sexta-feira, 2 de março de 2018

Bruno, Aline, o imorrível Avô Bernardo e Cristal

Às vezes as palavras me faltam, pois nada poderia descrever a perda do meu avô.

Essa foi nossa última foto, mas não poderia representar o suficiente quem ele era. Nesse dia, ele apareceu na formatura com sapatos de cores diferentes mas só percebeu lá. Não sei por quanto tempo rimos, eu e minha mãe, além das pessoas desconhecidas ao lado. Ele era assim: brincalhão, risonho, desastrado, cabeça dura, e eram qualidades das quais eu jamais reclamei.Por muitos anos ele foi a salvação da minha família e quem tornou possível que muitos dos meus sonhos se realizassem. Sem meu avô, eu não seria nada. Agora só me restam lembranças, felizes, sem dúvidas, e são muitas. Ele se autodenominava imorrível, mas, ora, ele realmente é, não mais fisicamente, mas nas memórias que deixou por onde passou.

Eu sei que não vou mais colocar o rosto do lado do dele e ouvir um "ela não é minha cara?", ouvi-lo assobiar (desde pequena sempre tive a meta de fazer igual, mas sem sucesso) ou ouvi-lo cantar a canção "Aline", da qual muitas vezes passei vergonha em restaurantes por cantar alto demais, mas me enchia o coração.

Cristal
Palavras jamais serão capazes de agradecer o suficiente pela vida tê-lo me dado como avô. Todos nós sentiremos falta de tê-lo, mas não tanto quanto a Cristal que tenho certeza que o amava mais do que eu. (Aline Marques Monteiro)


Hoje eu perdi mais um avô. Desta vez o último.

Minha maior inspiração pra praticamente tudo na vida, pro humor (principalmente isso), pelo carisma gigantesco dele, pelo esforço, pela força, pelo quão teimoso eu sou e pela opinião forte.

Uma luta de 9 anos contra uma doença silenciosa e perversa chegou ao fim, mas sem sofrimento, só paz e sempre alegria e sorrisos vindo dele, de quando ia visitá-lo, inclusive um dia antes de sua partida, sempre, independente da situação com aquele sorriso contagiante no rosto, mesmo que fraco.
Quando acordei hoje pela manhã e lembrei que tinha sonhado com ele conversando comigo pelo telefone, sereno como sempre, brincalhão e extremamente lúcido, me fez pensar que já era um sinal, infelizmente não consigo lembrar de absolutamente nada da conversa, mas a forma como eu acordei já parecia ser uma despedida, me provando mais uma vez o quanto o subconsciente SEMPRE tem um significado.

Meu avô foi um homem forte e extremamente saudável, que passou por diversas coisas em sua vida e mesmo assim, quase nunca o vi abalado, nem mesmo durante os últimos 9 anos, tão difíceis, não só pela doença, por mais outros diversos motivos. Uma doença que infelizmente em pleno século XXI é tratado como tabu por muitos homens, assim como por ele também foi, por puro preconceito não se evita ou trata de tal doença, por conta de um único dedo, um único toque, mas isso não é para se lamentar, é para informar para todos os homens que estejam lendo isso, cuidem-se, não deixem que as "piadas" tomem sua vida de forma prematura, pois tenho total certeza que não fosse isso, meu avô viveria tranquilamente por pelo menos mais 15 anos.


Meu avô se denominava "imorrível", dizia que nada podia matá-lo, que nada derrubava ele, talvez por isso não tenha tido o devido cuidado contra uma doença terrível e silenciosa, mas isso não vem ao caso, porque meu avô era sim imorrível, não fisicamente, mas no pensamento e na lembrança de todos que tiveram a oportunidade e o prazer de conhecer esse verdadeiro anjo.

Obrigado vô, por tudo. Vá em paz. E tomara que onde quer que o senhor esteja, não estejam tentando pegar nas suas orelhas (Bruno Marques Monteiro)

2 comentários:

  1. Perdas assim, todos os que já as tivemos, sabemos bem do que nos fazem, do quanto mexem conosco. A doença... bem, ela não deveria mais ser ignorada - ou nem percebida - por preconceito quanto ao exame que pode ajudar em diagnosticá-la.

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  2. A Vida é uma só, as existências é que são várias.

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