Eis Márcia Matos, dessas pessoas lindas de quem a poesia emana tão natural quanto réstia de sol a expressar cores em gotas aspergidas pelas cachoeiras dos mais secretos arroios das serras. Assim seu olhar vê o derredor, e nos oferta em sinestesias. (K.B)
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As roupas ventavam na cerca de arame naquela tarde sonolenta de quintal. O tempo se perdia na preguiça de nada olhar com atenção e se arrastava de restos de sol pálido de um dia inteiro nublado. A paisagem regia a inutilidade das coisas. Nasci nesse ambiente frio do nordeste e por vezes me porto como os caramujos que se alastram devagar pelo muro gosmento de um fraco inverno. Ser natural de rua descalça de asfalto e de pedra nos traz uma neblina no olhar para as coisas insistentes de agenda. Dia que nem inspira prosa e demais lento para o brincar poético das borboletas no lago branco sobre a mesa respingada de vinho suave e tinto do almoço.
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Márcia Matos |
Só esta mariposa que pousa agarrada a esta folha, sem mais força nas asas para voo maior de aventuras...
Passam-se assim esses dias de branda chuva. A rede me embala para os tempos de inocência nesta varanda onde antes cresciam os meus sonhos em frondosos galhos... cheiro de manga rosa menina; de cana doce cortada por mão de mãe e língua roxa de azeitona madura...
Acordo pelos mosquitos que não mais me reconhecem intrigados com fragrâncias de outras terras enquanto meus pecados de mulher me despertam com o soar repetitivo que clama à prece na pequena Matriz.
Levanto devagar para não despertar os anjos noturnos... sob o olhar da lua embaçada em céu pouco estrelado e atenuada pela minha miopia da verdade.
[por Márcia Matos março/2016. Croniquetas de um ano a se iniciar pós carnaval na serra:
Sem motivos... (quase ideias para o vol III - Temas para o nada escrever)]
Grata pela gentil postagem, caríssimo. "Abril" d sorrisos minha semana. Sucesso na Bienal 2017!
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ResponderExcluirBelo texto, Márcia. Uma leveza poética admirável. Parabéns!
ResponderExcluirAh! Bem assim esta menina do campo, da cidade, originalmente da serra. Fortaleza a tem com toda sagacidade, inteligência e labor. A serra conserva o ar, a força, a energia e seus tempos pueris na lembrança. É de garra, é gente que faz!
ResponderExcluirAh! Bem assim esta menina do campo, da cidade, originalmente da serra. Fortaleza a tem com toda sagacidade, inteligência e labor. A serra conserva o ar, a força, a energia e seus tempos pueris na lembrança. É de garra, é gente que faz!
ResponderExcluirEita...que a concorrência está é acirrada por aqui. Esse olhar de soslaio e mariposas ditosas está muito bom. Seja bem-vinda, Márcia Matos, Nobre colega. E parabéns pela crônica. A você e ao Kelsen Bravos. Túlio Monteiro.
ResponderExcluirDe repente me transportei para o teu imaginário e senti o vento carregado dessa neblina gostosa , desse cheiro de mato.... linda crônica, Márcia, parabéns!
ResponderExcluirParabéns, Márcia! Fiquei encantada com a sensibilidade perceptiva do momento. Deu vontade de ler mais e mais. Tô aguardando, viu?!
ResponderExcluirGostei imensamente! Já pode considerar-se com orgulho, dentre os escritores cearenses. Excelente !
ResponderExcluirO apoiar-se num esteio
ResponderExcluirDesmoronar-se por primeiro
Reconstruindo o próprio chão.
Encher-se, demasiadamente...
Romper a força da torrente
E embalar-se à voz do coração.
Reconhecer o lume e o perfume
Nas mais indizíveis vibrações.
Sildácio Matos
Lindo, primo. Grata e abraço.
ExcluirParabéns Márcia! Bela crônica que me transportou no tempo e no espaço. Sua veia poética é notável.
ResponderExcluirBelo texto, Márcia! Gosto muito de tua terra, dá serra, dá natureza, dá presença de Deus na terra onde nascente. Kelsen, boa escolha!
ResponderExcluirRs!Gratíssima, amigos, pela generosidade das palavras:do autor do espaço e carinho de todos. Um mimo p meu ano cinquentenário e incentivo para desengavetarmos palavras e ideias desinteressadas de valores e pressa da vida relógio!bjs
ResponderExcluirPaz e bem
Maravilhoso! Tem muito potencial! Parabéns!
ResponderExcluirParabéns, Márcia. Lindo texto carregado de suavidade e fluidez.
ResponderExcluirExcelente texto, Márcia!
ResponderExcluirAmei cada olhar
E o melhor de tudo dentro de uma linguagem simples e cativante!
Parabéns, querida!
me senti na própria Serra ao ler seu texto (aqui o dia também foi de chuva). Quanta poesia cabe numa croniqueta! Fiquei nostálgica e com gostinho de quero mais. Parabéns! <3
ResponderExcluirBati na Palmácia..de frio e sol na manhã, rangido agudo no portão do lado, calçamento liso e um vento abraçados.....Bjos Marcinha. Lindo, lindo!!!
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ResponderExcluirParabéns pela crônica,Márcia Matos. Revela uma incrível sensibilidade pela natureza e pela simplicidade,suas palavras permitem que o leitor se sinta no clima aprazível e no bucolismo da cidade de Palmácia.Também sou um amante da natureza,por isso me identifiquei profundamente com seu texto. Muito sucesso!
ResponderExcluirMateus Andrade
Teu escritos foram de uma sensibilidade inigualável. Eles me reportaram àquele quintal tão bem cuidado pos tua mãe, dando provas do zelo pela nossa natureza.E tu,apesar de distante de nossa terrinha,não perdestes por ela o encantamento. PARABÉNS minhaa ex aluna Marcia Matos pela crônica tão fidedigna.
ResponderExcluirLúcia Andrade
Quantos afagos, caros amigos! Agradeço mais uma vez a singela surpresa do bravíssimo Kélsen e todas as honrosas postagens! Deu-me ânimo para mais peleja d pena em noites notívagas...bjs
ResponderExcluirAmiga, eu te digo
ExcluirQue nossos "afagos"
Já estão todos pagos
Por tua emoção,
A qual tu conosco
Divides, partilhas,
Reais maravilhas,
Que sonhas, que são!...
Uma delícia de texto. Parabéns, Márcia. Um grande abraço.
ResponderExcluirProfessora Márcia, parabéns pelo belo texto.
ResponderExcluirEscreves como os grandes escrevem.
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