quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Novela: ELEIÇÕES NA MITOMANOLÂNDIA 2

... continua a novela das Eleições na Mitomanolândia...

... E eis que o candidato que se coloca ao povo para chamá-lo de seu, chega a passos largos impulsionado pelos estímulos isentos de um antigo político aposentado. Aposentado, digamos, como político com representação ganha em escrutínio legítimo, mas intensamente atuante no por debaixo dos panos, meio, aliás, em que sobeja poder ostentando seus tentáculos milionários cheios de ventosas sanguessugas do suor alheio.

- Meu povo! - brada adentrando o botequim do seu Zé (porque político que se preza visita qualquer espelunca atrás de voto, quanto mais a do seu Zé, famosa pela paçoca e os deliciosos queijos).

- Seja bem-vindo, candidato! Vai uma cachacinha? Tem um queijo especial para tira-gosto.

- Prefiro um café! - disse já mordiscando um pedaço de queijo.

- Perfeito! - disse o Zé.

- Perfeito, não, prefeito! Que vou ser um prefeito de grandes articulações e transparência. Obrigarei o governo do estado e a presidência a me apoiarem, porque sempre terei o apoio da maioria do povo que manda, segundo me prometeu o melhor político de todos os tempos nessa Mitomanolândia. O homem que modernizou todo o estado. Certo que colocou tudo funcionando, segundo seus interesses, mas vá lá, ele fez, num fez?

- Feeeez! - respondeu um freguês. Mas ele não dá ponto sem nó. Dizem que quem janta com ele já tá jantado, quem almoça já tá almoçado. Quem ferra com ele tá ferrado!

- É mesmo, e o povo que num é besta, já se deu conta. - disse um grande livreiro habitué do lugar. O candidato, se jantou com ele, tá ferrado.

- É. A partir de agora, tudo que disser, o povo só vai escutar isso do senhor: "Ei, tô ferredo! Por exemplo, diga aí uma coisa importante que vai fazer:

- Vou fazer o Hospitalzão 2, meu povo! - disse convicto o candidato.

- Que é que vocês escutaram, pessoal? - perguntou o livreiro. E em coro o boteco respondeu:

- Ei, tô ferrado! Ei, tô ferrado! Ei, tô ferrado!

- Mas, meu povo, eu sou o candidato pra chamar de seu! - retrucou.

- Sim, já tá todo mundo sabendo e chamando o senhor de seu, sim... mas é de seu abestado!!!

O candidato pegou seu chapéu de gato de botas e saiu pisando rua afora! E, ouvindo o eco do coro, coincidentemente esbarrou no longilíneo e experiente político arauto do novo modelo de gestão, o libelo da democracia direta...

Aguarde o próximo capítulo. 

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