terça-feira, 19 de abril de 2011

Cheia de graça e de luz.



Gláucia Lima lança dia 26 de abril, no Espaço Cultural Oboé, o livro Sonho - uma percepção da verdade. Ela me intimou a fazer a apresentação do livro. Que prazer foi escrevê-la. Ei-la:

Uma pessoa cheia de graça e de luz

Vi Gláucia pela primeira vez na cantina do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará, ela mal entrara na casa dos vinte. Parecia andar com uma luz de cena sobre si. Fiquei com sua imagem decalcada em minha memória. Se fechava os olhos, uma luz se acendia. Era ela. Não era só a beleza física que se esplendia, havia algo mais, bem mais, muito mais intenso na vida daquela menina.

Até hoje Gláucia é assim. Uma iluminada. De uma luz que se determina pelo dom da justiça. Um espírito intimorato. Mãe cujo amor emancipa. Nunca impôs os filhos a ficarem debaixo do seu olhar (mas também nunca os perde de vista), nem os abriga nas mãos feito quem prende passarinhos afoitos do voo de liberdade. Ao contrário, ensina-os a voar. Nenhum deles tem medo de altura. Todos eles cultivaram em si o intimorato espírito. Guardam uma luz tão intensa que nos decalcam a memória afetiva.

Tem a mesma luz este quarto filho de Gláucia. Filho, assim ela trata este livro. O rebento de maior identificação consigo mesma. Uma revelação de si para si mesma. Um dialogar com a própria existência. Um mergulho na própria identidade no cumprimento da, como fala Drummond, “dangerosíssima viagem de si para si mesmo”. E o faz pelo portal da dimensão onírica. Não apenas na perspectiva existencialista de Sartre, que diz que o ser humano dorme e sonha para satisfazer seus desejos e acorda para realizar os próprios sonhos, mas também numa perspectiva espiritista, holística, muito além de qualquer dimensão superticiosa da Existência, de Deus, da Força Suprema ou seja lá o que for.

Não cabe aqui buscarmos definições ou enquadramentos para a narrativa registrada. A proposta do livro é simples, quer tão somente conversar sobre registros de sonhos e experiências a eles relacionadas de forma clara e, nas palavras da própria autora, “sem rodeios, retirando e afastando o preconceito do assunto, deixando a certeza de que são coisas que ocorrem com todos.”

Acontece que as experiências e os sonhos aqui relatados são dessa pessoa tão bonita e radical, a cuja vida está associada a figura de Maria, corporificada seja pela imagem afetiva fruto da herança da cultura cristã ocidental, católica, seja pela figura santa da popularização e mistificação das casas de caridade das missionárias de Pe. Ibiapina, ambas incrustradas na cultura e na alma nordestina de Gláucia, que aos poucos vai se relacionando de forma mais direta e com essa entidade, até chegar a uma relação liberta de imposições religiosas com sua companheira de sina.

O que se passa nesse paulatino trajeto, marcado por sonhos e vivências, da mistificação ao esclarecimento cabe o leitor descobrir. Mas adianto que está associado à existência de uma mulher que bem cedo ganhou o mundo, bem cedo casou, bem cedo foi mãe, bem cedo disse não a uma vidinha de esposa omissa e obediente, assumiu sua maternidade e sua vida e vem construindo uma história de luta na política social, é professora, auditora, líder sindical, cantora e boêmia. Uma intransigente guerreira da justiça social. Uma pessoa cheia de graça e de luz.

Boa leitura!

Leia mais no Blog da Glaucia.

2 comentários:

  1. eis o trecho a que me refiro, perfeitamente semelhante "...nem os abriga nas mãos feito quem prende passarinhos afoitos do voo de liberdade. Ao contrário, ensina-os a voar."

    "Educar não é cortar asas, e sim orientar o voo!"
    ¸☆¸♫ *♪•. ¸¸♥ ¡besos, cariño!
    Ser ¡Voz! glaucialimavoz.blogspot.com.br

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  2. Me sinto muito feliz por estar entre pessoas de tão magnífica luz. Aprendo, aprendo e aprendo com elas, a cada dia, a cada palavra, a cada troca. Por elas e com elas, quem sabe um dia chegue próximo à sabedoria. Por enquanto, senti-las presentes em minha vida me tem dado o poder e a consciência de querê-las por perto, nas linhas escritas, nos pensamentos formulados e divulgados, nas canções pesquisadas e divididas. "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã..."! Hoje, vocês me fazem até me amar muito mais, porque me incentivam, mesmo sem saberem, a buscar muito mais de mim... em mim, para compreender melhor e alcançar o outro, próximo ou distante, mas semelhante.

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