segunda-feira, 31 de março de 2014

Serginho Redes: craque muito além dos limites do campo

O craque Serginho Redes, entre o Secretário de Esporte, Gilvan Paiva, e eu.  

Em novembro de 2013, às vésperas das comemorações dos 40 anos da inauguração do Estádio Castelão, em visita ao Secretário de Esportes do Estado do Ceará, Gilvan Paiva, encontrei o craque Sérgio Redes, que esperava uma equipe de televisão para gravar reportagem sobre o jogo inaugural, no qual defendeu o mais querido Ceará Sporting Club. O momento está registrado na foto acima.

O que mais me chamou a atenção em Serginho Amizade, naquele dia, foi a solidão em um momento tão especial e festivo. Ele, quase em sussurro, como se pensasse em voz alta, lamentava: "de todos que participaram daquele jogo só quase eu sobrevivi". Lembrou o Erandir Pereira, autor do primeiro gol, Pedro Basílio, Lulinha, que acabara de se ir, depois de uma luta contra o câncer, e foi desfiando um novelo de ausências e entristecendo o semblante. "Quase todos se foram pela mesma doença, só eu sobrevivi. Tenho a desconfiança de ter sido salvo pelo meu pavor a injeção. Naquele tempo, não havia o cuidado de agora. As agulhas e nem as seringas eram descartáveis. Quase sempre era poupado dos exames de sangue."

Sua fala era entrecortada por silêncios, enquanto ele mirava o estádio, recém-inaugurado depois da reforma para o Mundial de 2014, talvez buscando na nova arquitetura alguma referência, uma sombra, sequer, de quarenta anos atrás.

E como foi o jogo, Serginho? Perguntei na esperança de ajudá-lo com uma boa lembrança. Falou que quase não entrava no jogo. Machucado, fez um esforço tremendo para estar no banco. E teve de reivindicar o momento de entrar. Esperou até os 15 minutos finais do segundo tempo e entrou. Sabia da importância histórica daquele jogo. E estava certíssimo. Não fora sua insistência, quem contaria detalhes da inauguração pelo ponto de vista de quem estava pulsando emoção em campo?

Um craque não se faz só com embaixadinhas e jogadas de efeito, tem de ter ciência do seu papel protagonista no esporte mais popular do mundo. Cada jogo uma crônica, uma página a mais de uma saga épica composta de vitórias e derrotas; mas sempre adensada pela dignidade e consciência de estar inscrito na e escrevendo a memória do futebol brasileiro: o melhor do mundo. 

2 comentários:

  1. Serginho Redes, o querido Serginho Amizade, como foi lembrado por Kelsen, jogou pelo meu querido Ceará. Sem dúvida um grande jogador - vi-o jogando na companhia de meu saudoso pai Mário Pereira de Araújo - jogou pelo Ferroviário, na posição de goleiro, e somente não se profissionalizou no futebol porque em sua época o atleta recebia pouco para viver somente do esporte, e ele já tinha sua família para cuidar - e meu irmão José Mário. Serginho jogava muito! Depois que deixou o campo, foi para o jornalismo esportivo. Pelo que sei, excelente pessoa, tal qual excelente jogador.

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  2. Passando para deixar um abraço e desejos de uma semana criativa e poética!

    Pedra do Sertão

    www.pedradosertao.blogspot.com.br

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