terça-feira, 31 de agosto de 2010

Tempo, tempo, tempo


TEMPO, TEMPO, TEMPO... 


Tempo de chegar o tempo
de se espreguiçar e sonhar
com um desabrochar em flor
tempo de despertar o amor
tempo de ser
tempo de ler
tempo de ter feliz merecer.


Tempo de brincar sem nem descansar
bola-de-meia, pega-pega, esconde-esconde,
skate, videogame, arraia, handebol,
box, x-box, bicicleta, capoeira, futebol. 


Tempo de chove chuva sem parar
de beijos de juá no chuá das cachoeiras
tempo de quentura no frio
tempo de banhos de rio
tempo de açudes e lagoas
tempo de pescar nas camboas.


Tempo de maresia e céu de anil
tempo de surfar
tempo de se bronzear
e de viajar o Brasil.


Tempo de ser tudo, tempo sortudo.
Tempo de se espreguiçar e sonhar
com um desabrochar em flor
tempo de despertar o amor
tempo de ser
tempo de ler
tempo de ter feliz merecer.


Tempo de ser neto, filho e amigo-irmão
tempo de adolescer, tempo-senão
tempo de ficar, de paquerar
tempo de namorar
tempo de endurecer, sem a ternura perder,
tempo de maioridade, de faculdade
tempo de amadurecer.


tempo de casar/e descasar/ e casar
tempo de ser amante
tempo apaixonante
tempo de ser pai,
de sim e de não,
tempo de se ter tempo ao tempo
tempo de se dar tempo ao tempo.


Tempo, tempo, tempo
do já-não-era-sem-tempo
de o sol-posto inspirar
o desejo de além-mar
e singrar o sal dos horizontes. 


Tempo de honrar o destino aedo
de, mesmo no dilúvio, da arca exilado
fazer do inexorável afã aliado
e com fortes braçadas desafiar o degredo
sem nem saber de aportar
nadar pela inelutável desdita
a cantar o amor, e chegar
por tamanho apego à bendita vida maldita.

Antinoé, brindar o boêmio evoé!

Tempo de chegar o tempo
de se espreguiçar e sonhar
com um desabrochar em flor
tempo de despertar o amor
tempo de ser
tempo de ler
tempo de ter feliz merecer.

Kelsen Bravos 17/fevereiro/2010 

15 comentários:

  1. Meu caro Kelsen Bravos, realmente é tempo de ter tempo para ter tempo de ter tempo de ouvir!

    Dalvan Sousa, Brejo Santo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Meu caro amigo Dalvan Sousa, guerreiro da boa luta em favor da democratização da leitura, da próxima vez que nos encontrarmos, vou declamar Os Lusíadas do começo ao fim, quem sabe assim o amigo encontre tempo de ter tempo para ter tempo de ter tempo de ouvir.

      O tempo a gente inventa a qualquer tempo, sobretudo o de ter feliz merecer!

      Bom sabê-lo por cá, amigo. Vamos nos encontrar em breve (isso não é uma ameaça - rsrsrs)

      Excluir
  2. Respostas
    1. Então da próxima vez que a gente se encontrar, Isabel Nogueira, você vai ter de cantar aquela música da Alcione...

      Excluir
  3. tempo, um deus a parte, que parte e volta como fosse acaso, sendo o mesmo predestinado...
    belo poema e muito me remeteu a João Cabral e seus simples, mas imensos severinos...
    abs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
    2. De fato Aluísio Martins, João Cabral de Melo Neto me norteia, mas sou um pequenino grão de areia, ele uma constelação

      Excluir
  4. Que inveja desse tempo... mas não somos nós que fazemos o tempo? Beijocas

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O tempo a gente é que faz sim, Cleudene. E estamos sim, nós dois, há algum tempo, juntos inscrevendo no nosso tempo uma bela história que talvez nem tenhamos dimensão da importância dela para nós e para as pessoas com quem compartilhamos essa construção cidadã, que é semear a leitura; mas não importa, pois o importante é viver de forma superlativa, intensa esse prazer de socializar conhecimentos e emoções!

      É muito bom sabê-la bem aqui ao lado, querida amiga!

      Excluir
  5. Bravo, Kelsen.

    Lindo poema. Clio e Cronos. Todo o tempo da felicidade para você!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Todo tempo da felicidade para nós, amigo Evaldo Lima, e de uma felicidade coletiva daquelas que promovem a autodeterminação dos povos e igualdade de direitos e oportunidades para todos.

      Excluir
  6. Que graça vê-lo e ouvi-lo, meu querido amigo. Alegro-me porque pra vc o tempo é semore de fazer feliz os que o rodeiam.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Amigo, Lourival Veras, semear felicidade faz um bem sem fim; eu apenas compartilho do muito que recebo de pessoas como você, meu irmão.

      Esse video com o poema fi-lo com a produção e registro do meu querido amigo Régis Freitas, a fim de que fosse exibido (o video) num encontro de Clubes de Leitura lá em Sobral. Seria o único encontro, entre 2008 e 2011, da Formação de Mediadores de Leitura para Clubes de Leitura, do Programa Alfabetização na Idade Certa em que não estaria presente em carne e osso. Daí fiz o texto e, com o Régis, este registro.

      Eu não pude ir ao encontro em Sobral, porque a data do encontro coincidiu com a da Pré-Conferência Nacional da Literatura, Livro e Leitura, em Brasília, o ano era 2010, e eu vivi e contribuí com esse momento histórico para a cidadania, a democracia e a Cultura brasileira.

      Excluir
  7. Respostas
    1. Obrigado, Lac, mas gostaria que comentasse sobre o poema e não sobre minha modesta figura.

      Brincadeiras à parte, bom saber que gostou, viu?

      Excluir