sábado, 10 de novembro de 2018

AS PALETAS E PINCÉIS DE FRANCISCO IVO: DAS MARÉS DE MORRO À SÃO JOÃO DEL- REY – TERRA DE TANCREDO NEVES - Túlio Monteiro


Afirmar categoricamente que todo cearense – porque não dizer todo nordestino – além de um forte é, antes de tudo, um artista nato não será jamais um exagero. No caso específico do fortalezense Francisco Ivo, essa característica se aplica sobremaneira.

Em uma dessas felizes coincidências, os Céus permitiram a Francisco Ivo trilhar o caminho da sua formação acadêmica em Geologia pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR, lado a lado ao seu dom natural: o da pintura amplamente inspirada por Raimundo Cela e Antônio Bandeira, com pinceladas vigorosas a passear pelo Impressionismo e Pós-Impressionismo. Tudo isso sem contar sua vasta navegação pelos portos seguros de José Reis de Carvalho, que aqui pelo Brasil esteve percorrendo a Estrada Real entre 1859 a 1861 a retratar as belezas ímpares desta terra que, em se plantando, de tudo dá.

Desde garoto, quando zanzava lépido pelas ruas da Gentilândia e pôde frequentar com grande sapiência as exposições do MAUC – Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará, por lá constatando e confirmando portentosas obras de artistas cearenses e estrangeiros como Cela, Bandeira, Jean Pierre-Chabloz, Chico da Silva e Sinhá D´Amora, Ivo pode-se julgar um ser abençoado.

Artista plástico com um estilo relativamente diferente, ele costuma primeiro fotografar suas paisagens para, após isso, transformá-las em pinturas que vão desde o mais cultuado Impressionismo, passando por um Realismo absoluto até chegar ao estilo Naif que o coroa e prevalece em sua obra.

Na pintura-poética de Francisco Ivo há lugar e destaque para a fauna e a flora brasileiras, bem como uma singular retratação do caju e da caatinga nordestina. Tudo isso recheado com potentes pinceladas que demarcam e embelezam um multifacetado universo de cores robustas e estéticas.

E esta estética alcançada por Ivo nas pinturas só foi possível graças à sua formação como geólogo, quando teve contato com o mundo da cristalografia, ciência que estuda as leis que regem a formação dos minerais. Onde seus quadros são a união perfeita do fascínio que o artista possui pelo estudo da terra, pelas artes e pelo Rio de Janeiro, onde mora.

Neste de 2019, é chegada a hora então dos pincéis e paletas de Francisco Ivo alçarem novos voos. Desta vez seu destino é o histórico ex-Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar, atualmente conhecido como cidade de São João del-Rei, terra de Tancredo Neves.

Durante todo o mês de maio poderão ser apreciados 32 quadros em óleo sobre tela. Todos de autoria de Francisco Ivo. A mostra ocorrerá no Museu Regional de São João del-Rei e contará com o apoio do Ibram – Instituto Brasileiro de Museus.

Saúdo, pois, as obras desse cearense que decidiu por romper fronteiras nacionais e internacionais. Levando Brasil e Mundo afora sua deliciosa e irrequieta arte pictórica. Confirmando a máxima de que sonhos podem virar realidade, sejam eles de que tamanho venham e possam ser.

Sorte a dos cearenses de ter nascido nas terras de Alencar mais um artista de mão cheia. Mais um desses contemporâneos que despontam vez por outra para embelezar nosso Planeta com cores, nuanças e tessituras indivisíveis por dois. Salve, Francisco Ivo!



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Túlio Monteiro. Escritor, crítico literário. Diretor da Galeria Antonio Bandeira – Prefeitura Municipal de Fortaleza – (2000 / 2004).

3 comentários:

  1. O texto do nosso eclético escritor me faz a pensar que nos pincéis universais, o criador dessa zorra toda, deve ter "pincelado" talentos imagináveis para o nosso torrão natal. Francisco Ivo é mais um de nossos inúmeros talentos. Aí me faz lembrar do genial Chico Anísio e do jornalista Alan Neto...o primeiro quando cunhou de forma genial a seguinte frase.."Cearense não nasce, estréia e não morre sai de cena".e o segundo que gosta de usar muito o bordão .."Cearense se não existisse precisava ser inventado".

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  2. Beleza, nobre Clauton. Bem lembrados Anysio e Alan Neto. Obrigado pelas sonceras palavras. Túlio Monteiro.

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  3. Sempre é uma dádiva ler os textos instigantes do escritor Túlio Monteirooo.. evidenciando a pesquisa, o diapasão historicista, a escrita sóbria e precisa! Foi extremamente enriquecedor re-conhecer, re-cordar o genial e nosso conterrâneo Francisco Ivo, que conquistará novos horizontes, desta feita deleitando Minas!!!!!!!!!!!!! Professora e escritora Nádya Gurgel.

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