quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Livro da Semana: A Nova Califórnia


De Lima Barreto, A Nova Califórnia, conto que batiza o livro, consiste numa pungente crítica ao gênero humano. O humor mordaz de Barreto prende o leitor do princípio ao fim. O enredo, cuja trama refere a famosa Lei da Conservação da Matéria ("Na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma"), começa quando o misterioso Raimundo Flamel chega a cidade e põe à disposição de três pessoas respeitáveis de Tubiacanga uma descoberta: a riqueza fácil, mas para alcançá-la, tem-se de abdicar de valores arraigados como família, tradição, respeito aos antepassados e imagem pública, pois consiste em transformar ossadas humanas em ouro. O segredo vaza e a partir daí pessoas aparentemente respeitáveis revelam-se seres abjetos, movidos pelo sentimento sórdido da cobiça, um dos sete pecados capitais. Dirigem-se ao cemitério a fim de reunir a maior quantidade possível de ossos para produzir ouro. Moças de fina estampa, senhoras compenetradas, homens respeitáveis, funcionários públicos, comerciantes e humildes trabalhadores engalfinham-se e escarafuncham as sepulturas em busca da preciosa mercadoria. O por-debaixo-dos-panos é desvendado, cada um com sua essência desprezível, reprovável, sequer imaginada pelos demais. A trelência termina em baderna, agressão e mortes. O único a escapar do ridículo da situação é o eterno bêbado Belmiro porque ou não se dá conta ou não quer se envolver em algo tão mesquinho e rigorosamente material.

Para ler clique Domínio Público.

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