Sem querer fazer de uma simples crônica um arrazoado etimológico sobre o vernáculo; mas sem me furtar de fazer uma breve reflexão, falarei sobre o significado do vocábulo resignação. Coloco-a, com outras palavras, no rol de lugar-comum sobre o comportamento humano, quando povoam os mais demagógicos discursos ou pronunciamentos falso moralistas.
É comum o conceito de resignação ser usado a fim de conformar alguém a uma situação adversa em que se encontra. Alegam não haver para qual outra atitude senão aceitá-la passivamente, porque, segundo justificam, sua condição existencial ínfima não lhe concede outra forma senão a submissão completa à circunstância. Daí acrescentam o conceito da virtude humildade como qualidade para suportar com resignação as adversidades, porque tudo não passa de vontade de Deus. Ora! A situação de fome, desemprego, injustiça, sede, miséria social, enfim, nunca foi vontade de Deus, não há, portanto, por que se conformar ante tamanha discrepância.
Como devemos então nos portar em meio a tribulações? Com resignação, respondo; mas com a ciência de que o sentido desse vocábulo quer dizer: ato de (sufixo -[a]ção) dar um novo ou oposto (prefixo RE-) sentido (signo) à situação. Temos, portanto, um conceito de resignação como "ação de buscar refazer o signo, (conceito oposto, diferente) para a circunstância. Resignificar, dar uma nova visão.
Vejam bem que não se trata de negar nem de aceitar passivamente uma circunstância adversa; mas de adotar com calma uma atitude interpretativa, analítica e buscar um significado para além da superficialidade da primeira visão. Isso exige pesar os prós e os contras, ponderar para entender como se chegou a tal situação e adotar postura proativa, com a convicção de que só se tem o poder de modificar a si mesmo e não o mundo externo. Isso é resignação.
Pois foi bem assim que um retirante nordestino ainda menino cumpriu a rota para o sudeste num pau de arara, atendendo a um rosário de resignação. Primeiro a da mãe que analisou a circunstância da família e concluiu ter de buscar outro lugar em vez de se conformar com a situação. Depois por si mesmo, ao se deparar com circunstâncias adversas individuais e familiar, perante as quais em vez de se conformar e aceitar o destino, avaliou e buscou mudar o contexto a partir da própria mudança individual. E o fez com tanta convicção que virou líder, porque as pessoas passaram a acreditar no que ele acreditava tamanha era a sua proatividade em busca de soluções.
Líder, cresceu tanto em importância e realizações coerentes que acabou presidente do Brasil e para a circunstância da miséria não se conformou e a resignificou, mudou para melhor a situação dos que tinham fome, proporcionou o direito de se alimentar pelo menos três vezes a cada dia, lutou por mais moradia e conseguiu, por mais emprego e conseguiu, pôs enfim o Brasil de coluna ereta a dialogar de igual para igual com qualquer país do mundo e conseguiu fazê-lo de forma exemplar.
Conseguiu também ferir os brios dos que lucram com a condição da maioria do povo conformada. Daí tudo fizeram pela volta disso. E conspiraram, golpearam e traíram a Nação Brasileira, que, pensam!, se queda conformada, passiva, a cumprir sua sina de miserável, enquanto enclausuram injustamente o mais inconformado dos brasileiros. Ele, porém, mais uma vez dá exemplo de resignação e lidera, pelo exemplo de resiliência, a re-sign-ação da circunstância de fome, desemprego, injustiça, sede, miséria social e une a Nação Brasileira para cumprir a bem-aventurança dos que têm sede e fome de Justiça, que é serem saciados. Evoé!
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*Kelsen Bravos - professor, escritor, compositor, editor do Evoé!
E eis que surge Kelsen com mais uma ferina crônica diversa. Ao mesmo tempo em que nos dá uma aula lézica abertamente nos fala da trajetória do retirante nordestino que tornou-se presidente do Brasil: Lula da Silva. Líder nato ao qual mantive apreço enquanrmto não cometeu certos erros crassos no tocante às suas admiministrações. Mas isso certamente será assunto para outros escritos de Kelsen Bravos. Túlio Monteiro.
ResponderExcluirTúlio Monteiro, não defendo um nome mas uma causa. Nesse cSo, nome e causa se confundem; mas prevalece a grandeza da causa e ela engrandece o homem. Comungo com ele a luta em favor da Nação Brasileira! (Kelsen Bravos)
ResponderExcluirEis que Kelsen sem resignação nenhuma nos presenteia com uma aula do nosso vernáculo. Entretanto em suas divagações coloca Deus na berlinda ao afirmar que o Mestre dos Mestres não quer e nunca desejou miseria alguma, sem asseverar que Deus deu aos homens livre arbitrio, idolatra um lider nato como o autentico (talvez único na sua visão ) vencedor das batalhas contra a fome e a miseria.
ResponderExcluirAlardeia um golpe... e esquece dos erros (muitos até) do seu lider nato.
Você utiliza bem o talvez, Clauton. Se ponderar melhor, talvez promova melhor interpretação dos fatos. (Kelsen Bravos)
ResponderExcluirParece que Clauton comunga com meus posicionamentos. (Túlio Monteiro).
ResponderExcluirTúlio e Clauton, vocês comungam sempre. Pense num povo beato.
ResponderExcluirAleluia irmão..e talvez eu disse talvez venhas a entender o significado da acidez dos meus comentarios..
ResponderExcluirMeu caro Clauton,
ResponderExcluirTua acidez é a dos bons vinhos.
Acidulada e doce.