quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Pelas ruas: SEMÁFORO

Seguíamos madrugada adentro pela vazia avenida. Quando, por hábito, paro ao vermelho do semáforo, Luana e Lidiane se surpreendem sem susto com uma menina pedinte à janela do carro. Misto de revolta e resignação, as meninas e o poeta Vessillo Monte cumprem gesto da mais possível e imediata solidariedade. Depois o poeta começa a cantar baixinho para nós enquanto silentes retomávamos o rumo do asfalto à procura de um oásis de humanidade em nossa deserta urbe. 
Uma menina igual a mil
Que não está nem aí
Tivesse a vida pra escolher
E era talvez ser distraída
O que ela mais queria ser
Ah, se eu pudesse não cantar
Esta absurda melodia
Pra uma menina distraída
Uma menina igual a mil
Do Morro do Tuiuti
Uma menina igual a mil
Que não está nem aí
Tivesse a vida pra escolher
E era talvez ser distraída
O que ela mais queria ser
Ah, se eu pudesse não cantar
Esta absurda melodia
Pra uma criança assim caída
Uma menina do Brasil
Que não está nem aí
Uma menina igual a mil
Do Morro do Tuiuti (Chico Buarque)

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