Publicado originalmente em Jornal das Famílias, no ano de 1886, Astúcia de marido condensa o excelente estilo de contador de histórias do autor, Machado de Assis, que dialoga com o leitor sobre a trama narrada. "Aqui devo eu fazer notar aos leitores desta história, como ela vai seguindo suave e honestamente, e como os meus personagens se parecem com todos os personagens de romance: um velho maníaco; uma velha impertinente, e amante platônica do passado; uma moça bonita apaixonada por um primo, que eu tive o cuidado de fazer pobre para dar-lhe maior relevo, sem todavia decidir-me a fazê-lo poeta, em virtude de acontecimentos que se hão de seguir; um pretendente rico e elegante, cujo amor é aceito pelo pai, mas rejeitado pela moça; enfim, os dois amantes à borda de um abismo condenados a não verem coroados os seus legítimos desejos, e ao fundo do quadro um horizonte enegrecido de dúvidas e de receios. Depois disto, duvido que um só dos meus leitores não me acompanhe até o fim desta história, que, apesar de tão comum ao princípio, vai ter alguma coisa de original lá para o meio. Mas como convém que não vá tudo de uma assentada, eu dou algum tempo para que o leitor acenda um charuto, e entro então no segundo capítulo."
Essa novela é o que poderíamos chamar de comédia de costumes. Ambienta-se nas relações socias marcadas pelos ciúmes e desconfianças, o por dentro da ideia dos personagens leva a história para dentro do juízo do leitor. Esse aspecto associado à pouca descrição confere à narrativa um caráter universal. É o que Machado de Assis explica neste trecho:
"O leitor há de ter achado muito singular que eu não tenha marcado nesta novela os lugares em que se passam as diversas cenas de que ela se compõe. É de propósito que faço: limitei-me a dizer que a ação se passava no Rio de Janeiro. Fica à vontade do leitor marcar as ruas e até as casas."
Boa leitura: Domínio público.
muito bem resumido
ResponderExcluiramei me ajudou muito
obrigaduu