segunda-feira, 19 de março de 2018

FERROVIÁRIO ATLÉTICO CLUBE - Túlio Monteiro*

EU TIVE UM SONHO! Não, não estou me referindo à famosa frase de Martin Luther King, que lutou até o dia de seu assassinato, no dia 4 de abril de 1968 (50 anos passados), contra a segregação negra nos Estados Unidos da América, por que não dizer do Mundo.

Refiro-me mesmo ao sonho que tive noite anterior com o Tubarão da rua Dona Filó, 650 – Barra do Ceará: O Ferroviário Atlético Clube, sabidamente o segundo time do coração de todos que torcem pelos grandes elencos do nosso estado, ou seja, Ceará e Fortaleza. E não me desmintam aqueles que no mais íntimo de suas almas não têm uma quedinha pelo nosso amado “Ferrim”. Estarão a blasfemar! Risos.

Pois bem! Mas vamos ao sonho, que pela segunda vez o tive em alguns anos. Já que em meu livro de contos, “Dois dedos de prosa com Graciliano Ramos” (2007), narrei o evento de uma disputa histórica entre Ferroviário e Machester United com o único de intuito de tirar uma onda com o poeta, contista, mestre em Literatura Brasileira e ferrenho defensor do “Ferrão” Chico Miranda, hoje já falecido.

Desta vez o onírico foi mais real, uma vez que, qual fênix, o Ferroviário está renascendo das próprias cinzas e dando ares de retorno imediato ao plantel dos grandes das terras de Alencar. Sim! Isso mesmo! Para os menos avisados e antenados, o Gigante da Barra vem trucidando adversários de cá e de fora qual moedor de carnes, de tão redondinha é a pelota que vem jogando.

Pois bem, acordei assustado com o resultado de minhas memórias do sonho, uma vez que simplesmente o “Ferrim” acabará com a máxima de só ser campeão cearense de nove e nove anos ou em ano terminado em nove. (A última conquista, contudo, foi em 1999, pasmem!). Em meus embalos na rede de deitar, adormeci e começou tudo: primeiro o Tubarão da Barra arrasou e ganhou o campeonato cearense de forma invicta, goleada sobre goleada. Fez o mesmo na série B do Brasileirão e subiu para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro no mesmo ano.

Daí para a classificação da Libertadores da América foi só um pulo. Agora, nem o maior dos torcedores podia imaginar que, contra um time argentino cujo nome me falha agora, o “Ferrão” se sagraria campeão da Libertadores da América, com direito a passeio em carro aberto e aeroporto lotado de todas as camisas de times que possam ser imaginadas sendo orgulhosamente vestidas por torcedores mil, numa confraternização que em nada lembra as atrocidades que vemos em torcidas organizadas planeta afora.

Sim, meu caro leitor, o Ferroviário iria disputar o campeonato mundial de clubes de 2019. O tempo passou e com os cofres cheios e uma boa administração os reforços começaram a chegar. Sendo o ano de 2018 dedicado exclusivamente à reforma da sede, contratações a peso de ouro, campeonato cearense (mais uma vez vencido por você sabe quem) e amistosos internacionais.

E dizem que em time que está ganhando não se mexe. Mas essa máxima do futebol não se aplica aos clubes que crescem de maneira avassaladora. E o time composto por uma senhora comissão técnica e jogadores do porte dos goleiros Léo e Maílson, dos zagueiros TÚLIO, Cristiano e Erandir, dos laterais Amaral e Sávio, e dos atacantes Roney, Mota, Luís Soares e Romário foi aos poucos se desfazendo em detrimento de jogadores de nomes internacionais, alguns até da seleção brasileira.

O 2019 chegou e com ele a decepção de mais uma Copa do Mundo da FIFA perdida vergonhosamente na Rússia no ano anterior. Para compensar e lavar nossas almas, estava o Ferroviário remodelado e polido ao esmero,  nos Emirados Árabes Unidos. E para quê? Para disputar – de igual para igual – o Campeonato Mundial de Clubes com ninguém menos que o Barcelona de Messi, Luizíto Soaréz e companhia. Ressalte-se que o clube adversário se reforçou com os melhores de cada time para ter chances contra o Ferrim, estava assim uma Seleção do Resto do Mundo para enfrentar o portentoso Tubarão da Barra.

O Brasil parado em frente de suas televisões, os mais abastados acenando com suas bandeiras e camisas no estádio lá nos Emirados Árabes Unidos. No Céu, Chico Miranda atracado com São Judas Tadeu, ambos lideravam a imensa torcida de lá. Por ser o Ferrim expressão da Paz, os países signatários da ONU decretaram feriado nacional. E os times entram em campo.

Lembro que até camisas do ”Ferrão” eu comprei para toda a família. Televisão ligada, olhos sem piscar, o juiz apita o início da peleja. Viv´alma nas ruas não existiam, que não nos bares a exibir a contenda. Aquela, sim, ia ser uma decisão de Copa do Mundo.

A essa altura você já deve estar curioso com o resultado do jogo e eu, creio, também nunca vou saber, pois fui arrancado do sonho por buzinas e gritos. Fiquei possesso, esbravejei comigo mesmo e com os deuses dos sonhos. Até para o anjo-da-guarda sobrou. Por que me deram um sono tão leve?! Fui à janela começar uma guerra; mas no caminho ouvi nitidamente os gritos de Ferrim! FERRIM! FERRIM!

Ao abrir a janela, vi o cortejo coral em festa. Seria o campeonato mundial? Não... não dormira tanto assim... depois soube estar o Ferrim entre os oito melhores clubes da Copa do Brasil... eis o porquê da festa. Associei um fato a outro, seria o sonho um prenúncio? Tomara que sim, sonhar, enfim, não custa nada e o recado fica dado: pode até ser que o Ferroviário não venha a chegar a tal feito, mas que o time que hoje atua pelos gramados do País está de encher os olhos, ah está. Acompanhem! Torçam! Surpreendam-se com o nosso Tubarão da Barra. Até a próxima. Risos. E façam vocês mesmos o placar final entre Ferroviário e a Seleção do Resto do Mundo.

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*Túlio Monteiro - escritor, crítico literário, publica todas as segundas aqui no Evoé! O texto "Ferroviário Atlético Clube" foi escrito no dia 18.03.2018. Leia também Literatura com Túlio Monteiro.

4 comentários:

  1. Como todo carinho que o Ferroviário merece, o time não está com essa "bola toda", pois foi surpreendido pelo emergente Floresta, do bairro Vila Manoel Sátiro, um time que salvo minha memória( ou seria vaga lembrança) foi o único time fora dos "grandes da capital" a vencer Fortaleza, Ceará e Ferroviário num único campeonato e assumir a liderança do certame. Mas indubitavelmente o Ferroviário é sim o segundo time de todos que gostam de futebol...quanto a teu sonho, revelou uma certeza absoluta, na Rússia vai ser mais uma vergonha para o País do Futebol, a pátria de chuteiras...enfim, salve o Ferroviário Atlético Clube, clube que meu saudoso pai admirava.. e quanto aos sonhos é sempre bom quanto nos permite uma boa noite de descanso.

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  2. Referir Floresta não vale, Clauton. Neste caso, o Tubarão não morreu na praia, foi bem mais longe e foi apenas ferido, ...de leve.

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  3. Perfeita, Túlio Monteiro! E eu sou é Ferrim, meu fí!
    (Vanessa Capibaribe Monte)

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  4. Eu não torço para o Ferroviário Atlético Clube. Eu SOU Ferroviário desde a mais tenra idade! SER Ferroviário é como já estar programado no seu "prontuário reencarnatório!" Simbologia de Coragem, Persistência, Convicção, Esperança em dias melhores, Amor verdadeiro que não pede nada em troca; É leveza de espírito;É vontade de acertar e o entendimento do que realmente vem a ser AMIZADE, CONFRATERNIZAR! Tenho coleções de histórias engraçadas, bonitas e emocionantes com o Ferrão! Meu Pai está na galeria dos ex-presidentes . AÍ É FERRÃO! SEMPRE!
    (Roberto Reial Linhares)

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