segunda-feira, 30 de julho de 2018

Y DE A, E, I, O, U, YPSLONE - Túlio Monteiro*

Convidei a comadre Sebastiana
Pra cantar e xaxar na paraíba
Ela veio com uma dança diferente
E pulava que só uma guariba
E gritava a, e, I, o, u, ypslone
(Jackson do Pandeiro)



Olá, ledores, ledoras! Cá estamos nós em mais uma empreitada literária, desta vez em busca do Y. O famigerado Y que a tantos desagrada, sendo por muitos excomungado em detrimento de seu quase desuso no abecedário tupiniquim. Pois bem, queira Deus que desta vez os agrade novamente.

Desafiado que fui por Kelsen Bravos, que depois de me dar um WO na letra W, eis que me encontro em pouca consonância com danado do Y. Letrinha malvada que de nada ou pouco adianta para o nosso amado vernáculo. Tendo sua origem no alfabeto fenício ao chegar aos gregos ela se transformou em nosso conhecido U. Daí até chegar à Última Flor do Lácio foi meramente um pulo.

Pareço estar enchendo linguiça e bem o estou ante a pouca feitura que pode-se retirar de tão famigerada consoante. É sabido também que o acordo ortográfico de 1990 não "restaurou" o y. A doutrina é exatamente a mesma: k, w, y continuam só para usos especiais. O AO de 1990 apenas incluiu as três especiais na listagem das letras com a finalidade de deixar clara a sua posição na ordenação sequencial do conjunto do alfabeto.

Pois bem, dadas essas informações, nos remetamos, pois, à crônica de fato: o que dizermos sobre uma letra desconcertante que só acresce dificuldade ao dificílimo alfabeto brasileiro. Pergunto eu e respondem se puder e se quiser os prezados leitores: para que serve o Y em nosso alfabeto senão para aperrar a cabeça dos Pasquale Cipro Neto dessa vida insana.

Fica difícil transcorrer sobre algo tão insosso, mas como assim propôs Kelsen Bravos, vamos tentar trazer um pouco de alento aos que hora nos matem antenados com o mundo virtual que nos cerca. Fico ensimesmado ante certos despropósitos ortográficos, quando o assunto é nossa língua-pátria. Deter-me-ei, entretanto, a tecer comentários sobre a Geração Y como forma de dar mais sustância a essa crônica que, confesso, não será uma das minhas mais prolixas.

Tal geração se caracteriza por ter vivenciado muitos avanços tecnológicos, crescimento de diversos países, que acabaram tornando-se potências mundiais. As crianças da geração Y cresceram tendo o que muitos de seus pais não tiveram, como TV a cabo, videogames, computadores, vários tipos de jogos e muito mais. Por terem esse contato todo com a tecnologia, acabaram ficando conhecidos por serem pessoas folgadas, distraídas, insubordinadas e superficiais, em sua grande parte.

Os Millennials também são conhecidos por terem grande ambição, e é normal encontrar jovens dessa geração que trocam de emprego frequentemente, porque no emprego anterior não eram desafiados e não tinham oportunidade de crescer profissionalmente.

As empresas, sempre interessadas com o tipo de público que querem atingir, fazem diversas pesquisas de mercado para saberem qual o produto que a geração Y está interessada, como eles querem ser atendidos, o que eles estão procurando, pois é um público geralmente muito exigente, sempre antenados em novas tecnologias e novos produtos.

A geração Y é um público ávido por inovações, querem ter sempre a televisão mais moderna, o smartphone do momento, todos os produtos mais tecnológicos possíveis. Em contrapartida, a geração Y também ficou conhecida por ser a geração mais preocupada com o meio ambiente, uma vez que seus pais não se preocuparam tanto, eles estão muito interessados em deixar um bom lugar para seus filhos viverem.

Temos então um panorama mais ou menos destrinchado no que se refere à Geração Y, porém creio que nunca definiremos no sentido estrito ao que se refere ou significa tal escabrosa letra, que serve mais para enfeitar e menos para definir.

Segundo o significado das letras de nosso alfabeto, o Y trata de pessoas que têm intuição à flor da pele, além de simpatia, percepção e força espiritual. Muito independentes, os de Y adoram conquistar títulos, pessoas e fãs, sendo organizados como ninguém. São responsáveis e leva o maior jeito para ser chefe, pois sabem comandar um grupo como ninguém. Com tudo isso, não é de admirar que tenham um estilo todo próprio de fazer as coisas e não estejam nem aí para o que os outros pensem ou digam.

Bem amigos e amigas, juro que tentei tirar leite de pedra. E não me julguem mal se tentei encher a linguiça e suas paciências. Mas é que há assuntos que simplesmente não rendem o que deveriam. "E quanto à epígrafe desta crônica?", decerto me perguntará o editor. Bem sei que num falei dela, mas que o Jackson do Pandeiro deu um lugar e tanto ao tal Y, ah isso deu. Fico por aqui e até a próxima letra. Saudações literárias.

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*Túlio Monteiro -  Escritor, poeta, crítico literário, ensaísta, articulista do Evoé!

5 comentários:

  1. Tirar leite de pedra foi uma hipérbole, pois nosso nobre escritor nos trouxe curiosidades sobre o tal YPSILONE que nem o genial Jackson do Pandeiro ousaria. Ademais o alfabeto brasileiro é como nós cearenses, se não existisse deveria ser inventado e pesquisado até pela NASA.

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  2. Clauton mais uma vez com sua verve hiilariante me faz rir do que escrevo. Mas, conhecendo-o da forma que conheço, não podia esperar menos critério nos seus comentários. Abraços. ( Túlio Monteiro ).

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  3. Mesmo sendo pedagoga fica difícil explicar às crianças, que estão a ser alfabetizadas, o significado e a pronúncia dessas três famigeradas letrinhas que tomam lugar no nosso alfabeto. Parece mais uma forma de colonização do estrangeiro afim de enfiar-nos caneta abaixo o que é comum e próprio da sua escrita. Serve mesmo para servir ao espírito hilariante do escritor para "tirar leite de pedra" e divertir seus leitores.Fiquei aqui procurando, caso fosse escritora e me arvorasse a escrever um texto, onde e em que palavras usaria esse trio de letrinhas trapalhonas!

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    1. Risos. Só Jane Azeredo para comentar com tanta proeza essa crônica que foi difícil de escrever. Mais uma vez obrigado à nossa atriz. (Túlio Monteiro).

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  4. Prezado Túlio, também a mim o "y" trouxe muitos assombros. No entanto, vejo que se saiu do aperto muito melhor. Tiro o chapéu.

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