segunda-feira, 11 de maio de 2009

Carta aberta a Ruy Vasconcellos

Meu caro amigo Ruy,

Bem ponderada tua intervenção sobre replicar em Fortaleza a "Virada Cultural" de São Paulo.

Faz falta a proatividade cultural de uma "Padaria Espiritual". O Ceará tem relação estreita com a literatura. Precisa acreditar mais nisso. Carlos Emílio Correia Lima, um tremendo agitador cultural, com foco na literatura, depois da revista O Saco, do movimento Siriará, e de um "exílio" no Rio de Janeiro, volta na segunda metade dos anos de 1990 e replica uma ação literária que fazia no meio sudestino: as rodas de poesia. Com elas, sobre o palco sob a passarela, Espaço Rogaciano Leite Filho, num período de uns três anos (incluindo o da virada do milênio, um século depois da Padaria Espiritual), mobilizou todos os sábados, em saraus de duas horas, poetas, poetisas e um público bastante considerável. Uma quantidade surpreendente de pessoas interessadas em poesia, muitas delas se dizendo até escritoras, a maioria, sabemos nós, fogo de palha, mas o movimento saldou com o surgimento de uma geração promissora de literatos. Uma pena ter acabado essa programação gratuita no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Pena maior a quase total dispersão depois disso.

(O Ceará é berço de bons poetas, Antônio Sales, Cruz Filho, Arthur Eduardo Benevides, Francélio Figueredo... E não podemos esquecer e nem deixar esquecer nosso poeta maior, um poeta da língua portuguesa, um poeta universal: José Albano.)

Quanto a prosa, notadamente o conto, um outro benquerer cearense (lembremos de Raimundo Magalhães, Raimundo Magalhães Jr., Gustavo Barroso, Alberto Santiago Galeno, Moreira Campos, Tércia Montenegro, Pedro Salgueiro...), imagino um dia, um lugar e um movimento para esplendê-la: o 1º de Abril, a praça do Ferreira, exatamente sob o Cajueiro da Mentira, e sessões de leitura ou contação de histórias. Com os devidos trato de mídia e organização do evento, esse dia poderá vir a ser algo bem maior para nós do que uma “Virada Cultural” à paulista.

Um abraço deste teu reverente amigo,

Kelsen Bravos


Leia mais:

Sobre O Saco e o Grupo Siriará

2 comentários:

  1. Exatamente. Inovação e virada à la molho cearense já! Influência é necessária, plagiar não! Cativar um público com ações em diversas frentes mediante o estímulo a leitura, novos literatas e etc, será algo primoroso e renderá mais se potencializados por canais de comunicação em massa!

    Parabéns pelo texto Kelsen!

    ResponderExcluir
  2. Olá, Leandro,

    Obrigado pelo comentário.

    O Ceará, e Fortaleza em especial, tem muito a protagonizar na área de cultura.

    Vamos dialogar sobre as possibilidades.

    Um abraço,

    KB.

    ResponderExcluir