quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Morreu o Nego, vem cá meu nego! - Antônio Edísio*

Olá, Povo do Meu Bem-querer! Tenho um amigo muito querido, um excelente profissional que tive o prazer de conhecer no trabalho depois de ter sido apresentado a ele por Vessillo Monte. Falo do Mestre Antônio Edísio de quem tenho a honra de publicar aqui um necrológio escrito para um amigo seu vizinho de bairro. Foi em 30 de agosto de 2017, a publicação original que Mestre Edísio fez no FaceBook. Li e me emocionei. Salvei o texto para publicá-lo aqui no Evoé! - à revelia do autor - em boa hora, para convidá-lo a escrever crônicas aqui. Uma homenagem à beleza do meu amigo, Antônio Edísio, à importância da amizade e ao Nego - que se encantou. Evoé! Boa leitura! (Kelsen Bravos)


MORREU O NEGO, VEM CÁ, MEU NEGO! - Antônio Edísio



"Acredito no homem que pelo trabalho constrói o seu futuro" - Autor desconhecido


O Conjunto Ceará, em especial a 4a. Etapa, a UV10-Unidade de Vizinhança 10 está de luto, pois morreu uma figura lendária.

No sábado, dia 26 de agosto, morreu um morador da comunidade, o Zezeu ou Nego, apelido que era mais conhecido entre os amigos.

Este maranguapense, conterrâneo do famoso humorista Chico Anysio, era um homem simples e alegre. Mesmo na sua luta pela sobrevivência e com problemas de saúde não se queixava, tratava bem a todos e os recebia na sua humilde quitanda com um bom humor, à sua maneira, sem apelar para piadas, só rindo e chamando todos de nego, por isso o seu apelido.

A sua morte causou muita tristeza aos seus amigos e àqueles que lhe conheceram.

É muito cômodo se reverenciar uma pessoa importante, de prestígio, mas um alcoólatra do bem, pobre e que vivia no seu recôndito, um pequeno quarto, solitário, onde se localizava a sua quitanda humilde, mas acolhedora, pois ele era gentil e prestativo, por ser generoso.

Passou um período no Centro, na rua Senador Pompeu, com sua venda de coco, sucos e tapiocas, atendendo a todos com o seu estilo brincalhão e usando do seu jargão, no cumprimento de nego.

Devido a problemas de saúde e com saudade dos amigos veio para o bairro e montou o seu comércio. Alugou um quarto, onde dormia e instalou a sua citada quitanda. Agora com outras opções de venda.

Sempre quando passava por lá o seu assunto preferido era futebol, pois além de ser boleiro era torcedor autêntico do Ceará. Ia ao seu comércio e ele sempre sorrindo dizia brincadeiras ao falar de futebol que deixavam os que estavam ali alegres e revigorados no espírito.

Assim era esse personagem benquisto e que tinha um humor espontâneo. Senti muito a sua partida e esse relato é um testemunho real e fiel.
Sou daqueles que acham uma pessoa dessas merecedora de honras, contrariando àqueles que estigmatizam pessoas, de forma preconceitosa e não conhecem as suas patologias.. Essas pessoas são de bom gênio, dóceis, de alma boa, solidárias e decentes, que não plantam o mal no coração. Muitos que já passaram assim dessa vida e ficaram esquecidos no anonimato dos simples confiem na justiça divina.

Nego, presto-lhe essa homenagem póstuma e rogo a Deus para lhe perdoar, pois a mim, todos os seus amigos e a sua família nos restam a certeza de que você tenha um repouso eterno e feliz.

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*Antônio Edísio - é pedagogo, revisor, cronista cearense de Senador Pompeu. Integra o Conselho Comunitário o Conjunto Ceará.

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