terça-feira, 31 de agosto de 2010

Tempo, tempo, tempo


TEMPO, TEMPO, TEMPO... 


Tempo de chegar o tempo
de se espreguiçar e sonhar
com um desabrochar em flor
tempo de despertar o amor
tempo de ser
tempo de ler
tempo de ter feliz merecer.


Tempo de brincar sem nem descansar
bola-de-meia, pega-pega, esconde-esconde,
skate, videogame, arraia, handebol,
box, x-box, bicicleta, capoeira, futebol. 


Tempo de chove chuva sem parar
de beijos de juá no chuá das cachoeiras
tempo de quentura no frio
tempo de banhos de rio
tempo de açudes e lagoas
tempo de pescar nas camboas.


Tempo de maresia e céu de anil
tempo de surfar
tempo de se bronzear
e de viajar o Brasil.


Tempo de ser tudo, tempo sortudo.
Tempo de se espreguiçar e sonhar
com um desabrochar em flor
tempo de despertar o amor
tempo de ser
tempo de ler
tempo de ter feliz merecer.


Tempo de ser neto, filho e amigo-irmão
tempo de adolescer, tempo-senão
tempo de ficar, de paquerar
tempo de namorar
tempo de endurecer, sem a ternura perder,
tempo de maioridade, de faculdade
tempo de amadurecer.


tempo de casar/e descasar/ e casar
tempo de ser amante
tempo apaixonante
tempo de ser pai,
de sim e de não,
tempo de se ter tempo ao tempo
tempo de se dar tempo ao tempo.


Tempo, tempo, tempo
do já-não-era-sem-tempo
de o sol-posto inspirar
o desejo de além-mar
e singrar o sal dos horizontes. 


Tempo de honrar o destino aedo
de, mesmo no dilúvio, da arca exilado
fazer do inexorável afã aliado
e com fortes braçadas desafiar o degredo
sem nem saber de aportar
nadar pela inelutável desdita
a cantar o amor, e chegar
por tamanho apego à bendita vida maldita.

Antinoé, brindar o boêmio evoé!

Tempo de chegar o tempo
de se espreguiçar e sonhar
com um desabrochar em flor
tempo de despertar o amor
tempo de ser
tempo de ler
tempo de ter feliz merecer.

Kelsen Bravos 17/fevereiro/2010 

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Feira dos pássaros

Domingo é dia de feira livre. Em Fortaleza a mais famosa é a da lagoa de Parangaba. Aliás o seu nome é uma corruptela de porangaba, que em tupi quer dizer beleza. Sabiam mesmo os nativos denominar os cenários naturais, prova inconteste da efetividade linguística de sua cultura.

Acordar cedo e mandar-se para lá num dia ensolarado, é como entrar num túnel do tempo. A feira da Parangaba, conhecida como feira dos Pássaros, nos remete a um ambiente, no mínimo, quinhentista.

Aguadeiros de Funchal. Fonte: azeferino.web.simplesnet.pt 
Àquela época na Europa, iam às feiras em busca de especiarias vindas do Oriente figuras como monges e abades; nobres e burgueses; donzelas e namoradeiras; mulheres da vida e marinheiros; aguadeiros (foto) e catadoras de piolho; contadores de histórias, jograis, trovadores, fantoches e saltimbancos; arautos e peregrinos; escravos e pedintes.

O espaço da feira principiava onde se começava a ouvir os anúncios e findava onde se deixava de ouvi-los. Esses pregões teciam a malha que formava uma espécie de um toldo invisível, constituído por um entrecruzar de vozes, um bulício; mas de aparente desordem.

Assim também é a feira dos Pássaros. Lá se compra e se vende do treco ao quetreco, inclusive especiarias do Oriente e do Extremo Oriente, Taiwan, por exemplo. Em vez de jograis e trovadores, encontramos cordelistas e cantadores; escravos decerto não há, em seus lugares estão os equilibristas da corda bamba da vida, e muito mais pedintes, infelizmente.

Ela tem esse nome, porque antes concentrava venda de animais, sobretudo, pássaros. Era bicho de tudo quanto é espécie. Bobeasse era capaz de encontrar até um dodó legítimo das ilhas Maurício. O Ibama chegou por ali para pôr fim aos abusos contra os espécimes naturais. Mas só de alguns é proibida a comercialização. Dodó das ilhas Maurício, por exemplo, quem quiser é só ir lá e encomendar.

A lagoa da Parangaba é habitada por jacarés e cobra das boas. Vez ou outra os bombeiros aparecem resgatando uma cobra-de-veado gigante ou mesmo uma sucuri. Os jacarés também algumas vezes dão o ar de sua graça. São enormes. Dizem que os fiscais do Ibama foram responsáveis por esses animais habitarem a lagoa, pois, quando chegavam as blitzen, os infratores para livrarem-se do flagrante jogavam os animais ainda filhotes dentro dágua.

Tem gente que não deixa de ir um domingo sequer. Cresceu sendo levado pelo pai à feira, hoje leva o filho e promete levar o neto. A intenção de algumas dessas pessoas é aprender na prática as regras do comércio. Há negócio de tudo quanto é jeito. Chegam com no máximo dez reais e saem com cem. Não importa o valor, o importante é fazer negócio e sair lucrando. Pode ser uma relação de compra envolvendo dinheiro ou escambo de mercadoria, enfim toda forma de transação comercial. Vale tudo que é argumento, grito, palavrão, cara feia, enfim é um regateio, uma negociação no mais puro estilo árabe.

Chá de Palavras com Andrea Bardawil

Urik Paiva, assessor da Supervisão de
Literatura, Livro e Leitura 
da SeCultFor.


Um fim de tarde. Chá e biscoitos. Literatura. Essa é a proposta do Chá de Palavras, bate-papo com um convidado que acontece na Biblioteca Dolor Barreira. No menu, escritores, poetas, ilustradores, professores, músicos, cineastas, diretores, atores, ou seja, artistas que trabalham da palavra, batem um papo com o público sobre sua trajetória e sua relação com a linguagem, ultrapassando os limites didáticos da Literatura e buscando relacioná-la com outras formas de dizer, de pensar, de ser.

Sempre às 17h.






DIA 30 de agosto
Andrea Bardawil
Dança, palavra e construção poética 

Nos passos da palavra? Ou na palavra dos passos? Andrea Bardawil conversa com o público as relações entre as poéticas da literatura e da dança, através de um diálogo sobre seus trabalhos que tiveram inspiração em obras literárias, abordando também essa experiência no contexto geral da dança cearense.

A artista: Andrea Bardawil é coreógrafa, diretora da Cia. de Arte Andanças e uma das integrantes do Alpendre - Casa de Arte, Pesquisa e Produção.

BIBLIOTECA DOLOR BARREIRA - AV. DA UNIVERSIDADE, 2572 - BENFICA


Clube de Leitura de Pires Ferreira - CE


 Recebo de Pires Ferreira a seguitne nota: "O clube de Leitura: Chá Literário, do município de Pires Ferreira, teve início no dia 28/08. Nesse primeiro encontro homenageamos Vinícius de Moraes com a leitura de  alguns de seus lindos poemas. "

Que felicidade! O Ceará está em festa! Aos poucos (paulatinamente, como costumo dizer), vamos consolidando essa prática.

Parabéns Pires Ferreira.


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Um universo chamado Benfica

Lira Neto    27 de agosto de 2010
Amanhã, monitorado por um bom amigo, o professor Kelsen Bravos, o ônibus do Percursos Urbanos parte do centro da cidade em direção ao Benfica. Por isso mesmo, gostaria de estar aí, para escolher uma cadeira próxima a uma das janelas, um lugar qualquer que me permitisse uma visão privilegiada do trajeto.

Afinal, aquele bairro faz parte indissolúvel de minha vida.

Se eu ainda morasse em Fortaleza, ou se pelo menos estivesse por aí neste final de semana, já teria um programa certo para a tarde de amanhã, sábado. Caminharia pela Floriano Peixoto até chegar em frente ao edifício Raul Barbosa, ali onde está a sede do Centro Cultural Banco do Nordeste. Lá, pontualmente às quatro da tarde, subiria no ônibus com a tabuleta "Percursos Urbanos" instalada no parabrisas. Seria mais um dos passageiros desta que é uma das ideias mais geniais - e mais simples - de que já ouvi falar em relação ao mapeamento afetivo de uma cidade.

A cada novo sábado o ônibus do "Percursos Urbanos" faz um itinerário diferente. São viagens temáticas, que percorrem a essência, a memória e os aspectos menos evidentes de uma Fortaleza que não está retratada em previsíveis cartões postais. Porém, uma Fortaleza que pode ser tão bela - e muito mais verdadeira - quanto aquela que consta dos slogans políticos e do catálogo tão pouco criativo dos guias turísticos.

Um mediador, sempre íntimo ao tema, conduz o percurso, sugerindo olhares menos óbvios e menos apressados sobre a paisagem da cidade. No trajeto, revelam-se matizes, desvendam-se segredos, descobrem-se novidades que na verdade sempre estiveram ali, bem diante de nós, mas que o imperativo do cotidiano impede-nos de parar, compreender, contemplar. É mesmo como se um novo mapa simbólico, uma cartografia irresistivelmente inusitada, se desenhasse sobre o traçado de pedra e asfalto que compõem as já tão conhecidas ruas e avenidas da cidade.

De 2008 para cá, os passageiros do Percursos Urbanos, entre tantas outras viagens, já excursionaram, por exemplo, pelo universo das lendas urbanas de Fortaleza, à espreita dos indícios do célebre Cão da Itaoca e da terrível Perna Cabeluda. Já percorreram o roteiro das manifestações arquitetônicas de uma Fortaleza despudoradamente cafona, com direito a paradas obrigatórias em frente à catedral de pretensão gótica construída debaixo de um sol de rachar, à inacreditável Casa do Português e seu desenho bizarro e, é claro, à estátua gigantesca e estrábica de Nossa Senhora de Fátima plantada à margem da avenida 13 de Maio.

O ônibus do Percursos Urbanos já trafegou também pela geografia sentimental de escritores como Moreira Campos, Ciro Colares, Gustavo Barroso. Já revisitou o espírito de uma Fortaleza insubmissa, conferindo os cenários de revoltas populares e sublevações históricas. Já flanou pela Fortaleza boêmia, pela Fortaleza dos maçons, pela Fortaleza de Fausto Nilo, e por tantas outras Fortalezas mais ou menos conhecidas - e desconhecidas.

Como a Fortaleza dos dançarinos de salão, a Fortaleza do bumba-meu-boi, a Fortaleza das lagoas aterradas, a Fortaleza de mangues estrangulados. Mas também a buliçosa Fortaleza da imprensa alternativa dos anos 70, a Fortaleza da "belle epòque" cabocla, a Fortaleza dos trabalhadores do mar e, quando se imagina que até para a criatividade há algum limite, a Fortaleza dos caçadores de ETs.

Amanhã, monitorado por um bom amigo, o professor Kelsen Bravos, o ônibus do Percursos Urbanos parte do centro da cidade em direção ao Benfica. Por isso mesmo, gostaria de estar aí, para escolher uma cadeira próxima a uma das janelas, um lugar qualquer que me permitisse uma visão privilegiada do trajeto.

Afinal, aquele bairro faz parte indissolúvel de minha vida. Foi nele que passei alguns dos melhores anos de juventude, orbitando entre o prédio da antiga Escola Técnica Federal, o Centro de Humanidades da Uece, a constelação de equipamentos culturais em torno da torrinha cor de rosa da reitoria da UFC e, é claro, a buliçosa feirinha da Gentilândia. Um perímetro universitário que alguns amigos tratavam, com carinho e certa ironia de inspiração ideológica, como PCdoB: Pólo Cultural do Benfica.

Foi ali que estudei, perambulei, namorei, deixei a barba e o cabelo crescer, descobri-me poeta marginal e anarquista juvenil. Foi ali que participei de passeatas pueris, bebi numa miríade de botecos sujos, conheci gente bacana e um pessoal nem tanto assim. Ali, escrevi para revistas literárias efêmeras e fiz amigos perenes. Desafiei professores obtusos e aprendi com alguns - poucos, é verdade - mestres geniais. O verdadeiro aprendizado estava nas ruas, na atmosfera utópica com que conduzíamos nossas existências tão ingênuas e, ao mesmo tempo, tão idealistas.

Éramos jovens. Fazíamos mil revoluções por minuto nas mesas do Esquina Azul, do Bar das Letras, do Jazz Blues Bar e, mais tarde, do Pertinho do Céu. Embriagávamo-nos de vinho barato e boa literatura no Bosque da Letras, fazíamos xixi no pedestal da estátua da praça e, quase todo dia, víamos Moreira Campos de paletó e gravata dirigindo o seu fusquinha. Como gostávamos do velhinho. Gostávamos mais ainda de seus contos cheios de silêncios, interditos e sofisticadas sacanagens.

Hoje, tantos anos depois, o melhor de tudo é saber que a história de amor entre o bairro e várias gerações de fortalezenses não se esgota nesse tipo de reminiscência, na simples nostalgia. Soube que, agora mesmo, tramita na Câmara Municipal de Fortaleza um projeto que oficializa a criação do "Pólo Cultural do Benfica". Vão institucionalizar, portanto, o epíteto brincalhão de PCdoB. Ótimo. Mas torço para que isso não signifique um simples batismo solene com base em um trocadilho que, um dia, soava genial, mas que hoje perdeu em frescor e sentido.

Seja como for, amanhã, caros leitores, se estiverem a bordo do ônibus do Percursos Urbanos em direção ao Benfica, bem na hora em que passarem diante do Centro de Humanidades da Uece, perguntem ao Kelsen Bravos a respeito da nossa grande frustração daquele tempo de estudantes. Nunca conseguimos sequestrar, de verdade, a estátua de São Tomás de Aquino instalada à entrada do prédio, como tanto idealizávamos. O plano era rocambolesco. Alta madrugada, eu, Kelsen e o gigante Vessillo Monte roubaríamos a imagem do expoente da filosofia escolástica para colocar outra em seu lugar: a de Exu, que pretendíamos comprar em uma loja de artigos de macumba.

Que pena. Jamais cometemos tão sonhada heresia.


Fonte: Diário do Nordeste e Blog do Lira Neto

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Clube de Leitura de Pacoti

Pacoti-CE - Prajna Morais, formadora do Paic em Pacoti, Informa que de 2 a 7 de setembro, o município de Pacoti festeja seus 72 anos de emancipação. Nas comemorações, a manhã do dia 3 está dedicada a literatura, no anfiteatro do Polo de Lazer haverá muitas histórias para todos. 

Vamos lá dar nossa colaboração.

MinC vai apoiar leitura em presídios

Criado grupo de trabalho para implantar novo projeto, que levará oito Pontos de Leitura a quatro instituições federais
Especialistas em ações de estímulo à leitura em presídios foram debatidas no estande do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), durante a 21ª Bienal do Livro de São Paulo, no dia 18 de agosto de 2010.  No encontro foi proposta a criação de um Grupo de Trabalho para discutir a implantação do projeto da Unesco: “Uma janela para o mundo”, em parceria com os ministérios da Cultura, Justiça, Educação e do Desenvolvimento Agrário.
Recentemente, o Ministério da Cultura, por meio do Programa Mais Cultura, doou oito Pontos de Leitura a quatro penitenciárias federais.
As quatro penitenciárias federais – Porto Velho (RO), Mossoró (RN), Campo Grande (MS) e Catanduvas (PR) – começaram o trabalho de incentivo à leitura a partir da doação de acervo bibliográfico pelo projeto Arca das Letras, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Agora, a proposta é integrar os acervos doados pelo MinC e pelo MDA e, junto com os ministérios da Educação e da Justiça, desenvolver uma ação voltada para a formação de agentes de leitura nos presídios, ampliando os projetos hoje desenvolvidos nestes espaços. Juntos, os quatro presídios atendem a aproximadamente 500 apenados.
Cada ponto de leitura doado pelo MinC é composto por um acervo de 650 obras – exemplares de literatura brasileira, estrangeira, infantil e juvenil, DVDs, enciclopédias, entre outros – computador e impressora. Cada penitenciária recebeu dois pontos de leitura – um para uso dos apenados e outro para uso dos familiares, que poderão levar os livros para casa.
“O espaço do presídio tem de ser de busca de recuperação”, diz Thimoty Irleand, representante da Unesco no Brasil. Segundo ele, a ação conjunta dos ministérios, nas penitenciárias federais, pode ser um piloto a ser replicado em outras instituições prisionais e países.
Fontes: Mais Cultura  e PNLL
Informações para a imprensa: Neila Baldi – (11) 7669.3922 / (61) 9104.3514

Clube de Leitura de Pindoretama - Ceará

De Pacajus - 9

ª CREDE -
 Marluce Nogueira, que responde pelo eixo de literatura infantil e formação do leitor, do Programa Alfabetização na Idade Certa (PAIC), na 9
ª CREDE, 
informa que no dia 26/08, em Pindoretama, haverá um sarau de lançamento do Clube de leitura do município. Será às 16h, no Centro Cultural de lá. Diz que em breve enviará a cobertura completa do evento, com direito a fotos e vídeos. Esse "vídeos" fica por conta de meu desejo.


Desejamos sucesso para eles. No próximo evento, podem contar com a nossa presença, minha, Kelsen Bravos, do Régis Freitas, do Antonio Filho e do Jurandir Filho.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O universo criativo das crianças... haja imaginação...

Resenhas: O fio das missangas, por Marlúcia Nogueira

Mia Couto, Fio das missangas
Cia das Letras, 2009, R$: 22 a 32
Entre os autores contemporâneos de língua portuguesa, destaca-se o nome do moçambicano Mia Couto como um dos escritores africanos mais lidos e premiados no mundo. Sua vasta produção literária inclui romances, contos, crônicas e poesias filiadas à tradição da melhor literatura de língua portuguesa.
O fio das missangas, publicado em 2003, é um livro que reúne vinte e nove pequenos contos que, mesmo sendo enredos independentes, mantém um elo entre si, à maneira de um colar.  Fazendo referência a algo banal, o livro fala de coisas discretas, delicadas e frágeis, que geralmente ficam ocultas (como um fio), mas que se revestem de grande importância. Por trás dessa aparente banalidade, os contos tratam temas fortes, como violência, morte, separação, traição, loucura, vingança, incesto, suicídio, responsáveis pelas maiores dores humanas.
Despretensiosas à primeira vista, essas narrativas trazem situações em que nos sentimos sem importância, diminuídos em nossa dignidade humana ou desencorajados da vida. A maior parte desses contos abordam a condição feminina, visto que nós, mulheres, somos, em muitos casos, relegadas a uma existência anulada, de submissão e abandono, como se pode sentir na seguinte fala de uma das personagens:  “Agora, estou sentada olhando a saia rodada, a saia amarfanhosa, almarrotada. E parece que me sento sobre a minha própria vida” (do conto “Saia almarrotada”). Contemplando a própria saia, que é um símbolo feminino, essa personagem reflete sobre sua condição de indivíduo coisificado, transformado em objeto que, depois do uso, é descartado exatamente como um “fio de missanga”.
Em outro trecho, a mesma personagem se apresenta: “A mim, quando me deram a saia de rodar, eu me tranquei em casa. Mais que fechada, me apurei invisível, eternamente noturna. Nasci para cozinha, pano e pranto. Ensinaram-me tanta vergonha em sentir prazer, que acabei sentindo prazer em ter vergonha.”. Como podemos perceber nessa fala, os contos do livro têm um conteúdo revelador, de denúncia do silenciamento imposto a mulheres do mundo inteiro, mas que para as africanas se torna mais intenso, já que residem em um continente explorado e massacrado sob diversos aspectos.
A escritura de Mia Couto é renovada, criativa e dinâmica porque apresenta muitos neologismos, construções sintáticas inusitadas e aforismos, revelando com isso uma proximidade com o estilo do escritor mineiro João Guimarães Rosa, de quem o autor é admirador confesso.


Marlúcia Nogueira
Autora da resenha


Cearense nascida em Aracoiaba, passei um bom tempo em Ocara, dando aulas de Língua Portuguesa e Literatura no Ensino Médio, e atualmente moro em Pacajus.
Apaixonada por livros desde criança, passava longas tardes na Biblioteca Pública Rui Barbosa, em Aracoiaba.
Graduada em Letras (UECE), com Especialização em Literatura e Formação do Leitor (UECE) e Mestrado em Literatura Brasileira (UFC), sou professora de Literatura nos cursos semipresenciais de Letras / Português, pela UFC.
Como professora efetiva pela SEDUC, no momento integro a equipe PAIC da 9ª CREDE – Horizonte, cuidando do eixo de Literatura Infantil e Formação de Leitores, com grande prazer.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Dois projetos cearenses premiados com a Bolsa FUNARTE

Os projetos de circulação literária Ciranda das Coisas do Coração, de Flamsteed Flamarion Machado Rodrigues (nosso querido amigo Teddy Williams) e Bolsa de Letrinhas, do não menos famoso e adorado de todas e todos que lhe são caros, Almir Mota, foram contemplados com a Bolsa Funarte.

Confira aqui .

Seminário Internacional Arte Pública Relacional como Prática Social

Dia 23/08 – 19:00 h – Cinemas Benfica
Abertura Oficial
Apresentação do Coral das Artes Cênicas do IFCE
Arte de Bem Ficar – Benfica no Planejamento Urbano de Fortaleza (Prof. Dr. Laércio Noronha – UNIFOR, Brasil)
Política de Cultura como Reorganização do Espaço Urbano (Prof. Dr. Abdelhafid Hammouche - França)
Coquetel de Abertura.
Dia 24/08 – 19:00h – Teatro José de Alencar
Mostra de vídeo:
IN Paradox OUT - Urban Drift
São Paulo - Berlin, 2002. Videoclip do Fórum Internacional: A Arte, o Urbano e a ReconstruçãoSoci al, realizado no CCBB/SP, março de 2002, como contraponto a 25ª. Bienal Internacional de São Paulo e ao projeto Artecidadezonaleste. (12'); Direção e arte Lilian Amaral. Edição Heitor Costamilan.
Palestra:
Arte Pública Como Prática Social (Dra. Lílian Amaral – Casa da Memória de Paranapiacaba – SP - Brasil);
“Projecto Rio: Arte, Ciência e Patrimônio” (Profa. Dra. Virgínia Fróis – FBAUL - Portugal);
Dia 25/08 – 19:00h – Casa Amarela - UFC
Mostra de vídeo:
Humanscape
Sub-Prefeitura de Paranapiacaba e Parque Andreense, Prefeitura do Município de Santo André, SP. I Festival de Inverno de Paranapiacaba, 2001. Arte Pública e intervenção no tecido social com participação de artistas e comunidade, focando a paisagem humana, sua história e produção de sentidos. (9'50"); Direção e arte Lilian Amaral. Edição e roteiro Heitor Costamilan. Brasil.
Palestra:
Do Monumental ao Relacional na Arte Pública – Percurso Histórico
(Profa. Dra. Margarida Calado – FBAUL - Portugal)
Metodologia da Pesquisa Ação
(Profa. Dra. Geny Lustosa – UFRGN - Brasil)
Dia 26/08 – 19:00h – Auditório do IFCE
Mostra de vídeo:
Olho Canibal
Avenida Paulista, São Paulo, 1998, Paço das Artes, 24ª. Bienal Internacional de São Paulo,Brasil. Lilian Amaral. 0 apagamento da arte pública frente aos dispositivos da aceleração e da mídia urbana. (5'); Direção, arte e roteiro Lilian Amaral. Edição Heitor Costamilan.
Palestra:
Contextura do Patrimônio e da Memória por Amor ao Benfica
(Prof. Dr. Gilberto Nogueira - UFC –Brasil );
Potencialidades e Dificuldades do Benfica
(Prof. Dr. Elmo Vasconcelos Junior– UECE/UFC - Brasil);
Literatura no Benfica: Airton Monte, Carlos Emílio e João Soares Neto.
Dia 27/08 – 19:00 h – Centro Cultural BNB
Mostra de vídeo:
Alegoria do Caos,
Paço das Artes - Heliópolis, São Paulo, 2000, Brasil. Lilian Amaral. Como a Arte Educação e a Arte Pública podem atuar na inclusão cultural. (6'10"); Direção e arte Lilian Amaral. Edição e roteiro Heitor Costamilan.
Palestra:
Imagens da Cultura, Cultura das Imagens
(Prof. Dr. José Ribeiro - Universidade Aberta – Portugal)
Pesquisa em Artes
(Prof. Dr. José Albio Sales Moreira – UECE);
Dia 28/08 – 17:00 h – Centro Cultural BNB
Mostra de vídeo:
MAU WAL - Encontros Traduzidos.
Produzido pela Associação Cultural VideoBrasil, Sao Paulo, 2002. Maurício Dias, brasileiro, e Walter Riedweg, suíço, desenvolvem, desde 1993, um projeto de produção coletiva com o objetivo de vincular esteticamente assuntos contemporâneos e grupos sociais. 0 documentário apresenta a relação peculiar entre os artistas e seus parceiros". (52’).
Debate: Com a Palavra os Coletivos (Curto Circuito, R.A.M. Crew, Pã, Acidum).
Dia 29/08 – das 10:00h às 22:00h – Pça. Feira da Gentilândia e Pça. do Esperanto - Benfica
Mostra de Arte Urbana:
Artes visuais, literatura, dança, música, teatro, cultura popular, esporte e lazer.
Fonte: 

Câmara abre o debate sobre a criação do PCdoB - Polo Cultural do Benfica

No dia 19/08, houve uma audiência pública no antigo CEFET para debater a criação do Polo Cultural do Benfica, um projeto de quase dez anos que visa fortalecer a integração de seus vários equipamentos culturais. A discussão continua. Participe!
A Câmara Municipal de Fortaleza - por meio de requerimento do vereador João Alfredo (PSOL) - realizou, no dia 19/08, às 18h30min, audiência pública para debater a criação do Polo Cultural do Benfica - PCdoBenfica. A audiência, realizada no auditório Iran Raupp, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), localizado na avenida 13 de Maio, foi uma solicitação do grupo Meio Fio de Pesquisa e Ação, do IFCE, que desde abril deste ano se articula com o gabinete do Mandato Ecos da Cidade para discutir a criação desse novo polo cultural da capital cearense.


Segundo João Alfredo, há muito se fala na efetivação de um “corredor cultural” no bairro Benfica, a fim de que aquela região seja reconhecida em definitivo pelo poder público e pela sociedade como um polo de desenvolvimento das mais diversas manifestações culturais.


O parlamentar destaca que o grupo Meio Fio de Pesquisa e Ação tem retomado esse processo com o intuito de efetivar o reconhecimento por lei do bairro Benfica como Pólo Cultural, a exemplo do que aconteceu recentemente com o bairro Varjota, agora reconhecido pelo poder público como Polo Gastronômico. “O Benfica é um bairro histórico, localizado entre o Centro e os bairros que margeiam a cidade e conta com um número considerável de equipamentos que, em conjunto, poderá configurar-se num importante Centro Cultural Urbano”.


Um dos principais objetivos do PCdoBenfica será promover a integração de seus vários equipamentos culturais, sociais, desportivos e educacionais, criando um roteiro unificado de atividades nessas áreas, motivando artistas, pesquisadores, educadores, gestores públicos e a sociedade civil a contribuírem com a implementação de projetos voltados ao desenvolvimento das potencialidades da região, com ênfase nas atividades culturais.

Preservação do patrimônio cultural do Benfica
“A criação do Polo Cultural deverá ter como objetivo, ainda, a promoção e preservação do patrimônio cultural do Benfica, além de oferecer à cidade opções de lazer e cidadania que possam contribuir para a formação cultural, conscientização patrimonial, revelação de valores artísticos e construção de novos saberes. Então é importante reconhecer, por lei, o bairro como pólo cultural, tendo em vista a promoção de suas potencialidades e melhor aproveitamento de seus equipamentos”, acrescenta João Alfredo.

Centro Cultural Urbano
Para o professor do IFCE, artista plástico e coordenador do Grupo Meio Fio de Pesquisa e Ação, Herbert Rolim, a efetivação do PCdoBenfica tem a importância, sobretudo, de democratizar e socializar os equipamentos culturais do bairro e seu entorno, configurando-o num verdadeiro Centro Cultural Urbano, capaz de gerar um circuito (arte/cultura, esporte, lazer, meio ambiente e urbanismo) eficiente e produtivo. “Seu reconhecimento por lei contribuirá para o ordenamento e humanização do espaço urbano, permitindo um gerenciamento integrado, envolvendo vários parceiros da gestão pública, iniciativa privada e sociedade civil organizada. Há dez anos que este projeto espera pelo seu reconhecimento e operacionalização. Está na hora, ou passando da hora, de uma integração, do interesse social se sobrepor às indisposições políticas partidárias e ao isolamento das instituições envolvidas. A cidade agradece”, disse.




SOBRE O BENFICA:
Fazem parte desse complexo e de seu entorno o IFCE, o Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e parte do Campus da Universidade Federal do Ceará (UFC), além de outras instituições educacionais públicas e privadas: as Casas de Cultura Estrangeira (hispânica, britânica, italiana, russa, francesa, germânica), bibliotecas (Humanidades, Direito, Educação, Economia, Arquitetura), Imprensa Universitária, Instituto de Cultura da UFC, Concha Acústica, Museu de Arte da UFC (MAUC), Casa Amarela Eusélio Oliveira, Rádio Universitária FM, Teatro Universitário da UFC, Quadra do Céu, Bosque das Letras (espaço de convivência), Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura, Fundação Cearense de Esportes, Conservatório de Música Alberto Neponuceno, Biblioteca Municipal Dolor Barreira, Instituto Municipal de Pesquisas, Instituto de Administração e Recursos Humanos (Imparh), Ginásio Esportivo Aécio de Borba, Estádio Presidente Vargas, Vila das Artes, Teatro Bar Chico Anísio, feira livre da Gentilândia, livrarias, sede de partidos políticos, residências universitárias, bares, praças, igrejas, shopping, estação de metrô (em construção) etc.


Fonte: Tembiú - Alimento da Alma

Links associados: PerCursos Urbanos

Semana Cultural do José Wálter - VII Edição

Encontro anual de artistas, grupos e bandas de todos os estilos do bairro Prefeito José
Walter e adjacências, a Semana de Artes do José Walter - SAJW chega a sua sétima edição caracterizada como uma ação voltada para expressar a vontade de ser artista dos moradores. Segundo Paulo Benevides, seu coordenador, "a organização prima em fomentar a cultura de nossa região, formando platéias e artistas em uma
confluência comunitária e cultural".

A programação é bem diversificada para atender a um público de estudantes de escolas públicas e particulares, bem como a toda a comunidade. Na programação, que ocorrerá sempre a partir das 19 horas no Complexo de Cidadania Adauto Bezerra - CSU, de 25 a 29 de agosto, consta as seguintes atrações: 

  • Mostra de Bandas do Bairro,
  • apresentação de peças teatrais,
  • poesia,
  • dança,
  • folclore,
  • shows musicais,
  • exibição de filmes do Festival Nóia,
  • feira de artesanato e literatura de cordel
  • e shows com representantes da cultura cearense.

Programação completa:

Exposição:

Artesanato: Maria Angelina – Angel Bijoux
Literatura de Cordel: José Furtado
Tranças e dreads: Jamilly Rodrigues
Bolos e trufas: Holanda Rodrigues
Chocolove: Samya Maria

Dia: 25/08 (quarta-feira) – 19h – 22h
Solenidade de abertura
Banda de Fanfarra Independência – Itahan Sabino lima
Homenagem a personalidades que fazem a cultura do José Walter
Poesia com José Furtado
Escola de Artes Ceiça Martins
Show com Carlão do Crato, Alves Nascimento e Tarcísio Sardinha
Participação dos alunos de música do Ponto de Cultura da Associação
Cultural do José Walter

Dia: 26/08 (quinta-feira) - 19h – 22h
Grupo de Teatro Poliart – direção: Ana Patrícia
Equipe Capoeira Brasileira Prof. Tody
Poesia: José Furtado
Cia de Dança Rafael Silva
Chorinho com Bernardino Mota e grupo
Cia de Dança Swingart – direção: Leandro Fernandes
MPB Márcio Muamba

Dia: 27/08 (sexta-feira) - 19h – 22hCia de Dança Swingart – direção: Leandro Fernandes
Instrumental Marcos Caetano
PC e Cia Arte em Teatro – direção: Paulo César
Cia de Dança Rafael Silva
Escola de Artes Ceiça Martins
Show com a banda Levystar

Dia: 28/08 - Sábado - 19h – 22hBanda Azo
Banda Chicones
Banda Os Senhores da Casa Azul
Banda Lavage
Banda Crowley
Banda Dark Bride
Banda Knight’s
Banda Encéfalo
Banda Emphase

Dia: 29/08 - Domingo - 19h – 22hInstrumental com Marcos Caetano
Banda Hard Heaven
Banda Tautobios
Banda O Ciclo
Banda Clifton’s
Banda O Gris
Banda Andes
Versos e Canções
Banda Eletrocactus