj68" width="480"></iframe>
<br />
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">KRENAC - O ET em contatos culturais em Fortaleza</span></b><br />
<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/gg1hqF2w0M0?rel=0" width="480"></iframe><br />
<br />
<span style="color: red; font-family: Verdana, sans-serif;">Visite o nosso Canal no Youtube e confira todos os vídeos sobre a coleção Mais Paic Mais Literatura. É só clicar em <a href="https://www.youtube.com/playlist?list=PLGCu2IztBfGV1k9l1700LTL9F87gRA78N" target="_blank">Evoé! - Livro, Leitura, Literatura, Bibliotecas</a>.</span><br />
<br />
<br />Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8945207191790101419.post-81331990922888671832019-04-26T02:24:00.001-03:002019-04-26T02:29:26.901-03:00Mais Paic Mais Literatura: A invenção da Meia-Noite - Partes 1 e 2<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A Coleção Mais Paic Mais Literatura é uma publicação da Secretaria da Educação do Ceará. O título "A invenção da meia-noite" compõe o acervo para leitores do 8° ao 9° ano do ensino fundamental. Escrito por Lourival Veras e ilustrado por Rafael Limaverde, o livro conta uma história marcada pelo realismo mágico, inspira-se no Mito da Caverna, de Platão, e faz sutil reverência ao personagem Melquíades de Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Marques. Uma história de esperança, persistência, resiliência, memória e preservação da cultura.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<br />
<br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span>
</span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>A INVENÇÃO DA MEIA-NOITE Parte 1 - Ilustração</b></span><br />
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<b><iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/TP8CDEoRKmI" width="480"></iframe></b>
<br />
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>A INVENÇÃO DA MEIA-NOITE PARTE 2 - Texto</b></span></div>
<div>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/Boqo8yyF5Xk" width="480"></iframe>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O papo sobre o próximo livro da Coleção Mais Paic Mais Literatura será publicado no dia 28 de abril de 2019.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Alguém adivinha qual será o livro da vez?</span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<br /></div>
</div>
Bravoshttp://www.blogger.com/profile/06507628322916946333noreply@blogger.com0