segunda-feira, 16 de abril de 2018

JOIAS - Túlio Monteiro*

Amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito...Milton Nascimento

Começo meus escritos de hoje com um olá cativante aos meus caros ledores. A tônica de minha crônica de hoje – prometo – será leve, solta e despretensiosa quanto aos maneirismos costumeiros aos que escrevem textos curtos. Vou abordar a temática das amizades verdadeiras, coisas raras nos dias de hoje, onde cada vez mais parecemos olhar apenas para nossos umbigos esquecendo de regar com água bem límpida as amizades iniciadas há anos, quiçá décadas.

Conto nos dedos das mãos os amigos e amigas que me restaram depois de mais de meio século de vida. Uns se perderam no tempo por força do destino, outros partiram desse plano espiritual para outra mais leve – assim espero – a exemplo de meu pai que perdi para Deus há cerca de quarenta e poucos dias. Mas alguns ainda resistem ao meu relativo mau-humor de escritor faminto por palavras às vezes rebuscadas. Temperamento que carrego desde a mais tenra idade.

Não me deterei em citar nomes nesse texto, pois julgo inapropriado estar explanando coisas de foro íntimo e consequentemente – risos – não despertar ciúmes entre os poucos que me restam. Porém, não posso me furtar ao fato de quanto é importante cultivar bons relacionamentos muitas vezes a custos altos, quando temos que nos despir das armaduras que vestimos para não sofrermos mais do que achamos que devemos, doando mãos e ouvidos àqueles que nos pedem ajuda muitas vezes simples como um abraço forte e verdadeiro.

Senão estou certo, vejamos bem, há poucos dias estou resgatando lentamente a amizade de alguém que não via nem ouvia falar vinte e cinco anos exatos. Está sendo prazeroso esse resgate, uma vez que não nos falta assunto nem lembranças verdadeiras e muitas vezes pueris. E como sei que ela será uma das primeiras a ler o que hora escrevo, vai daqui desde já um forte abraço e um grande beijo.

Destarte, há pessoas mais iluminadas que eu e possuem um vasto campo de amizades reais e irretocáveis. Esses são raridades que podem ser contadas às unidades, uma vez que – admitamos – a raça humana dos dias atuais está cada vez mais eivada de falsidades e interesses obscuros. Sim! Falsos amigos existem aos montes e infelizmente tenho que citar esse fato que assola o século 21. Cá eu mesmo já me decepcionei inúmeras vezes com “amigos” que mais tarde demonstraram-me tudo, menos a transparência da sinceridade amical. A eles, infelizmente, dediquei um certo desprezo e os coloquei na prateleira mais escura de minhas lembranças, infelizmente.

É preciso, pois, mais atenção aos que nos são caros e raros. Havemos de irrigar com preciosidade de amor maior os que ainda nos seguem com fidelidade, sempre questionando com apreciadas palavras os erros que porventura cometemos e cometeremos nesse planeta de expiações chamado Terra. Bolinha azul – que nem um certo coração – cada vez mais diminuta e prestes a novas guerras pontuais.

Despeço-me, então, certo de que vocês que me leem agora passarão a estar mais atentos às relações de amizades puras que certamente têm. Cuidem delas com carinho! Não exigindo de tais pessoas mais do que elas podem lhes doar e, em contrapartida, doem-se quando nelas notarem sofrimentos que só amigos legítimos conseguem detectar de longe. Fica, portanto, um abraço fraternal a todos os leitores e leitoras que estão apreciando semanalmente o abecedário de do blog Evoé! Até a próxima...

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*Túlio Monteiro - escritor, crítico literário, pública todas as segundas aqui no Evoé! O texto "Joia" foi escrito no dia 15.04.2018. Leia também Literatura com Túlio Monteiro.

8 comentários:

  1. Não diria "jóia" caríssimo escritor, mas diamante bruto qualquer amizade. Cabe-nos lapida-la. Umas vão se perder devido a lima, outras vão reluzir e até ofuscar as demais... sabedoria deveremos ter na "lapidação" para que não tenhamos que ser seletivos.. muito embora a falsidade não seja eliminada.

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    1. Bom começar o dia e a semana com sua crítica produtiva, nobre Clauon Rocha. Do meu ponto de vista ou do seu, amigos são sim, raridades em forma de joias. E a 77 vai sair. Risos. Túlio Monteiro.

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  2. Leveza: cumpriste o prometido ao início deste singelo texto sobre o que deve ficar ao lado eterno do peito:a gratidão, o amor, as AMIZADES!Fraterno abraço, caríssimo. Márcia M.B.

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    1. Obrigado pelas palavras de incentivo, amiga Márcia Matos. Servem de alento e incentivo. Túlio Monteiro.

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  3. Bom sao os amigos de quem nos distanciamos, cuja lembrança é bem nítida e que, quando se vêem, nem parece que o tempo andou em decadas...amizade é joia preciosa . abraços...

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  4. Meu caro T❤,


    Àquele encontro em 1982 numa escada que levava à praia, não foi à toa.

    Amigo é a família que escolhemos. Sempre tive facilidades em fazer amizades, e assim como você, conto nos dedos aqueles que genuinamente o são. Você é um deles, porque o que ficou em nossos corações librianos não se perde nem com a poeira do tempo.
    Aos dias que temos ressignificado nossa amizade, com dedicação de ambas as partes em meio a 'plecs plecs', áudios e ligações, sabemos o quanto tem sido prazeroso saber um do outro e dividir alegrias, dificuldades, sonhos, tristezas e até o silêncio.
    O amigo nos permite a ausência. É saber ser presente mesmo que não nos falamos. É dividir o cotidiano, é enviar uma canção, um 'bom dia' uma figurinha, é falar sobre a reportagem, economia, filhos, casamento, é zoar sobre o time de futebol, que pra mim é o único defeito do amigo T♥. Não resisti. risos.
    O amigo é escuta, horas de escuta. Um bom amigo nos critica não pra diminuir, pra nos fazer enxergar e melhorar. Amigo é chegar na casa sem cerimônia, sem invadir a privacidade, é abri a geladeira, se encontrar pra tomar uma cerveja, é fazer uma programação só pra ter a companhia, é a crônica... são as marcas daquilo que tem de melhor dos encontros saudáveis que a vida nos permite ter.
    Sobre os que não são amigos, não falo, se não o são perderam a oportunidade de conviver e crescer, a vida é troca. Pessoas que entram em nossas vidas e não nos valorizam quando se vão é livramento. Disso só se tira as lições.
    A ti, meu querido amigo 'urso' te dedico essa estrofe da canção

    "Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância, digam não,
    mesmo esquecendo a canção.O que importa é ouvir a voz que vem do coração. Pois, seja o que vier, venha o que vier, qualquer dia amigo eu volto a te encontrar".

    Amorosamente, porque amigos também se amam, sua D♥

    A ti,
    ♥ todo amor que houver nessa vida ♥

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  5. Sono perdido na madrugada. Um frio do cão aqui em Curitiba. Recen chegada e já doida pra voltar pro nosso sol. Ainda bem que tenho teus textos. Relendo tudo já que o sono já me abandonou. Bom ter a pretensão de fazer parte desse grupo de amigos virtuais. Um dia " a gente se conhece ". Jane Azeredo - Teatrólpga.

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  6. Li e amei essa crônica imbuída de fraternidade e saudosismo. Suely Andrade. Escritora e crítica literária.

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