segunda-feira, 30 de abril de 2018

L DE LEVEZA - Túlio Monteiro*

Leveza! Nada mais terno do que a leveza de brandas palavras assopradas ao vento para acalmar corações revoltos. Palavras assim escolhidas a dedo e de forma bem pragmática. Daquelas que fazem o coração reluzir e bater mais intensamente em direção a felicidade e paz tão almejadas pelos seres humanos.

Escolhidos de forma correta os vernáculos podem alcançar a pureza das crianças e a seriedade dos adultos, tocando-lhes de forma igual as almas e corações. Não refiro-me só à brandes ou à violência de um poema ou de um conto serelepe. Falo, sim, da rigidez de como devemos catapultar nossos escritos ou as palavras que pronunciamos em busca de um comunicar um tanto mais maneiro e sereno no que toca à troca de comunicação entre as pessoas em busca da igualdade de desejos e direitos.

Pois leve é a tez da fragrância do que é dito ao ouvido da amada quando dos segredos de alcova. Algo indescritível ao sabor do que é extraído após momentos de intenso amor canal em busca do sentimento final chamado gozo. Assim como leve é o doce suor emanado de seus corpos após o amor realizado.

Sim, leitores, hoje estou mais ameno que na semana passada, quando ataquei de maneira errada a doutrina Kardecista, o que me gerou muitos comentários descontentes, tendo que engolir a palo seco palavras escritas ao sabor de minhas revoltas internas. Sim. Deixo aqui minhas sinceras desculpas aos que ofendi. Fazendo una mea culpa absolutamente necessária no que se refere às ofensas que realizei sem pensar bem.

Entretanto, não fujamos ao tema principal da palavra por mim escolhida para o abecedário que com a letra K teve seu primeiro instante de insanidade. Risos. Imaginem o que vem por aí com o Y, o X e o Z. Mas deixem isso com os cronistas, pois é deles a missão de levar-lhes diversão e arte no que se referre ao cultivar de ideias, sejam elas boas umas vezes e nem tanto em outras. Afinal ne sempre estamos disponíveis em relação às nossas inspirações ou transpirações. 

Já da insustentável leveza do ser pouco entendo, onde ao mesmo tempo a sinto como algo quase tocável e de tessitura amena como a pele de um pêssego. Coisa a ser apreciada ao sabor de um bom vinho em noite plena de luar e ao lado, claro, do ser amado. 

Sinto-me hoje uma alma muito velha, daquelas centenárias e de longa lida em relação aos percalços da vida. Fragmentada e fragmentária no que diz respeito ao unir de palavras em busca de um texto denso livre de muitos recortes o que deveras estou longe de conseguir nessa que escrevo agora. Peecebo isso e tento não ser coloquial ao mesmo tempo que sei estar sendo, remetendo-me ao nosso cronista-mor Aírton Monte quando dizia em suas crônicas diárias ser um tanto sacal escrever sem ter a inspiração por perto. Mas que assim o fazia em busca de mais uma fonte de renda ao seu erário. Sim. Tenho nele uma fonte segura de transpiração para meus escritos enquanto cronista em busca de explicações para aquilo que lhe salta aos dedos em manhãs e noites de absoluta vigília, buscando sempre a excelência de palavras mais certeiras e chocantes.

E se tem algo de que entendo é sobre ser certeiro e assertivo, uma vez que prefiro colocar no papel letras e frases um tanto cretinas a fazer o corretamente social. É certo que sou um ser revolto e cheio de defeitos meramente humanos e pouco dotados da leveza a que me referi há pouco. Mas confesso-lhes que ser assim meio jogado é da minha feita. Porque sou um escritor descabelado e cheio de ideias mirabolantes. Daqueles que perdem o amigo mas não perdem a piada.

Sinto muito se hoje não estou tão prolixo como costumo ser, mas é que meu atual estado de atenção mental não está muito favorável ao texto curto e enxuto como devem ser as crônicas bem escritas. Essas, sim, exemplo de excelência no que se refere à perfeição do escrever.

E é de forma assim um tanto desfocada que fico por aqui desejando-lhes uma ótima e LEVE semana de labuta. Findando-me, pois, certo de não ter atingido o que me pluberopus quando iniciamos o abecedário Evoé!: levar aos meus ledores o que de melhor pudesse arrancar de mim mesmo. Quem sabe na próxima. Um grande abraço e um grande aperto de mãos a todos. Valeu! 
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*Túlio Monteiro - escritor, crítico literário, ensaísta, poeta.

4 comentários:

  1. Prezado Tulio, vi em "Leveza" muito mais leveza do que quase declarou ter no texto que escreveu. Aliás, pelos que já tive o prazer de ler, está "levinho", "levinho".

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  2. Túlio Monteiro, esta tua crônica pesa feito borboleta anoréxica; mas é saudável e salutar e de uma densidade existencial típica de ti. O existencialismo - se é de se poder enquadar-te a estética - é tua mais marcante característica.

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  3. Que seja leve e contundente, que seja sarcástica e romântica, mas que não se perca pela transpiração e muito menos pela falta de inspiração. Ademais caríssimo escritor , quem não já teve seus conflitos existenciais e de fé, mas volto a afirmar seja tudo que quiseres, mas não deixes de escrever e falar com o coração, pois essa máquina motriz humana, nunca será perfeita... mas enquanto bater nos brinde com suas crônicas...

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  4. Subscrevo o comentário, Clauton Rocha.

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