sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Zê de zéfini e outros zês! - Kelsen Bravos*

Este texto encerra uma fase do Abecedário de Crônicas do Evoé! Um projeto editorial só possível pela presença indelével de Chico Araujo e Túlio Monteiro. Esses dois estavam a alimentar semanalmente este blog com a sensibilidade de seus olhares encapsulada em textos de imensidão poética complementada por suas fidelíssimas redes de leitores e leitoras, cada vez mais amplas por conta da sedução de suas crônicas rasgadas de emoção. 

Com o evoluir dos dias, senti as crônicas começarem a dar lugar a ensaios e a textos não propriamente literários no sentido poético da prosa. Daí pensei em lhes propor não um tema mas um gancho para os seus inspirados ânimos. Aproveitei e me incluí também na ideia de fazermos um Abecedário de Crônicas.

A ideia era escrever textos inspirados pela letra inicial das palavras, a começar pela letra A indo até a letra Z. Seriam 26 semanas, três autores e 78 crônicas ao todo. A jornada começou no dia 12 de fevereiro e chega a esta segunda semana de agosto de 2018, neste dia 10, com este arremedo de crônica a comprovar como era a ideia original, como ela foi cada vez mais sendo e como agora chega à plenitude de sua razão de ser, pontuada com este Zê de Zéfini - como falava o personagem Bertoldo Brecha, do inesquecível ator Mário Tupinambá, da Escolinha do Professor Raimundo, criação humorística do genial Chico Anysio: "Zéfini - tá na boca do Brasi!" - dizia o bordão do personagem.


Pois sim, mas para quem pensa termos chegado à plenitude, ao zênite de nosso projeto, asseguro: não zerou aqui. Uma Antologia do Abecedário de Crônicas do Evoé será publicada em e-Book e terá lançamentos presenciais com livros impressos também. Anuncio ainda que, em outubro, iniciamos outro projeto editorial. Será mais curto, dois meses apenas, porém mais intenso. Quem sabe, com mais autores ou autoras? Hem?! Que tal? Alguma sugestão?

Nesse meio tempo, não nos daremos sueto, nem aos fãs e nem aos zoilos, pois haverá entrevistas, crônicas sobre o cenário - eleitoral, inclusive! -, atualizações literárias, resenhas e diálogos com os leitores. No meu caso, além disso, cumprirei com severidade, se não ficar zuruó antes, o caminho traçado pela necessidade de saúde. Explico o porquê do senão: 

Por conta de uns ziriguiduns a mais nos ziguezagues de um eletrocardiograma, desconfiam de um zás-trás na zona coronária, daí por excesso de zelo de meus bem-quereres, cuja zoada no meu juízo tem me deixado zonzo, estou a fazer exames e mais exames. Tudo aconteceu devido  a uma simples visita à oftalmologista, pois meus "zóim" estão assim meio zarolhos, mas de um jeito a ponto de me levarem à oftalmologista. A doutora pediu para eu ler as letrinhas lá onde ela disse haver letrinhas. Deixe de brincadeira, doutora, ponha primeiro as letrinhas onde elas devem estar. Hum-hum. Pode levantar e vir aqui para eu lhe dizer umas coisinhas, seu Kelsen Bravos. Ih, deu zebra, pensei. 

Dali a doutora me encaminhou a um cirurgião, não sem antes adiantar os exames pré-operatórios. Glicemia, ok! Colesterol, ok. Leucograma, ok. Coagulograma, ok. Eletrocardiograma, ziriguidum.

Mais zumbidos ao meu pé do ouvido, quando argumentava em zanga: o meu coração não pode ser interpretado por uma máquina binária cujos rabiscos revelam zureta expressão. Só consegui foi aumentar o zunzunzum; era ziziado de tudo quanto é lado, até pensei ser um cara querido; mas foi ela, sim, sempre ela, me rendeu quando concluiu: "zureta é tu, pai, pois são os rabiscos do teu coração!"

Em face a tamanho argumento capitulei, foi demais ver minha teimosia a zurzir os meus amores. Zumbri-me. Não deixaria uma teimosia minha zurupar os meus quereres de mim. Para deixar tudo zen, asseverei: Amanhã mesmo vou ao zoológico!  

Deveria ter ido mesmo. Não por causa da cardiologista, uma tremenda de uma - ai Zeus, como dizer isso sem ser zaragaiado por radicais? - melhor não dizer. Pois sim,  daí a Dra. Gostosa (cardiologista) disse: "quem autoriza se você faz ou não a cirurgia sou eu." Não consegui me conter. Aí não, doutora, peraí, que a senhora ainda num casou comigo não! Falei assim quase sem querer. Ela fez foi gostar... Não sei bem dizer como ocorreu, pois diante da beleza sou acometido de certas ausências. Quando dei por mim, ela estava animada a me falar mal do marido e tal... Eu disse: Dra. Gostosa, para, pois meu coração tem um fraco por mulher bonita!

Ela riu e passou (acho que por vingança) uma zodiacal série de exames. Não tem sido fácil. Fiquei de 15h45min até às 19h para ser atendido pelo Dr. Zé, a fim de fazer a ecodopler. Em sua sala, escutava a Jovem Pan. O volume lá nas alturas. Em pleno exame me perguntou se eu era nervoso. Disse-lhe: meus amigos me chamam de Kel-Zen... Ele às gargalhadas disse: "Boa-boa-boa-boa..." quase não para de dizer boa. Tive a impressão de ouvir vozes ao redor dele dizendo: zoa, zoa, zoa, zoa, zoa... Na rádio, uma voz feminina anuncia: "Agora vamos passar aaaaa falaaar dele: Gilmaaaaar Mendes!" Rolou uma vinhetinha de circo. Daí o Dr. Zé começa a assobiar a vinheta do Gilmar... Pensei: Onde vim me meter, ó Tupã?! Zeus, me acuda!

Bom explicar que antes, a enfermeira-auxiliar me pôs deitado de lado na maca e de costas para o médico. Ele, lá da mesa onde estava, pergunta: "E aí me conte o que já aconteceu de grave com você?" ... Pedi-lhe, serenamente: defina grave, doutor. Ele alterou a voz. "Grave é grave. Eu num quero dizer o que é grave para não induzir a resposta do paciente." Ok. O senhor está com tempo de ouvir, suponho. Agora, entendi por que fiquei das 15h45min até às 19 horas para ser atendido pelo senhor...

Com certeza, amigos, foi vingança da Dra. Gostosa. E ainda me falta fazer um tal teste de esforço, logo eu, que deixei de praticar Taiji Quan, por não gostar de esportes radicais. Depois conto o zurundundum desses exames, quem sabe nesta crônica ampliada já na versão eBook, pois, por ora, o nosso querido Abecedário de Crônicas se cumpriu! "É zéfini - tá na boca do Brasi!" Evoé!

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*Kelsen Bravos - professor, escritor, cronista, compositor, poeta, editor do Evoé!


2 comentários:

  1. Nada como uma crônica imediatista para encerrar com maestria o projeto abecedário Evoé! Que fique registrado que foi divertido e espetacular participar de semelhante atividade literária. (Túlio Monteiro).

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  2. Não acabou, Túlio Monteiro, temos uma assuntos de uma metrópole inteira, né não, Chico Araujo?

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