UMA MENSAGEM DE NATAL, POR DIANA BARBOSA GOMES BRAGA
Prometo
te amar e te respeitar. Te prometo ser fiel na alegria na tristeza, na saúde e
na doença...
Os
votos de matrimônio deveriam ser votos de vida, mais do que ritos de uma
cerimônia, essa promessa feita, em via de regra, no altar, deveria ser um
compromisso assumido ao longo da vida para com aqueles que estão conosco,
nossos familiares, com quem decidimos construir uma família, com as amizades.
Fidelidade
e lealdade são coisas diferentes. A primeira atribuída ao compromisso assumido
com alguém; a segunda para mim tem um sentido mais amplo e mais profundo,
porque além de abranger a fidelidade, também trata do caráter, da honestidade.
Se a primeira parece uma obrigação, o que não é, a segunda é o princípio de
qualquer relacionamento.
Certa
vez, ao me afastar de uma amiga e me reaproximar depois, ela me falou que
temera que eu contasse à mãe dela assuntos que havia me confidenciado. Embora
jamais isso tivesse passado pela minha cabeça, ou seja, trair sua confiança,
entendera que a palavra que damos a alguém não pode ser quebrada. Com certeza
muitas vezes passamos por situações em que nosso caráter é posto à prova, nem
sempre conseguimos, decepcionamos não apenas o outro, mas a nós mesmos, porque
carregar a culpa é uma conta cara. Ainda mais se nos lembram do ocorrido, esse
perdão que nunca vem da expectativa que o outro tem de nós, da relação. Essa
frustração mal resolvida é razão de muitos rompimentos.
A quem
você estende a mão quando precisam? Se somente aos amigos e aqueles que você
convive, ainda que seja uma atitude esperada para com os pares não exige de
você desdobramentos e nem outras reconfigurações sobre relacionamentos. Conviver
com pessoas difíceis não é simples, ainda mais quando te dão motivos pra
desistires delas quase diariamente. Dirás, talvez, rompa! Os temperamentais são
bons nisso, descartam, bloqueiam, abandonam. Corações ingratos. Não vale a pena
ser inquilino de moradas assim, não era residência fixa, moravas de aluguel e
não sabias. Eles não sabem o valor da inutilidade e perdem o significado de
estar com alguém quando o interesse é a companhia e a convivência.
Corações
generosos, ainda que falhos, põem flores na janela, arrumam a casa para o
Natal, colocam piscas-piscas em plantas, insistem no amigo secreto, no almoço
de Natal, compram presentes e mimos por haver consideração. Consegui me
libertar de presentear pessoas que nunca se deram ao trabalho de retribuir
gentilezas. Não o fazia por convenção, mas porque além de querer agradar eu não
achava uma atitude legal deixar a pessoa de fora. Hoje, não mais! Naquele jogo
de tabuleiro devo ter andado algumas casas de autoestima por mim e por quem
sou.
Prometi-me
a me dar e doar-me na medida em que recebo. Já chega de relações de pires na
mão ou de fazer o jogo de Poliana contente. Sei o quanto me esforço e ajudo,
mas escutei de uma pessoa próxima que era mesquinha porque não concordava com
determinada postura. Na verdade, não gosto de gente folgada, espaçosa e
invasiva. Ficar adulta requer mais que mudar de idade. Uma casa tem regras. E
para bem conviver as pessoas sabem como A ou B reagem a determinadas situações.
Então, evitar conflitos também é respeito. Não é nada elegante impor ao vizinho
e aos que moram em casa meu repertório musical em último volume. Não basta ser
fino com os de fora se não és com quem moras.
Não
gosta dos barulhos de louças e panelas que vêm da cozinha? Acorda cedo e vem
ajudar a pôr a mesa do café. Muito cômodo reclamar quando acordas tarde e não
ajuda. É a mesma coisa quando ficas doente em casa. Observa! É justo e coerente
seres tratado assim? Com quem você pode contar? Ao redor de uma mesa de bar e
se patrocinas o lazer, é como mel para as abelhas. A sabedoria com o passar do
tempo te mostra que amigos não são esses dos bons momentos. Os que te situam e
te mostram teus erros e te criticam na tua frente são os melhores. Às vezes podes
relutar, mas acatar aqueles que te aparam as arestas, que te podam, que te
fazem enxergar o exagero ou que estás errada sem dúvida, te aprimoram. Não é
preciso ser orgulhoso. E a teimosia também tem limites.
Então,
dos votos de vida, a quem você prometeu amar, respeitar, ser fiel na alegria na
tristeza, na saúde e na doença, tens conseguido cumprir? E com você? Com sua
vida e felicidade? Com sua saúde física, mental e emocional? Qual desses
presentes você vai ser dar? Qual deles você gostaria de encontrar na árvore de
Natal? Quem sabe a mesa recheada de filhos superadas as diferenças e as
vaidades. Quem sabe acompanhar alguém num momento difícil da vida, doença,
desemprego, “aquele tô aqui, não estás só”.
De quem esperar receber o cartão de boas festas e pra quem os vai mandar? Pra
quem vais telefonar ao invés de ficar esperando o telefone tocar? Quem vai
saber que você se importa e que ela é importante. Se a gente não se perdoa não
consegue fazê-lo com o outro. Porque reconciliar é um processo, um caminho,
amorosidade por nós mesmos, sem maiores julgamentos, porque ciclos precisam
terminar para que outros, com mais leveza, comecem.
Diana
Barbosa Gomes Braga. Belém do Pará, Brasil. Dezembro de 2018.
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