terça-feira, 11 de setembro de 2007

Evoé no 11 de setembro de 2001


Celebrações boêmias com o Vessillo já as fiz de todas as formas, cores e horários.
Todas têm sua história. A do dia 10 para o dia 11 de setembro em 2001, dia dos ataques terroristas a Nova Iorque, seria apenas mais uma; entretanto, o tal ataque a colocou em destaque em minhas lembranças.

Saímos juntos ainda à noitinha, sentamos e começamos uma libação, como sempre, repleta de leituras recentes contrastadas com antigas leituras, críticas, comentários indignados e irados do Vessillo sobre os "intelectuais" brasileiros e os "intelectuais" da nossa província. Todos comensais do poder (não importa qual seja esse poder), contumazes babões e pastichadores de obras alheias. Legítimos representantes da "Confraria do Elogio Mútuo", como diz Vessillo Monte. Eu lhes digo que esta Confraria tem vários nomes, o mais oficial deles em Fortaleza é um tal clube cujo cheiro do animal que o denomina diz muito do que ele representa.

Entre uma cerveja e outra, citações, exemplificações, dissensos, consensos... risadas e canções, Noel, Ismael, Chico, Vinícius, Edu Lobo, João do Vale, Vandré, Paulo César Pinheiro... Poemas, o Vessillo declama todos, "canta" as músicas... chora e ri. Falamos da vida, da nossa vida, lembramos dos amigos, rimos dos amigos e rimos de nós...

Já quase de manhã, a inevitável pergunta... vamos tomar mais uma? Quem vai trabalhar? A que horas? Dando de ombros, citei Pessoa: "Ai que prazer não cumprir um dever"! Nenhuma reunião importante, deixemos amanhecer, né?

Ao alvorecer cantamos: "Raiou, resplandeceu, iluminou; na barra do tempo o canto do galo ecoou, a flor se abriu, a gota de orvalho brilhou, quando a manhã surgiu nos braços de Nosso Senhor, a PAZ amanheceu sobre o país, e o povo até pensou que já era feliz; mas foi porque pra todo mundo pareceu que o menino Deus nasceu..." (a bênção, Paulo César Pinheiro!).

Que ironia, meu Deus, Vessillo Monte e eu saudamos a manhã de 11 de Setembro de 2001 cantando à Paz.

Por volta das oito nos despedimos confirmando que chegaríamos ao trabalho, no máximo, ao meio-dia, pois às 13h iniciava nosso horário de trabalho e o Lira Neto, à época, nosso chairman numa editora... talvez não ficasse muito feliz pelo motivo de nossa ausência, menos pelo fato em si, mais pelo fato de ter perdido a libação.

Pois bem, lá pelas doze, treze horas, chego ao trabalho. Vou primeiro à cantina. Vazia. De lá vou direto para editora sem passar pela entrada principal. Na sala em que trabalhava, também não havia ninguém, na da produção, os micros estavam desabitados, nem estranhei. Liguei meu computador, para conferir as notícias, li a informação: "Clique e veja as cenas do ataque terrorista a NY".

Quanta bobagem, pensei, esse povo está cada vez menos criativo nos argumentos para filmes... embora os efeitos especiais sejam fantásticos! Mas quanta violência!

Levantei e fui falar com o Lira. Ao chegar no saguão da sala de espera do chairman, vi todo mundo lá, olhos vidrados na tevê. "Foi o Talibã, cara, com certeza!" Uma voz, efusiva, exclamava.

"Talibã?! Que papo é esse, gente!? O que é que vocês tão fazendo aqui!!! Que que tá passando aí?..." todos olharam surpresos pra mim. A voz do chairman lá de dentro da sala perguntou: "Em que planeta você estava, Kelsen Bravos?!"

Ao tomar noção de tudo, fiquei estarrecido. Incontinente, lembrei-me do Vessillo... o poeta devia com certeza estar nos braços da Paz, a quem cantamos ao amanhecer.

Daí a pouco chega o poeta: olhamo-nos reticentes e depois, para o espanto de todos, braços abertos, saudamo-nos: EVOÉ!!!

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Ceará fora do ranking da violência?!

Para definir quais seriam os estados beneficiados pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), o Ministério da Justiça se baseou no levantamento dos indicadores de violência contra a pessoa, feito em 2005, que considera as seguintes categorias de crimes:

1. Crimes letais não violentos contra pessoa, ou seja, atentado violento ao pudor, estupro, tentativa de homicídio e tortura. Categoria em que o Ceará ficou em 27º lugar.
2. Crimes violentos letais intencionais, ou seja, homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte e latrocínio. Em que o Ceará aparece na 15ª posição.

Primeiro, devemos refletir: por que não se baseou nos atuais indicadores de violência? Por que não considerar a corrupção uma violência, se ela é a geradora de toda espécie de crimes?

Assaltos cinematográficos a bancos, rota do tráfico internacional de drogas, paraíso da prostituição e da exploração sexual infantil, sonegação fiscal, tudo isso fruto do crime organizado gerador e mantenedor da corrupção em vários estratos sociais, e em instâncias da gestão e da iniciativa privada. Como o Ceará pode ter ficado de fora do Pronasci? Como pode o Ceará ficar de fora da lista dos mais violentos do país? Será que teremos de chegar aos índices de criminalidade sudestinos? Que parâmetro é esse?

O ideal seria instituir o índice zero como parâmetro ideal de violência, com uma tolerância de um número bem baixo, acima do qual seria considerado o que de fato é: calamidade pública.