quarta-feira, 7 de junho de 2017

Esse texto tá muito longo... vou esperar o filme - Chico Araujo

Wassily Kandinsky - pintor russo

Em tempos de redes sociais tantas e tantas – difundindo, em muitas ocasiões, superficialidades humanas em larga escala - e do presentíssimo aplicativo WattsApp no dia a dia das pessoas, apesar de muito mais permissivo que o limitador Twitter (a cento e quarenta caracteres), ler algum texto escrito mais extenso e, em alguns casos, com certa profundidade temática tornou-se algo irritantemente pouco verossímil até em boa parte da sociedade letrada.

Quem gosta de expressar-se por meio da escrita, fazendo mesmo dela seu mecanismo de análise, de proposição de questões, de busca de compreensão de sua existência na sociedade de que faz parte tem sofrido, de certa maneira, com a velocidade a mais proposta para a passagem do tempo – que ele não se permite concessão para quem deseje ficar um pouco mais entretido em sua incursão leitora.

Bom dia. Boa tarde. Boa noite. Carinhas enviando beijos em formato de coração por meio de “emojis”; “emojis” cujos olhos expressam formato de coração; “emojis” com carinhas alegres, tristes, chorando, rindo... Coração pulsando. Mãos batendo palmas. Feição que chora de rir. Mão que indica sinal de positivo. Cabeça que se revela em cor azul, demonstrando uma famigerada dor de cabeça. Exemplos de três expressões corriqueiras e de alguns ícones de nossa comunicação em dias atuais. Creio ser válido dizer que quase todos nós somos usuários deles.

Tempo de comunicação rápida; a velocidade de tudo para tudo e para todos. Quem não usa, está alienado, não faz parte.

Faço parte! 


Mas me questiono muito e mesmo muito questiono alguns: ficar tanto tempo nas redes não é alienante? Me arrisco: muitas vezes... sim. Porque pluralmente nesse contexto do “muitas vezes”, navegamos entre as ondas de uma e outra, de outra e mais outra e em algumas somos informados pela... desinformação! Nestas, um intenso jogo de linguagens babelísticas nos confundem e nos levam, por propósito, a lugar algum – um lugar algum que se metamorfoseia em lugar nenhum. 
Nestas, aquilo que transparece vertical, profundo, nada mais é que indução a braçadas pelo superficial. Sem olhar atento, curioso, desconfiado, as braçadas são realmente dadas e esse nadar pela superfície deixa-nos sempre nesse nadar pela superfície. A indução bem construída envolve-nos e nos chega com a pretensão de nos formar. Abdução do que importa, do que interessa.

E o que interessa? É bom que tanto você quanto eu saibamos, leitor; esse texto já se organiza como muito longo [será?] e, no caso dele, creio que não haverá filme. 
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Chico Araujo publica toda quarta-feira no Evoé! Este texto foi escrito em 29/05/2017. Leia mais texto de Chico Araujo no blog Vida, Minha Vida.

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