segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Meu maior amigo foi meu patrão - CLAUTON MONTEIRO

Em uma data muito especial para ele e para nós, estreia Clauton Monteiro aqui no Evoé! Em sua crônica inaugural, lembra do pai. Nas que virão, entre outros assuntos, trará a figura do anti-herói Chibatinha, um controverso filósofo, poeta e boêmio cujo alcance permeia as circunstâncias do futebol, das rodas boêmias, dos botequins, parques e cadeias. Boa leitura!




Hoje se estivesse nesse plano, Cláudio Gadelha da Rocha, meu pai, completaria 90 (noventa) anos de idade. Passa um filme com cenas marcantes do que minha memória guarda do relacionamento com ele, que além de ser meu maior amigo, foi meu primeiro patrão.

Papai gostava muito de leitura e de se dedicar a escrever poemas, logicamente tendo como fonte de inspiração sua eterna amada, Leonildes Monteiro da Rocha, minha mãe. "Súplica ao luar", provavelmente, foi que mais expressou aquele amor infinito entre eles.. .

Entre as tantas lembranças, uma que nunca sairá da minha mente e nem do meu coração refere as considerações do seu Cláudio sobre o tempo. Fez versos, algumas prosas sobre o tema. Uma que fala da velocidade dos acontecimentos ainda hoje me faz refletir.

Mas sua palavra dialogada era sempre precisa. Lembro bem que eu, ainda adolescente, ansioso, doido para completar 18 anos para me documentar (pois naquele tempo, era quando se poderia tirar os documentos básicos: carteira de identidade, CPF, carteira de trabalho e título de eleitor) e ele em sua infinita sabedoria se aproximou de mim e disparou: 

"Meu filho, deixa de bobagem, você com essa ansiedade toda, mas o tempo passa depressa, quando você abrir os olhos, vai perceber que já passaram três vezes 18 anos"... e não é que já passei dessa constatação?

Hoje já tenho 56 anos de idade e só aumenta a saudade, daquele que foi um excelente marido, um pai exemplar, que sozinho, sustentou, alimentou um verdadeiro exército (afinal uma esposa, 12 filhos, a minha avó e minha tia... não éramos pouca gente).

Supria a todos sem falta com sua única fonte de renda, seu trabalho, honesto e cansativo, no ETECON - Escritório Técnico de Contabilidade Ltda, onde eu tive o privilégio de ser funcionário com registro em carteira de trabalho e tudo. Muito me honrava ajudá-lo, inclusive virando noites e entrando pela madrugada, para finalizarmos os balanços patrimoniais dos clientes do ETECON (ainda não tinha computador e outras tecnologias). Tudo para atender aos prazos estipulados pela Receita Federal.

E o que dizer dos ensinamentos para minha vida toda... destaco a seguinte frase que guia meus caminhos até hoje: "Meu filho, independente de sua profissão, dê o seu melhor, e honre cada centavo recebido, sempre trabalhando com honestidade e não querendo nada irregular"... e outra muito presente: 

"Meu filho, procure nunca ter duas coisas: DÚVIDAS e DÍVIDAS, caso tenha dúvidas, e elas surgirão, me pergunte ou procure saber com quem sabe mais do que eu. Quanto a dívidas, faça tudo para não contraí-las e viva com seus rendimentos do trabalho honesto.

Pois é, seu CLÁUDIO GADELHA DA ROCHA, sei que onde estiveres, estará olhando seus filhos e sua amada esposa, uma guerreira que lhe ajudou bastante em nossa trajetória, para que todos crescessem, dentro de um ambiente de união, honestidade e trabalho.

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CLAUTON MONTEIRO - 

5 comentários:

  1. Salve, Clauton Monteiro. Um pai de verdade sempre deixa saudades, boas lembranças e ensinamentos - alguns destes somente são percebidos quando país também nos tornamos. Saúdo sua chegada aqui ao Evoé! com tão sensível crónica. Abraço.

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    1. Bondade sua...afinal falar e escrever com o coração como leme.. é fácil.

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    2. Conheci seu Cláudio Gadelha da Rocha ainda pequeno quando sempre ia visitar meus primos - esporadicamente - porque sempre fui meio índio - lá na rua Dom Sebastião Leme, bem próxima à Avenida Aguanambi e defronte à Fábrica Irmãos Carneiro de Beneficiamento de Carnaúba. Das lembranças daquela casa, algumas nunca e saíram da mente: 1 - o cheiro da comida boa de dona Leonildes;2 - o monte de primos e primas a correr por dentro de casa; 3 - seu Cláudio que estava sempre a jogar em seu velho tabuleiro de gamão - que ele pelejou pra me ensinar e eu nunca aprendi as regras daquele jogo - e, claro,o inconfundível cheiro que emanava das folhas de carnaubeiras sendo benediciadas para virar cera de carnaúba e derivados. Hoje, a casa ainda está lá, os primos seguiram seus caminhos, seu Cláudio foi "embora" e a usina demolida. Prova maior que nada é eterno. Ma dona Leonildes continua forte, ainda protegida por Clodomir, Cleonildes semanalmente visitada pelos filhos que forame nunca partiram. Bons tempos aqueles. Remotos tempos em que brincar era a palavra de ordem da casa. Não sem descuidar dos afazeres. Túlio Monteiro.

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    3. E pensar que parece que foi ontem... que em visitas recíprocas ia para casa de meus avós na Rua Livino de Carvalho,nº 48 bairro Parangaba..de para felecidade nossa , Tulio Monteiro era vizinho... o qeu dizer das partidas de sinuca... onde o "Pretinho" bom amigo de infância do Tulio.. em uma disputa acirrada.. disparou.. :"BRÊEEE" e Túlio Monteiro errou uma bolas que já estava quase na caçapa, perdendo a peleja para mim e o Ricardo...(ele era parceiro do Kelsen Bravos, nosso bravo editor)...é amigo o tempo passa e deixa recordações imperdíveis e inapagáveis da memória.

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    4. Não foi o Pretinho. O mandingueiro era outro.

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